Archive for Fevereiro, 2018|Monthly archive page

“Tudo o que sei, e nada sei, é para partilhar”

Recordamos hoje, José Rodrigues dos Santos, ou Maestro Azóia, como era era mais conhecido pela população de Setúbal, no dia em que passa mais um aniversário sobre o seu nascimento

 

 

Maestro AzóiaJOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS conhecido por Maestro Azóia, Músico, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Anunciada (Setúbal), nasveu a 28-02-1916 e faleceu a 26-02-2006. Embora natural de Setúbal, foram buscar-lhe a alcunha à terra, perto de Sesimbra, onde o avô paterno era moleiro.A meninice passou-a na Fonte Nova e na Capriche Setubalense. No primeiro caso, porque morava com os pais naquela zona, no segundo, porque era ali que a mãe, costureira, trabalhava para sustentar a prole numerosa, que o marido o marido lhe deixou nos braços. Naquela época, os bailes na Capricho eram abrilhantados ao piano por uma Espanhola. Foi esta mulher que ao verificar o entusiasmo do puto, lhe deu as primeiras aulas daquele instrumento.

As lições foram de tal modo aprendidas que um dia em que ela, doente, faltou, foi ele que abrilhantou o baile. Tinha então 13 anos. A par das aulas de piano, frequentou o Liceu, que deixou aos 14 anos de idade, para ajudar o sustemto da casa.

Com apenas 12 anos de idade tocou pela primeira vez nos bailes da “Velhinha”, quando o jovem azóia substituiu a Professora de Música, que tinha adoecido.

A actividade artìstica não a confinou à Capricho. Estendeu-a a outras colectividades. Este facto não lhe arrefeceu o amor pela musica. Aos 16 anos, já compunha escrevia textos de revistas e era Actor

Após o regresso de uma viagem aos Estados Unidos da América e ao Brasil, Maestro Azóia, reencontra Laureano Rocha, com quem promove vários saraus culturais na Cidade de Setúbal e restabelece uma dupla de trabalho que se manteria até 2004, data do falecimento do amigo de infância. Entre os anos de 1988 e 2000 criou as marchas para a maioria das colectividades.

O Maestro foi distinguido com as Medalhas de Mérito Distrital, em 1991, de Honra da Cidade, na Classe Cultura, em 1992.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Setúbal (Rua José Rodrigues dos Santos).

Fonte: “Câmara Municipal de Setúbal”

“Tudo o que sei, e nada sei, é para partilhar”

 

Recordamos hoje Joana Luísa da Gama, que para muita gente será uma ilustre desconhecida, Joana Luísa da Gama, foi casada com o Poeta Sebastião da Gama, depois da morte do Poeta desenvolveu todos os esforços para   preservar e divulgar a Poesia do marido.

 

Joana Luísa da GamaJOANA LUÍSA Rodrigues DA GAMA, Divulgadora Cultural, natural de Azeitão (Setúbal), nasceu a 28-02-1923 e faleceu a 15-04-2014. Joana Luísa, que viria a ser a amiga, a companheira e a mulher de Sebastião da Gama. Joana Luísa da Gama foi a nossa associada nº 1 desde que a Associação Cultural Sebastião da Gama foi criada em 2006. O seu contributo para a expansão da Associação e sobretudo para a concretização dos seus objectivos foi inesquecível, tendo estado sempre disponível para participar na divulgação da obra do poeta azeitonense e para dar a conhecer a sua obra e a sua mensagem. Connosco colaborou em acções sem conta; connosco visitou escolas, associações, exposições ligadas a Sebastião da Gama.

Se a grandeza e a dimensão da obra do poeta da Arrábida são hoje conhecidas, em parte isso é devido a Joana Luísa da Gama, na sua postura de conservadora do espólio e de incentivadora do estudo da obra do poeta. Não fosse a sua acção e, provavelmente, não saberíamos de Sebastião da Gama aquilo que hoje conhecemos!…

Infelizmente, o seu estado de saúde passou a ser preocupante de há cerca de dois anos a esta parte, na sequência de um avc. Progressivamente, o estado de saúde complicou-se e, na noite de terça-feira, Joana Luísa da Gama partia ao encontro do seu poeta.

Dela nos ficou a força para se prosseguir na divulgação da obra do poeta. Dela nos ficou o entusiasmo perante a beleza da Arrábida e perante a estética dos versos que Sebastião produziu no seu trajecto de vida e da serra. Dela nos ficou o ensinamento de que a poesia é forte relação de compromisso que faz ressaltar a beleza do mundo.

No ano passado, a Associação Cultural Sebastião da Gama promoveu a edição da obra “Estala de saudade o coração”, reunindo as crónicas e as memórias de Joana Luísa sobre Azeitão e sobre Sebastião da Gama, um conjunto memorialístico digno de apreço pelo que revela ao leitor comum.

Fonte: “ACSG – Associação Cultural Sebastião da Gama”

“Tudo o que sei, e nada sei, é para partilhar”

 

VARELA GOMES, um lutador contra o Estado Novo, o primeiro Militar a lutar contra a “guerra colonial”, deixou-nos ontem, dia 26 de Fevereiro, aqui fica a homenagem a um homem corajoso.

 

 

Varela GomesJoão Maria Paulo VARELA GOMES, Militar e Político, natural de Lisboa, nasceu a 24-05-1924 e faleceu a 26-02-2018. Varela Gomes, durante a guerra colonial, foi o primeiro a pegar em armas contra a ditadura de Salazar, e foi, no 25 de Novembro de 1975, o último a depor as armas quando chegava ao fim a “Revolução dos Cravos”.

