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“O Centenário”

DIMAS Soares Lopes PEREIRA, Músico e Político, nasceu em Quelfes (Olhão), a 16-09-1921, e faleceu em Setúbal, a 03-05-2009. Durante algum tempo – entre os 6 e os 21 anos – residiu em Casablanca, Marrocos, onde fez o Curso de Comércio. Posteriormente viria a residir e a trabalhar em Setúbal, tendo-se aqui destacado, pela sua actividade cultural e de músico. Fundador do Círculo Cultural de Setúbal em 1969 e membro do Partido Comunista Português desde Fevereiro de 1978. Figura acarinhada e respeitada, pela coerência e integridade que revelou ao longo de toda a sua vida, foi conhecido e prestigiado pela sua actividade como Músico. O seu acordeão chegou a acompanhar José Afonso. Como resistente antifascista, esteve preso antes da Revolução do 25 de Abril de 1974. Na manifestação do 1º de Maio de 1974, na Praça do Bocage, em Setúbal, interveio em nome do PCP. Foi funcionário do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas do Sul. Ficou sepultado no cemitério de Aljeruz, em Setúbal.

Fonte: “http://www.rostos.pt”

Fonte: “Estudos Sobre o Comunismo”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Almeida”

Ernesto Rodolfo HINTZE RIBEIRO, Político, nasceu em Ponta Delgada, a 07-11-1849, e faleceu em Lisboa, vítima de colapso cardíaco, quando participava no funeral do Conde de Casal Ribeiro, seu amigo pessoal, a 01-08-1907. Era filho de Manuel José Ribeiro (1804-1866) e de Emília Carolina Hintze (1807-1871). O pai, natural de Guimarães, era um modesto comerciante que se instalara em Ponta Delgada; a mãe provinha de famílias de abastados negociantes estrangeiros. Casou em 1873 com Joana Rebelo de Chaves (1854-1940), não tendo tido descendentes. O seu irmão Artur Hintze Ribeiro e o seu sobrinho António Hintze Ribeiro foram, também, Parlamentares.

Fez parte do Curso Liceal em Ponta Delgada, completando-o em Coimbra. Depois cursou Direito.

Formado em 1862 na Faculdade de Direito de Coimbra, começou por se dedicar à Advocacia em São Miguel e depois em Lisboa.

Filiado no Partido Regenerador, de que se tornaria Chefe em Março de 1900, foi eleito Deputado em 1878 e a partir de 1881 fez parte de todos os Governos regeneradores, sobraçou as pastas, da Fazenda e dos Negócios Estrangeiros. Foi Chefe do Governo de 1893 a 1897, de 1900 a 1904 e de novo em 1906.

Era dotado de grandes qualidades políticas e de notável capacidade de realização. Excelente tribuno, aliava maleabilidade e moderação a integridade e firmeza, mas não conseguiu obstar à divisão das forças políticas monárquicas responsável pela queda da Monarquia.

Era membro da Academia Real das Ciências de Lisboa (admitido a 06-06-1879), sócio honorário das Associações Comerciais de Lisboa e do Porto, e sócio da RACAP (desde 1889).

Como Par do Reino, Hintze Ribeiro integrou diversas Comissões Parlamentares: Obras Públicas (1886-1887, 1891); Fazenda (1887, 1890-1891, 1900, 1904-1905, 1906-1907); Verificação de Poderes (1888); Negócios Externos (1891, 1897); Ultramar (1897-1900); Paz e Arbitragem (1898-1899); Instrução Pública (1900, 1904-1905); Resposta ao Discurso da Coroa (1889, 1900, 1905, 1906); Legislação (1904-1905); Administração Pública (1898-1899, 1904-1905, 1906-1907).

Foi agraciado com as Grã-Cruz da Ordem da Torre e Espada, da Ordem dos Serafins da Suécia e da Legião de Honra de França, recebeu ainda a alta distinção honorífica do Tosão de Oiro, que lhe foi concedida pelo rei de Espanha, Afonso XIII, quando da sua visita a Portugal em 1903.

Obras principais: »Os Fideicomissos«, 1872, »A Reorganização dos Serviços de Alfândega«, 1885, e »A Questão da Fazenda«, 1888.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almeida (Rua Conselheiro Hintze Ribeiro); Aveiro; Lagoa (Beco, Rua e Travessa Hintze Ribeiro); Leiria (Ponte Hintze Ribeiro); Lisboa (Freguesia de São Mamede, Largo Hintze Ribeiro; Edital de 30-06-1955); Matosinhos (Praceta e Rua Hintze Ribeiro); Murtosa (Freguesia da Murtosa – Avenida Hintze Ribeiro); Oeiras (Freguesia de Queijas – Rua Hintze Ribeiro); Penafiel; Ponta Delgada (Rua Hintze Ribeiro); Seixal (Freguesia de Fernão Ferro – Rua Hintze Ribeiro).