Na madrugada de 1 de Janeiro de 1962, o então Capitão Varela Gomes dirigiu com Manuel Serra a operação de tomada do Quartel do Regimento de Infantaria 3, em Beja.

Coronel de Artilharia, com o Curso Geral do Estado-Maior, que se distinguiu na luta contra o regime autoritário de Salazar e Marcelo Caetano. Filho de um Oficial General da Marinha, segue a carreira das Armas, Curso de Artilharia da Escola do Exército, sendo promovido a Alferes aos 23 anos e destacado para Goa (1948-1950).

Aos 28 anos era Capitão, aos 32 tinha o Curso Geral do Estado-Maior e em 1938 reúne condições para ser promovido a Major. Contudo, nesse ano, estando em Tomar, integrará, como muitos outros Capitães, o MMI (Movimento Militar Independente), estrutura militar de apoio à candidatura do General Humberto Delgado e, em vez da esperada promoção, será desterrado para os Açores (Dezembro de 1958), ficando neste posto até ao 25 de Abril de 1974.

No ano seguinte, participa, com militares próximos do PCP ,em reuniões preparatórias da «revolta da Sé» (malograda a 12-03-1959). Em 1961, foi candidato a Deputado pelas listas da Oposição Democrática, facto inédito para um Oficial do Quadro Permanente, participando activamente na campanha eleitoral.

A denúncia da guerra em Angola, então começada, faz já parte importante dos seus discursos. Nesse mesmo ano, o General Humberto Delgado e os seus apoiantes no interior apoiam o assalto a uma unidade militar do Sul, a partir da qual se desencadearia o movimento insurreccional geral.

O Quartel de Beja (RI3) foi o objectivo escolhido por Manuel Serra (mandatado por Humberto Delgado) e seu estado-maior, todo civil. Fernando Piteira Santos pôs o Chefe das forças civis em contacto com Varela Gomes, Chefe Militar. Os Oficiais presentes na unidade não ofereceram qualquer resistência. Contudo, o Comandante, Major Calapez Martins, supostamente a dormir, resistiu e fez fogo sobre Varela Gomes, quando este se preparava para o intimar a aderir ao movimento ou a render-se, ferindo-o gravemente e comprometendo irremediavelmente a acção. «Varela Gomes esteve entre a vida e a morte durante uma semana, tendo sido submetido a três operações (no hospital de Beja) antes de ser transferido para Lisboa para ser interrogado». Após trinta meses de isolamento foi julgado em Julho de 1964 em Tribunal Plenário, sendo condenado a seis anos de prisão e expulso do Exército. Saiu do Forte de Peniche em 1968 com quatro anos de residência fixa. Em 1973, colabora activamente na campanha da CDE para as eleições de Outubro, apesar das limitações a que estava sujeito.

Depois do 25 de Abril de 1974, foi promovido a Coronel e desempenhou cargos de responsabilidade, designadamente na Comissão de Extinção da PIDE/LP e na 5ª Divisão do Estado Maior General das Forças Armadas, até que, depois do 25 de Novembro de 1975, foi de novo expulso do Exército e teve que se exilar em Angola e em Moçambique até Setembro de 1979, ano que foi amnistiado e pôde regressar a Portugal, sendo depois reintegrado no Exércio. Reformou-se em 1984. Em Janeiro de 1988, assinou, com sua Mulher, um protesto entregue na Assembleia da República intitulado «Pensões Vitalícias para Fascistas, Colonialistas e Arrependidos Políticos». Na revista Versus, de cujo conselho de redacção faz parte, publicou diversos trabalhos e é autor de algumas obras, como Tempo de Resistência (Lisboa, 1980), colectânea de cartas que dirigiu à sua família enquanto esteve preso, e Sobre os Golpes Contra-Revolucionários do 11 de Março e do 25 de Novembro de 1975 (Lisboa, 1980), Guerra de Espanha – Achegas ao Redor da Participação Portuguesa (Lisboa, 1987).

Fonte: “Candidatos da Oposição à Assembleia~Nacional do Estado Novo (1945-1973). Um Dicionário”, (de Mário Matos e Lemos, Luís Reis Torgal, Coordenador, Colecção Parlamento, Edição da Assembleia da República, 1ª Edição, Lisboa, Outubro de 2009, Pág. 178 e 179).

Fonte: “Dicionário de História de Portugal”, (O 25 de Abril, Volume 4, Coordenação de António Reis, Maria Inácia Rezola e Paula Borges Santos, Editado por Figueirinhas, 1ª Edução de 2016, Pág. 243 e 244)

Fonte: “Jornal Expresso”

“Tudo o que sei, e nada sei, é para partilhar”

 

Recordamos hoje, Baptista Bastos, um dos últimos grandes Jornalistas, se fosse vivo, faria hoje 84 anos de idade.

 

Baptista BastosArmando BAPTISTA BASTOS, Jornalista e Escritor, natural de Lisboa, nasceu a 27-02-1934 e faleceu a 09-05-2017. Estudou na Escola de Artes Decorativas de António Arroio e no Liceu Francês. Foi profissional de jornalismo no Diário Popular. Estreou-se nas letras com o ensaio O Filme e o Realismo, 1962.