Fonte. “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 13, Pág. 229, 230 e 231)

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar”, (1834-1910), (Vol III, de N-Z), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento, (Pág. 448, 449, 450, 451 e 452).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 449).

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Almada”

ADELAIDE Moreira COUTINHO, Professora e Associativista, natural de Almada, nasceu em 1905 e faleceu em 1981. Pertencente a uma família da classe média residente no centro da vila de Almada, perto da Praça Luís de Camões na então Rua Direita (actual Rua Capitão Leitão).

No início da década de 1920, Adelaide é uma das raras jovens de Almada a terminar uma Licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa, passando a apresentar-se, em registos públicos, com a profissão de “Professora”.

Por ligação familiar e de vizinhança faz-se sócia da Academia Almadense em 1927, tendo sido proposta pelo conhecido associativista almadense, José Brás. Logo nesse ano, talvez devido à sua iniciativa de ministrar, na colectividade, o Ensino Primário para os filhos dos sócios, é aprovada pela Direcção como Sócia de Mérito.

Entre 1927 e início da década de 1940 rege a “Sala da Academia”, a Escola Primária Mista da Academia Almadense, à época localizada frente à Praça da República, na Rua Capitão Leitão; em simultâneo, ministra aulas particulares na sua residência, tendo preparadas várias gerações de almadenses para o exame da 4ª Classe.

Adelaide Coutinho foi também funcionária da Câmara Municipal de Almada durante mais de três décadas, tendo permanecido ligada à actividade associativa através da Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Praceta Doutora Adelaide Coutinho).

Fonte: “Câmara Municipal de Almada”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Aljustrel”

HELIODORO SALGADO, Jornalista, Escritor e Professor, nasceu em Bougado (Santo Tirso), a 08-07-1861, e faleceu em Lisboa, a 12-09-1906. Órfão de pai aos 9 anos, recebeu a educação no Colégio dos Meninos Órfãos, no Porto. Foi durante algum tempo Professor Primário.

Filiou-se na Maçonaria, tendo pertencido ao conselho da ordem. Militante do Partido Republicano Português, estreou-se no jornalismo escrevendo para o jornal socialista O Protesto, do Porto, e foi colaborador e redactor de quase todos os jornais republicanos e director de A Portuguesa. Dirigiu a colecção divulgadora »Biblioteca do Livre Pensamento«. Entre todos os seus folhetos e brochuras, conta-se »A Insurreição de 31 de Janeiro«, (1894).

Obras principais: A Igreja e o Proletariado, (1888); A Insurreição do 31 de Janeiro, (1894); Através das Idades, (poesias, 1899); Religião e Ciência, (1903); Pela Verdade, (1903); Estudos Críticos e Históricos sobre Mariolatria, (1905); Mentiras Religiosas, (1906); A Religião da Morte, (1909).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Aljustrel (Rua Heliodoro Salgado); Almada (Cidade de Almada e Freguesia da Trafaria); Amadora; Arruda dos Vinhos; Avis (Freguesia de Benavila); Barreiro; Cascais (Freguesias de Carcavelos e Parede); Faro; Funchal; Gavião (Freguesia de Belver); Golegã; Lisboa (Freguesias de Arroios e Penha de França); Lourinhã; Nisa; Odivelas (Freguesia da Ramada); Oeiras (Freguesias de Barcarena e Oeiras);  Olhão; Ovar; Palmela; Portalegre; Portimão; Sesimbra; Setúbal; Sintra (Vila de Sintra e Freguesia de Queluz); Trofa; Viana do Alentejo; Vila Nova de Gaia.

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. II, Publicações Europa América)

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 464).

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Aljezur”

JOÃO DIAS MENDES, Farmacêutico, nasceu em Castelo Branco, a 23-10-1897, e faleceu em Aljezur, a 04-05-1934. Depois de haver terminado o Curso dos Liceus na sua terra natal, tendo já intenção de futuro de vida, procurou emprego numa Farmácia, no Porto, onde, a trabalhar, fez o Curso Superior de Farmácia na Universidade daquela Cidade.

Sabe de uma vaga de Farmacêutico na Mutualidade de Silves e aí inicia a sua actividade como Farmacêutico, permanecendo no Algarve até ao fim da vida, onde constituiu família e deixou herdeiros do seu nome e saberes.

O ambiente da Cidade de Silves agradara-lhe, respirava-se o ideal republicano do qual era apologista. Na Farmácia da Mutualidade tem contacto com a classe operária corticeira que passou a admirá-lo.

Em Silves casou, e aí lhe nasceu o primeiro filho, dos sete que o casal teve, Armando se chamou o primogénito que, seguindo as passadas do pai, dirigiria durante alguns anos a Farmácia Mendes, em Lagos, na Rua Lima Leitão, vulgo Rua Direita e actual Rua 25 de Abril, onde alguns dos produtos medicinais criados pelo seu pai, eram preparados, e vendidos, ainda recordados como muito eficazes por algumas pessoas idosas ou passados de pais a filhos.

João Dias Mendes, muda-se de Silves para Aljezur, como Director da única Farmácia existente e, tempos depois, compra-a e nela trabalha até ao fim da vida.

Apenas com um Médico no vasto Concelho de Aljezur, o Farmacêutico, era o primeiro a ser ouvido e o seu parecer terá salvo muitas vidas.

Generoso, escutava, tratava, encaminhava e fiava, quando o doente não tinha dinheiro na ocasião e era necessário esperar melhor altura para o pagamento, que tardaria ou, tantas vezes, nem chegaria a realizar-se.

Dias Mendes e sua mulher Maria da Conceição Simão Mendes formaram um casal de grande fundo humanitário, sempre pronto a auxiliar aqueles que deles necessitavam quer por motivos materiais quer psicológicos.

Com os Professores Primários do Concelho, o dinâmico Farmacêutico, organizou récitas, cujos proventos revertiam para Caixa-Escolar que ajudavam os alunos mais carenciados e que, muitos eram.

Exerceu vários cargos públicos, sempre de acordo com as suas convicções políticas e práticas cívicas. Atendendo aos serviços prestados à comunidade e a todas as qualidades humanitárias e cívicas de João Mendes Dias, a Câmara Municipal de Aljezur, entendeu homenageá-lo atribuindo o seu nome a uma Artéria da Freguesia do Rogil.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Aljezur (Rua João Dias Mendes).

Fonte: “Algarvios pelo Coração, Algarvios por Nascimento”, (de Glória Maria Marreiros, Edições Colibri, Edição de Outubro de 2015, Pág. 161 e 162)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Alijó”

Jerónimo Barbosa de Abreu e LIMA VIEIRA, Advogado e Político, nasceu em Alijó, em 1868, e faleceu em Mirandela, a 30-07-1926. Era filho do Conselheiro Jerónimo Barbosa de Abreu Lima, Magistrado Administrativo e Deputado e irmão do também Deputado Jerónimo Barbosa Pereira Cabral de Abreu e Lima.

Lima Vieira, que permaneceu solteiro, pensou inicialmente numa carreira na Marinha, mas acabou por se formar em Direito, em 1899 e foi depois Advogado e proprietário na região de Vila Real.

Alinhado com o Partido Progressista, foi eleito Deputado pelos círculos uninominais de Vila Pouca de Aguiar, em 1897, e de Angola, em 1900. Teve participação activa nos trabalhos parlamentares e integrou um número significativo de Comissões Parlamentares: Reclamações e Cavaturas (1897 e 1899); Regimento (1897); Legislação Civil (1897 e 1898, tendo neste ano sido secretário); Ultramar (1897, 1898 e 1899); Estatística (1897); Obras Públicas (1897); Agricultura (1897 e 1898); Centenário da Índia (1898); Fazenda (1898 e 1899); Negócios Estrangeiros (1898 e 1899); Instrução Primária (1898); Legislação Criminal (1899) e Administração Pública (1899). No hemiciclo ultrapassou a vintena de intervenções, nas quais foi além da mera política local e debateu assuntos de política geral.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Alijó (Largo Doutor Vieira).

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910”, (Vol III, de N-Z), (Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento, Pág. 1066 e 1067)

“O Centenário”

JOÃO FRANCISCO DA MOUCA, Bibliotecário, natural de Moura, nasceu a 25-09-1921 e faleceu a 04-08-2008. Filho de trabalhadores rurais, foi no campo que após concluir a Instrução Primária iniciou um percurso rico de experiências profissionais. Passou pela construção civil, mas seria na Biblioteca Municipal, à qual esteve ligado desde a sua organização (1964-1968), que se destacaria pelo entusiasmo com que se dedicou à defesa do património cultural do Concelho.