Iniciou a sua carreira profissional, aos dezanove anos de idade, em O Século, após ter realizado os Estudos Secundários na Escola de Artes Decorativas António Arroio e no Liceu Francês.

Em 1953, Subchefe de Redacção de O Século Ilustrado, assinou uma coluna de crítica, «Comentário de Cinema», iniciando, assim, um estilo jornalístico inovador, polémico e polemizante.

Baptista Bastos pertenceu, também, aos quadros redactoriais de República, O Diário, Europeu, Almanaque, Seara Nova, Gazeta Musical e de Todas as Artes, Época e Sábado. Desempenhou funções de Redactor da Agence France Press, em Lisboa.

Trabalhou no vespertino Diário Popular durante 23 anos, tendo assinado reportagens, entrevistas e crónicas, com um estilo inconfundível. Colaborou, como Cronista, em diversos periódicos, nomeadamente Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre e, como crítico, no Jornal de Letras, Artes e Ideias, Expresso, Jornal do Fundão e Correio do Minho.

Fundou o semanário O Ponto, periódico que registou uma série de entrevistas semanais. Aos microfones da Antena Um e da Rádio Comercial leu algumas das suas crónicas. Foi colunista do Público e do Diário Económico.

«Conversas Secretas» era o título de um programa seu, iniciado em 1996, no canal da SIC. Nessas “Conversas Secretas”, fazia a todos os convidados a pergunta “onde é que estavas no 25 de Abril?”, o que seria mais tarde glosado por Herman José no programa “Herman Enciclopédia”.

Publicou em 1963 o seu primeiro romance, a que deu o título O Secreto Adeus, deu a lume, além disso, os livros de ficção O Passo da Serpente, (1965); Cão Velho Entre Flores, (1974); Elegia Para Um Caixão Vazio, (1984); A Colina de Cristal, (1987, Prémio Pen Clube e Prémio Cidade de Lisboa); Um Homem Parado no Inverno, (1991); O Cavalo a Tinta-da-China, (1995); No Interior da Tua Ausência, (2002); As Bicicletas em Setembro, (2007), e as colectâneas de crónicas As Palavras dos Outros, (1969); Capitão de Médio Curso, (1978); O Homem em Ponto, (1984); Lisboa Contada pelos Dedos, (2001); A Cara da Gente, (2008).

Ao longo da carreira, o autor conquistou vários prémios, designadamente, o Prémio Literário Município de Lisboa, em 1987, pelo romance “A Colina de Cristal”, que lhe valeu também o Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção, no ano seguinte.

Em 2002, recebeu o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, pela obra “No Interior da Tua Ausência”. Em 2003, venceu o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro “Lisboa Contada pelos Dedos”.

Em 2006, recebeu os prémios de Crónica da Sociedade da Língua Portuguesa, João Carreira Bom, e do Clube Literário do Porto.

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. VI, Organizado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Publicações Europa América, Coordenação de Ilídio Rocha, Pág. 250, 251 e 252).

Fonte: “Dicionário do 25 de Abril”; (Verde Fauna, Rubra Flor, de John Andrade, Editora Nova Arrancada, Sociedade Editora, S.A.. 1ª Edição, Setembro de 2002, Pág. 39).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 73 e 74).

Fonte: “Jornal Expresso”

“Tudo o que sei, e nada sei, é para partilhar”

Recordamos hoje Manuel Valadares, um dos Pioneiros Portugueses na área da Física Atómica e Nuclear e, tal como muitos outros, demitido por Salazar e proibido de ensinar em Portugal.

 

 

Manuel ValadaresMANUEL José Nogueira VALADARES, Professor e Investigador, nasceu em Lisboa, a 26-02-1904, e faleceu em Paris (França), a 29-12-1982. Em 1926 Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universisade de Lisboa, onde ficou a ensinar até 1947. Estagiou em Paris, onde se Doutorou (1933), Pavia e Roma. Realizou em Portugal notável obra de pioneiros em trabalhos experimentais de investigação nos domínios da espectrometria dos raios X e da física nuclear.

Aperfeiçoou as suas capacidades de Investigador no Laboratório Curie, em Paris, onde esteve de 1930 a 1933, tendo obtido o Doutoramento em 1933 sob supervisão de Marie Curie (1867-1934). Tendo regressado a Portugal, orientou as suas investigações para os domínios da Física Nuclear e da Espectrometria dos Raios X. Em 1940 foi para Itália, onde desenvolveu pesquisas no Istituto di Volta, e no Laboratório di Física dell’Istituto di Sanita Pubblica.

Regressado a Portugal, Manuel Valadares orientou as suas investigações para os domínios da Física Nuclear e da Espectrometria dos Raios X. No biénio de 1940–1941 esteve em Itália, onde desenvolveu pesquisas no Istituto di Volta, e no Laboratório di Física dell’Istituto di Sanita Pubblica e, na volta, desempenhou um papel importante no início da investigação atómica e nuclear no Laboratório de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, bem como regeu a cadeira de Física F. Q. N. (Física, Química e Naturais) destinada a estudantes de medicina.

Em Junho de 1947 foi demitido pelo governo de Salazar, em simultâneo com alguns outros destacados Professores e Investigadores. Em Novembro de 1947 foi para Paris, a convite de Irene Joliot-Curie (1897-1956), onde ocupou diversos cargos académicos com sucesso assinalável.

Tendo iniciado a sua actividade como Chargé de Recherches (C. N. R. S.), passou depois a Maître de Recherches em 1948, e ocupou a posição de Directeur de Recherches a partir de 1957. Foi “Directeur du Centre de Spéctrométrie Nucléaire et de Spéctrométrie de Masse”, em Orsay, até 1968, altura em que se demitiu.

Desde que deixou Portugal, em 1947, publicou meia centena de trabalhos de investigação científica. Obras principais: “Contribution à la Spéctrographie por Difraction Cristalline du Ray-onnements y”, em 1933, “Trasnmutation des Éléments par des Particules Accélerées Artificiellement”, em 1935, “Análise por Espectrografia de Raios X, deTransmutações Naturais ou Provocadas”, de 1939, e “Elementos de Física Atómica”, de 1947.

Manuel Valadares foi um dos pioneiros portugueses na área da Física Atómica e Nuclear. No período em que trabalhou no Laboratório Curie desenvolveu trabalhos no domínio da radioactividade, tendo elaborado a tese de Doutoramento intitulada Contribution à la spectrographie par diffraction cristalline du rayonnement gamma. Nesta época frequentou o Instituto Mainini, que desenvolvia investigação sobre obras de arte do Museu do Louvre.

Após o seu Doutoramento e regresso a Portugal, passou a dedicar-se à Física Nuclear e à Espectrometria dos Raios X, procurando desenvolver esta área de investigação no Centro de Estudos de Física da Universidade de Lisboa. Entretanto, fundou no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, um Laboratório para Investigação de Obras de Arte, tendo publicado alguns trabalhos sobre este domínio.

Foi um dos fundadores do Núcleo de Matemática, Física e Química constituído em 1936 por um grupo de investigadores portugueses. Contribuiu para a fundação da revista Gazeta de Física, destinada a físicos e estudantes portugueses, tendo aí publicado vários artigos. Foi co-fundador da revista Portugaliae Physica, juntamente com Cyrillo Soares (1883-1950), Aurélio Marques da Silva (1905-1965) e Telles Antunes (1905-1965). Pretendia-se, através desta revista, divulgar os trabalhos de investigação feitos em Portugal, e obter colaborações estrangeiras.

Uma vez em França, após ter sido expulso da Universidade de Lisboa, colaborou na orientação de teses de doutoramento de vários investigadores, em espectrometria de Raios X e em Física Nuclear. Destacam-se os seus trabalhos com Rosenblum, sobre espectrometria nuclear, que mereceram o prémio La Caze, da Académie des Sciences de Paris. As posições de destaque que desempenhou no C. N. R. S. e o cargo de director do Centre de Spéctrométrie Nucléaire et de Spéctrométrie de Masse revelam a importância que era atribuída ao seu trabalho.

Em 1930 obteve o Prémio Artur Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa pelo seu trabalho «Análise, por espectrografia de Raios X, de transmutações naturais e provocadas»; em 1978, foi eleito membro honorário da Sociedade Portuguesa de Física, e no ano seguinte, foi condecorado com Grau de Oficial da Ordem de Santiago da Espada; e, em 1981, foi-lhe atribuído o Grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Charneca de Caparica); Amadora; Lisboa (Freguesia do Lumiar, Edital de 01-02-1991, ex-Rua A da Urbanização da Quinta da Amoreira à Azinhaga da Cidade); Loures (Freguesia de Santo António dos Cavaleiros).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 517).

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa – Toponímia”

Fonte: “Instituto Camões”

“Tudo que sei, e nada sei, é para divulgar”

 

Lembramos hoje, Maria Machado, Professora e activista política, “hóspede forçada da PIDE” que, por causa disso viveu quase como uma indigente, no dia em que passa mais um aniversário sobre o seu nascimento.

 

 

Maria MachadoMARIA dos Santos MACHADO, Professora, Educadora e Política, nasceu na Vila da Calheta (São Jorge, Açores), a 25-02-1890, e faleceu na Amadora, a 04-10-1958. Filha de Bartolomeu Silveira Lucas e de Maria dos Santos Teixeira. Maria Machado foi Professora Primária Oficial na Ilha de São Jorge, Açores, onde abriu uma Biblioteca dirigida tanto a alunos como a adultos, de forma a estimular o contacto com a literatura.

Uma notável figura feminina da Resistência antifascista. Professora e activista política, uma mulher verdadeiramente progressista na sua prática profissional e cívica, militou na clandestinidade, foi afastada do ensino e presa. Militante do Partido Comunista foi presa várias vezes, a última das quais no próprio ano em que faleceu.

Inconformada com o ambiente limitado do Arquipélago, Professora, cedo se transferiu para o Continente, sendo colocada em Lisboa, na Escola primária nº 97. Militou no Socorro Vermelho Internacional, tendo sido uma das fundadoras da Comissão Feminina Portuguesa para a Paz, em 1936. Assinalada pela polícia política sofreu as habituais perseguições da PVDE/PIDE e foi expulsa do ensino e impedida de ensinar (mesmo gratuitamente, aos mais necessitados).

Já no Continente, continuou a orientar as suas aulas, segundo o “Método Activo”, dirigiu uma escola destinada aos filhos dos ferroviários, que foi encerrada pelas autoridades do Estado Novo, fundou uma Biblioteca em Algés e leccionou português na sede da Liga dos Esperantistas Ocidentais.