Durante o longo período em que foi responsável pela Biblioteca Municipal, desenvolveu um trabalho notável de recolha, preservação e divulgação de documentos de interesse para o conhecimento da história local.

Após a aposentação continuaria a dedicar muito do seu tempo livre à escrita, elaborando pequenas edições sobre história local, de que se destaca a colecção Filhos Ilustres de Moura.

Deixou-nos definitivamente em 4 de Janeiro de 2008, mas para sempre ficou uma obra notável, em prol da preservação do património cultural do Concelho de Moura.

Em 16 de Janeiro de 2008, a Câmara Municipal de Moura atribuiu o nome de João Francisco da Mouca ao Arquivo Histórico Municipal, como forma de reconhecimento pelo relevante papel desempenhado na defesa do património cultural mourense, e em particular da recolha e preservação de muitos dos documentos que hoje constituem este Arquivo.

Fonte: “Câmara Municipal de Moura”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Alfândega da Fé”

JOÃO HORTELÃO, Padre, nasceu na Freguesia de Valverde (Alfândega da Fé), em data desconhecida, e faleceu em Espanha, a 11-01-1499. No seu epitáfio lê-se: Aqui jaz el padre de sancta memória F. João Hortelano, el qual perseveró en esta religion, y casa con sancto exemplo de vida, mas de quarenta anos. Falecido neste ano de 1499. Celebrizou-se como pastor de gado. Como era devoto da Missa, deixava o gado entregue ao seu destino e ía ouvir missa, passando de barco o rio Sabor, para ir a Zacarias.

O seu amo soube e deu ordens ao barqueiro para não mais transportar o pastor.

Diz a lenda que perante a recusa no transporte, o pastor estendeu a sua capa sobre as águas e ela serviu de barco, o que naturalmente pasmou o amo e o barqueiro. Esse pastor viria a professar no convento Franciscano de Santa Mariana, junto ao Douro, perto de Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta. Deste convento passou para o de Salamanca, onde granjeou esmolas com as quais mandou edificar a Igreja da Anunciada (em Portugal) que ainda serve de Igreja Matriz à Freguesia, onde se conserva uma cruz de prata que ele lhe doou. Dizem as crónicas que faleceu como vivera: repleto de santidade.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Alfândega da Fé (Travessa Frei João Hortelão).

Fonte: “Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses” (I Volume, Coordenado por Barroso da Fonte, Editora Cidade Berço).

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Alenquer”

Jorge Manuel Catalão OLIVEIRA E CARMO, Militar, nasceu na Freguesia de Santo Estevão (Alenquer), a 25-09-1936, e faleceu, em combate, em Diu (Índia), a 18-12-1961. Tendo concluído o curso no Liceu Pedro Nunes no fim de Julho de 1954, assentou praça como cadete da Escola do Exército em 20 de Outubro do mesmo ano, para efectuar os estudos preparatórios do ingresso na Escola Naval. Foi aumentado ao efectivo do Corpo de Alunos da Armada a 1 de Outubro do ano seguinte.

Promovido a guarda-marinha em 1 de Maio de 1958, embarcou em vários navios, tendo ainda passado pela Superintendência dos Serviços da Armada e pelo Comando da Flotilha de Patrulhas. Seria promovido a Segundo-Tenente no último dia daquele ano, data em que foi abatido ao Corpo de Alunos da Escola Naval, com a média final ponderada de 14,24 valores.

Serviu a bordo dos patrulhas “Boavista” e “Porto Santo” e na fragata “Pêro Escobar”, onde o seu elevado brio, o seu inquestionável sentido das responsabilidades e do dever e o seu exemplar aprumo militar foram alvo dos maiores elogios.

Nomeado comandante da lancha de fiscalização “Vega”, a prestar serviço em Diu, para ali partiu no Verão de 1961. Naquele território, à semelhança dos restantes que faziam parte da Índia Portuguesa, pairava, desde há muito, a ameaça de anexação pela poderosa União Indiana.

A temida invasão acabaria por se concretizar, de forma esmagadora, na madrugada de 18 de Dezembro de 1961. O combate extremamente desigual que se desenrolou constituiu o ponto culminante da curta carreira de Oliveira e Carmo, que no seu abnegado heroísmo viria a escrever uma das mais gloriosas páginas da nossa História Naval.