Foi dirigente da Escola Primária nº 97 quando, em 1 de Agosto de 1936, foi detida pela primeira vez. Afastada do ensino público, por motivos políticos, tornou-se governanta e continuou a ensinar gratuitamente adultos.

Maria Machado foi uma das fundadoras da Associação Feminina Portuguesa para a Paz (1936) e foi uma importante activista do Partido Comunista Português nas décadas de trinta e quarenta, tendo, inclusivamente, desempenhado tarefas em Paris (1937-1938).

Em finais de Dezembro de 1937/ princípios de Janeiro de 1938, partiu para França. Em Paris, integra a Federação Portuguesa dos Emigrados neste país, uma organização frentista criada pelo PCP. Exerceu funções de relevo junto da Internacional Comunista e colabora também com membros do Partido Comunista Espanhol e do Partido Comunista Francês. Regressou a Portugal em 1942, passou à clandestinidade e tornou-se numa das primeiras mulheres a viver nesta condição. Trabalhou nas tipografias clandestinas do PCP até 7 de Novembro de 1945, dia em que é presa no lugar de Barqueiro, freguesia de Maçãs de D. Maria, Concelho de Alvaiázere. Restituída à liberdade a 31 de Agosto de 1947, voltou a Caxias a 20 de Dezembro de 1953 e, pela última vez, a 14 de Abril de 1954.

Por razões de saúde teve de deixar a clandestinidade, mas continuou sempre activa no apoio, a todos os níveis, aos presos políticos e suas famílias. Maria dos Santos Machado foi também uma das fundadoras da Liga Portuguesa para a Paz. Foi presa por quatro vezes, entre 1936 e 1956, ficando na Cadeia das Mónicas e em Caxias.

Já sexagenária é proibida de ensinar. Para sobreviver trabalhou como governanta numa casa particular, bordou tapetes de Arraiolos e deu explicações. De forma gratuita e clandestina, continuou a alfabetizar adultos.

Morreu, subitamente, aos 66 anos, a 4 de Outubro de 1958, em plena rua da Amadora, quando procurava alojamento, após ter sido despejada, por pressão policial, do quarto em que vivia.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada; Amadora, Barreiro (Freguesia de Santo António da Charneca), Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana), Loures (Freguesia de São João da Talha).

Fonte: “silenciosememorias.blogspot.pt” (por João Esteves)

Fonte: “Antifascistas da Resistência”

Recordamos hoje Teófilo Braga, Escritor, Político e Professor, no dia em passa mais um aniversário do seu nascimento.

 

 

Estrela 0219Joaquim TEÓFILO Fernandes BRAGA, Escritor, Político e Professor, nasceu em Ponta Delgada, a 24-02-1843, e faleceu em Lisboa, a 26-01-1924. Filho de um Professor Liceal e de uma senhora da melhor aristocracia açoriana, a sua infância e adolescência foram marcadas por vicissitudes que lhe moldaram o carácter. Órfão de mãe aos 3 anos de idade, Teófilo encontrou na madrasta uma hostilidade constante, que lhe tornava penoso o ambiente familiar.

Obrigado a depender de si mesmo e debatendo-se com prementes necessidades económicas, empregou-se como Tipógrafo numa oficina local, onde ele próprio compôs o seu primeiro livro de versos, apropriadamente intitulado Folhas Verdes (1860), que havia publicado aos 15 anos em periódicos da terra. O seu carácter tenaz e combativo forma-se nesta fase da sua vida, que exigia horizontes culturais mais amplos.

Estudou Direito em Coimbra a partir de 1861, juntando-se a alguns dos principais elementos da Geração de 70, grupo de intelectuais que, insurgindo-se contra o Ultra-Romantismo e o estado da nação, se envolveu na Questão Coimbrã.

Organizou as comemorações do Centenário de Luís de Camões em 1880, aplicação do projecto positivista de substituir o culto a Deus e aos santos pelo culto aos «grandes homens».

Eleito várias vezes para o directório do Partido Republicano Português, redigiu mesmo o seu programa (1891). Foi também frequentemente candidato a Deputado. O único lugar público que alcançou, porém, foi o de Vereador da Câmara Municipal de Lisboa (1887). Nas vésperas do 05 de Outubro, era Presidente do Directório do Partido Republicano Português.

Como político, Teófilo Braga foi um dos subscritores das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense (1871) e, assumiu os cargos de Vereador da Câmara Municipal de Lisboa (de 1886 a 1890) e, de membro do Diretório do Partido Republicano Português (desde 1890), do qual era Presidente aquando da implantação da República, pelo que apesar de eleito Deputado por Lisboa nas eleições de 28 de Agosto de 1910 foi o nomeado para presidir ao primeiro Governo Provisório saído da revolução de 5 de Outubro de 1910, sendo no seu governo que foram escolhidos a Bandeira Nacional (29 de Novembro de 1910) e A Portuguesa como Hino Nacional. Após a aprovação da Constituição foi deputado e, a 29 de Maio de 1915, passou a ser Presidente da República, até 4 de Agosto do mesmo ano.

Foi Regente da cadeira de Literaturas Modernas no curso Superior de Letras, em Lisboa. Militante do Partido Republicano e presidente do governo provisório, logo a seguir á proclamação da República, em 1910, foi Presidente da República, embora por pouco tempo e provisoriamente, em 1915.

A sua formação marca-se por um positivismo e anticlaricalismo que determinaram os seus trabalhos teóricos de análise da cultura portuguesa. Ficou conhecido sobretudo pelos seus estudos literários. Procurou, à luz dos seus princípios teóricos e filosóficos, analisar e interpretar, nas suas múltiplas facetas, a história da literatura e da cultura portuguesas. As suas obras são dominadas por fórmulas pretensamente científicas, precipitando-se em conclusões baseadas em dados biográficos que ele pretende exactos. No entanto, a sua obra é, ainda hoje, tida como fértil e sugestiva no campo dos estudos literários.

É também importante o seu contributo para a análise da poesia popular e das tradições portuguesas. No panfleto intitulado “Teocracias Literárias” (1861), incluído na Questão Coimbrã, ridiculariza António Feliciano de Castilho. Encontram-se, na sua obra, “As Teocracias Literárias, Relance Sobre o Estado Actual da Literatura Portuguesa” (1865), “História da Poesia Popular Portuguesa” (1867), “Cancioneiro Popular” (1867), “Romanceiro Geral” (1867), “História da Poesia Moderna em Portugal” (1869), “História da Literatura Portuguesa” (1870-1918), “História do Teatro Português” (1870-1871), “Teoria da História da Literautura Portuguesa” (1872), “Manual da História da Literatura Portuguesa” (1875), “Traços Gerais da Filosofia Positivista” (1877), “Bocage Sua Vida e Época” (1877), “Parnaso Português Moderno” (1877), “História do Romantismo em Portugal” (1880), “Contos Tradicionais do Povo Português” (1883), “Sistemas de Sociologia” (1884), “O Povo Português Nos Seus Costumes, Crenças e Tradições” (1885), “Camões e o Sentimento Nacional” (1891), “História da Universidade de Coimbra” (1892-1902) e “As Modernas Ideias da Literatura Portuguesa” (1892). A nível poético escreveu “Folhas Verdes” (1859), “Visão dos Tempos” (1864), “Tempestades Sonoras” (1864), “Torrentes” (1869) e “Miragens Seculares” (1884) e no campo da ficção, “Os Contos Fantásticos” (1865).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Alandroal, Albufeira, Alenquer, Almada (Freguesias de Almada e Charneca de Caparica), Almeirim (Freguesia de Benfica do Ribatejo), Alpiarça, Amadora, Beja, Benavente (Freguesia de Samora Correia), Braga, Bragança, Cascais (Freguesias da Parede e São Domingos de Rana), Coimbra, Fafe (Freguesia de Regadas), Faro, Figueiró dos Vinhos, Góis, Gondomar (Freguesia de Rio Tinto), Guimarães (Freguesia de São João Baptista Airão), Lagoa, Lisboa (ex-Freguesia da Lapa, actual Freguesia da Estrela, Edital de 25-02-1926, antes, chamada Travessa de Santa Gertrudes), Loures (Freguesias de Loures, Portela e São João da Talha), Maia, Melgaço, Mértola, Mira, Mirandela, Moimenta da Beira, Moita (Freguesias de Alhos Vedros, Moita e Sarilhos Pequenos), Montemor-o-Novo (Freguesias de Montemor-o-Novo e Santiago do Escoural), Montijo, Nazaré, Odivelas (Freguesias de Famões, Odivelas e Ramada), Oeiras (Freguesias de Barcarena, Oeiras e Porto Salvo), Olhão (Freguesias da Fuzeta e Olhão), Ourém (Freguesias de Caxarias e Ourém), Ovar, Penela (Freguesia de Espinhal), Pinhel, Ponta Delgada, Portel, Portimão, Sabugal, Salvaterra de Magos (Freguesia de Muge), Santa Maria da Feira (Freguesia de Arrifana), Santarém, Santiago do Cacém (Freguesia do Cercal), São Brás de Alportel, Seixal (Freguesia de Aldeia de Paio Pires), Sesimbra (Freguesias de Sesimbra e Quinta do Conde), Setúbal, Sines, Sintra (Freguesia de Casal de Cambra), Torres Vedras, Trofa (Freguesias de São Mamede do Coronado e Trofa), Valongo (Freguesias de Campo, Ermesinde e Valongo), Vendas Novas, Viana do Alentejo, Vidigueira (Freguesia de Pedrógão), Vila Franca de Xira (Freguesias de Alhandra e Alverca do Ribatejo), Vila Franca do Campo, Vila Nova de Famalicão (Freguesia de Calendário), Vila Real de Santo António.

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. II, Publicações Europa América, Organizado pelo Instituto Português do Livro e da Leitura, Coordenado por Eugénio Lisboa, 1990, Pág. 253, 254, 255, 256 e 257)

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910”, (Vol I, de A-C), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento” (Pág. 434).

Fonte: “Parlamentares e Ministros da 1ª República” (1910-1926); (Coordenação de A. H. Oliveira Marques, Colecção Parlamento; Edições Afrontamento, Pág. 124 e 125)

Fonte: “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX” (Direcção de Salwa Castelo-Branco, 1º Volume, A-C, Temas e Debates, Círculo de Leitores, 1ª Edição, Janeiro de 2010, Pág. 156 e 157)

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág.  100).

Deixou-nos ontem (22-02-2018), o Padre Luso-Holandês, Dâmaso Lambers, que veio para Portugal contrariado e acabou por se naturalizar português.

 

Dâmaso LambersHermano Nicolau Maria Lambers, conhecido por DÂMASO LAMBERS, Padre, nasceu na Holanda, a 09-06-1930, e faleceu no Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa, a 22-02-2018. Numa Holanda ainda a viver a Primavera depois da Primeira Guerra Mundial. Nada fazia prever as nuvens negras que em breve viriam estragar os bons tempos, semeando morte e destruição. Nada fazia prever que um dia seria conhecido como Dâmaso e que passaria grande parte da vida atrás das grades, pregando numa língua estranha, num país desconhecido.

O Padre Dâmaso Lambers, Sacerdote luso-holandês que dedicou a sua vida à pastoral nas prisões em Portugal, como Capelão, e voz histórica da Rádio Renascença.

Tinha 10 anos quando os nazis invadiram o seu país. O resto da infância e princípio da adolescência foram-lhe roubados pelos soldados alemães, os mesmos que apareciam de vez em quando na Igreja onde os Lambers iam à missa. Na Igreja estavam lado-a-lado com o inimigo, eram irmãos na fé, mas depois não havia misturas.

Ainda decorria a guerra quando manifestou interesse em ser Padre, mas os Seminários tinham sido bombardeados depois de ocupados pelos alemães. Foi orientado por alguns Padres da Congregação a que mais tarde se juntou, os Sacerdotes da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, tendo sido ordenado em 1955, aos 25 anos. Adotou o nome Dâmaso e foi assim que passou a ser conhecido o resto da vida.

Ordenado Sacerdote em 1955, sonhava trabalhar nas longínquas Ilhas Cook (Polinésia), mas acabou por ser enviado para Portugal, aonde chegou no início de 1957. e foi com desagrado que em 1957 recebeu ordens para rumar a Portugal, onde o Cardeal Cerejeira pedia mais Padres holandeses para as missões populares. Mas obedeceu, como toda a vida faria com os seus superiores, incluindo com o Cardeal Cerejeira, a pedido de quem até se naturalizou português em 1962, uma decisão que foi mal recebida pelo seu pai, que o encarou e início como uma renúncia à sua identidade holandesa.

Esteve algum tempo na Paróquia da Penha de França, como Coadjutor. Entre 1959 e 1960, aquando da visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, pregou missões populares pela cidade de Lisboa. A partir de 1959, intensificou o seu ministério de visita aos reclusos. Em 1960, com o Padre João Gonçalves, lançou os Cursilhos de Cristandade, em Portugal. Em 1966, o Cardeal-Patriarca nomeou-o Capelão Prisional do Linhó. Em 1982, foi nomeado coordenador nacional da assistência religiosa nas cadeias portuguesas. Em 1987, fundou a Associação «O Companheiro», de ajuda à inserção social das pessoas reclusas e ex-reclusas. Colabora com a Rádio Renascença desde 1976, e ainda hoje mantém no ar dois programas diários: Caminhos da Vida, na Renascença, e Boa Noite, na Rádio SIM

Este País para onde veio contrariado acabaria por o conquistar. Conheceu e tornou-se amigo de Monsenhor Lopes da Cruz, fundador da Renascença, e a sua colaboração com a Emissora Católica durou o resto da sua vida.

Mas a sua grande vocação ainda estava para se revelar. Em 1959 deu uma conferência na Prisão Feminina de Tires e correu tão bem que o convidaram para dar mais, noutras prisões. Acabou por perceber que para poder ajudar os reclusos teria de se identificar totalmente com eles, oferecer-se totalmente a eles. “Para se meter no mundo dos presos é preciso renunciar a nós mesmos”. Primeiro como Visitador, depois como Capelão, ficou conhecido como o Padre das Prisões.

Ajudou incontáveis homens e mulheres, amava-os a todos plenamente. Não lhe chegava levar-lhes Cristo à prisão, ajudá-los com bens ou até com o dinheiro que tinha com ele – pois como recordou mais tarde um ex-recluso, havia muitos que se aproveitavam da sua bondade – e por isso fundou “O Companheiro” com a ajuda de alguns amigos, em 1987. A organização ainda existe e dedica-se a ajudar ex-reclusos a reintegrar-se na sociedade. Até ao fim da vida acontecia irem ter com ele na rua homens de quem já não se lembrava, a querer agradecer-lhe tudo o que tinha feito por eles.

O seu trabalho de capelania levou-o a Roma, foi recebido em audiência por João Paulo II, com quem falou alguns minutos. O que ouviu tocou-o profundamente, nunca o esqueceu, mas também garantiu que nunca o partilharia com ninguém.

Em 2010, foi condecorado pelo Presidente da República, com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito.

Fonte: “Rádio Renascença”

Fonte: “Agência Ecclesia”

Recordamos hoje a grande Actriz Rosa Damasceno, no dia em passa mais um aniversário sobre o seu nascimento.

 

Rosa DamascenoROSA Angélica DAMASCENO Rosado, Actriz, nasceu na Freguesia de São Pedro da Cova (Gondomar), a 23-02-1849, e faleceu na Freguesia do Gradil (Mafra), a 05-10-1904. Seu pai era militar; e quando faleceu, veio Rosa com sua mãe para o Alentejo, e entrou corno Actriz numa Companhia Ambulante, dirigida por um antigo Actor e Empresário, chamado Lopes. Percorreu com a Companhia diversos Teatros da Província, agradando sempre muito, até que Marcolino Pinto Ribeiro, antigo Actor do Teatro de D. Maria II, vendo-a representar, tão entusiasmado ficou que lhe aconselhou e à mãe, viessem para Lisboa porque a novel Actriz tinha bastante mérito para fazer uma carreira artística distinta Marcolino apresentou-a então ao Comissário Régio, o Dr. Luís da Costa Pereira, que a admitiu, e lhe deu um pequeno papel, escriturando-a ás noites, como se usava muitas vezes nessas época.

Não obstante dificuldades levantadas, o Comissário, como ela ia recomendada, admitiu-a, dando-lhe um pepal insignificante. Apesar dessa insignificância do papel, teve tal êxito, que o Empresário Francisco Palha, que assistia ao espectáculo, lhe propôs um vantajoso contrato para actuar no Teatro da Trindade, que então abria as suas portas (30-11-1867), com a estreia de duas peças A Mãe dos Pobres e O Xerez da Viscondessa.

A carreira triunfal de Rosa Damasceno estava iniciada. Outros êxitos se sucederam, na interpretação das peças: Família Benoiton; Conspiração na Aldeia; Sr. Procópio Baeta; As Pupilas do Sr. Reitor; Boa Desforra; Última Moda; Casamento Singular; As Amazonas de Tormes; Outros; Copas; Espadas e Paus; O Avarento; O Baile da Condessa; O Barba-Azul e A Gata Borralheira. Mais tarde, com a adjudicação do Teatro D. Maria II, à empresa Biester, Brasão e Cª, à qual Rosa Damasceno pertencia, deu-se um incidente, na récita de abertura, com a peça Corte da Aldeia.

A artista foi assobiada, por lhe ser atribuída responsabilidade na preterição do Actor José Carlos dos Santos, no concurso de adjudicação. O público habituou-se, depois, à nova empresa teatral, e aplaudiu-a na interpretação das peças: Amigo Fritz; A Mantilha de Renda; João Thommeray; Madtugada; O Tio Milhões; Os Velhos; O Alfageme de Santarém; O Marquês de Villemer; Sociedade Onde a Gente Se Aborrece; Os Fidalgos da Casa Mourisca; O Duque de Viseu; Varina; Cigana; Arlesiana; Abade Constantino; D. Afonso VI; Alcácer Quibir; O Íntimo; O Amigo das Mulheres; Leonor Teles; Hamlet; etc.

Em 1891, casou com o Actor Eduardo Brasão, tendo passado, depois, a fazer parte do elenco da Companhia Rosas e Brasão, que actuou, durante muito tempo, no Teatro D. Amélia. Aí representou, sempre com o mesmo brilho, as peças: O Que Morreu de Amor; Maridos de Leontina; Amor de Mãe; Meia-Noite; Degeneradas; Corrida do Facho; Castelo Histórico; O Outro Eu; Pouca Sorte; A Cruz da Esmola; Segredo de Confissão, etc. A última peça que representou foi O Adversário.

Visitou, em digressão artística, o Brasil duas vezes, ali sendo recebida com verdadeiro entusiasmo. Reunia muitos atributos que a notabilizavam: formosura, elegância, distinção, inteligência, bom timbre de voz, dicção impecável. Estudava os papéis com a maior atenção e cumpria pontualmente as suas obrigações. Tem o seu nome ligado ao Teatro da Cidade de Santarém. Foi, outrossim, dado o seu nome a uma Rua de Lisboa, no chamado Bairro dos Actores (Freguesia de São Jorge de Arroios).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Charneca de Caparica); Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana); Gondomar (Freguesia de São Pedro da Cova); Lisboa (Freguesia de São Jorge de Arroios); Seixal (Freguesia de Fernão Ferro)

Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres”, (Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão, Editores).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 185).

Fonte: “O Grande Livro do Espectáculo”, (Personalidades Artísticas do Século XX, de Luciano Reis, 1º Volume, Editado por Fonte da Palavra, 1ª Edição de Fevereiro de 2001, Pág. 325 e 326)

“Pessoas vinculadas aos C.T.T.”

 

CTTANTÓNIO LOPES FONTINHA, Carteiro, natural de Piódão (Arganil), nasceu a 13-08-1938 e faleceu a 15-12-2017. Era filho de António Lopes e de Maria da Encarnação, ambos agricultores. O pai era o mestre do lagar e também era pedreiro. A mãe “tratava dos animais – dos porcos, do gadito – e cultivava milho, batatas e feijão”.

António aprendeu “as primeiras letras com o senhor padre Ilídio dos Santos Portugal” e com um senhor chamado António da Silva, mais conhecido por Marujo. Fez a quarta classe e foi para o Seminário na Figueira da Foz, até ao segundo ano.

Depois andou “no Piódão a trabalhar para ganhar alguma coisita”. Ajudou a montar telefones, trabalhou nos Serviços Florestais, a arrancar pinheiros para abrir a estrada, até que foi para a tropa. Regressou à Figueira da Foz para o serviço militar. Quando saiu da tropa, voltou para as estradas. Foi em 1959 e 1960. Esteve no Quartel de Artilharia Pesada N.º 3, onde agora é a Universidade Internacional.

Já depois de estar casado, inscreveu-se nos Correios, estagiou em Côja durante 15 dias, masi tarde foi chamado para a Freguesia de Pomares, onde permaneceu um mês, transferido para a Freguesia de Pomares, onde esteve 28 anos, até se reformar.

Fonte: “QREN – Aldeias de Memória”, (História de Vida de António Lopes Fontinha, registada em 17-09-2008, por Hugo Pereira e Carla Aguiar)