Tendo saído de Diu em 17 de Dezembro, a “Vega” fundeou frente a Nagoá às 2200 do mesmo dia. Na madrugada do dia 18, por volta das 0140, foram ouvidos tiros em terra pela praça de serviço. Alertado por esta, mandou o Comandante ocupar postos de combate e suspender.

Dirigiu-se, então, a lancha para junto de um contacto radar não identificado que navegava a cerca de 12 milhas da costa. Por volta das 0400, o navio, visualmente identificado como um cruzador, lançou granadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega”, que retirou para Diu e fundeou.

Ás 0615 suspendeu e aproximou-se novamente do cruzador, onde foi vista, içada no mastro, a bandeira da União Indiana. A lancha regressou ao fundeadouro e Oliveira e Carmo fardou-se de branco para, segundo afirmou, morrer com mais honra.

Às 0700 foram avistados aviões a jacto efectuando bombardeamento sobre terra. O Comandante reuniu a guarnição e leu-lhes as ordens do Estado-Maior da Armada, segundo as quais a lancha deveria combater até ao último cartucho. Cerca das 0730 aproximaram-se dois aviões para bombardear a Fortaleza e Oliveira e Carmo mandou abrir fogo sobre eles com a peça de 20 mm (um dos aparelhos acabaria por ser atingido e obrigado a aterrar). Estes, naturalmente, ripostaram. Agilmente manobrada pelo seu comandante, a “Vega” esquivou-se às primeiras rajadas. No entanto, um novo ataque, desta vez em fogo cruzado, matou o marinheiro artilheiro António Ferreira e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Carmo que, ainda com vida, retirou do bolso e beijou as fotografias da mulher e do filho pequeno. Deflagrara, entretanto, um violento incêndio, que rapidamente se propagou à casa da máquina e à ponte. A peça foi abandonada, em virtude do seu reduto se ter tornado intransitável devido aos buracos causados pelos projécteis inimigos e pelo incêndio, que atingia, já, o convés.

A guarnição tentou, então, arriar o bote para evacuar o Comandante, mas um novo ataque aéreo feriu mortalmente Oliveira e Carmo, tendo também sido atingidos três marinheiros (um deles, marinheiro artilheiro Fernandes Jardino, com a perna esquerda cortada pela canela, viria a falecer no trânsito para terra). Com o bote inutilizado e a lancha completamente tomada pelas chamas, viram-se os sobreviventes obrigados a nadar em direcção a terra, agarrando-se os feridos a uma balsa.

Sacudida pelas explosões das suas próprias munições, a “Vega” acabaria por se afundar, arrastando consigo o corpo do seu heróico Comandante. Oliveira Carmo foi, a título póstumo, condecorado com a Medalha de Valor Militar com Palma, agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada e promovido por distinção ao posto de Capitão-Tenente.

Segundo-tenente da Marinha e comandante da lancha Vega, estacionada em Diu aquando do ataque da União Indiana em 18 de Dezembro de 1961, não hesitou em mandar abrir fogo contra a aviação inimiga. E repetiu-se, graças ao seu heroísmo, a gesta de Dom Lourenço de Almeida, o comandante da Vega fardou-se de branco (dizendo que «assim morreria com mais honra), manteve-se junto do leme depois de uma rajada lhe ter decepado as pernas e foi alvejado mortalmente quando o pequeno barco já se encontrava em chamas. Com ele morreram mais dois marinheiros – António Ferreira e Aníbal Fernandes Jardino – e ficaram feridos outros dois. A guarnição da Vega era, apenas, de sete homens. A título póstumo foi promovido a capitão-tenente e condecorado com a Torre e Espada, a mais alta condecoração portuguesa para feitos em combate.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Alenquer (Freguesia do Carregado – Rua Capitão-Tenente Oliveira e Carmo); Lisboa (Freguesia dos Olivais – Rua Capitão-Tenente Oliveira e Carmo).

Fonte: “Escola Naval”

“O Centenário”

CAMILO António de Almeida Gama Lemos DE MENDONÇA, Engenheiro Agrónomo e Político, nasceu na Freguesia de Vilarelhos (Alfândega da Fé), a 23-07-1921, e faleceu em Oeiras, a 05-04-1984. Licenciado em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, em 1949. Desempenhou vários cargos ligados à economia agrícola, tendo sido Presidente da Junta de Exportação do Café, Delegado governamental junto do Grémio dos Armazenistas e Exportadores de Azeite e Presidente da Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano.

Camilo de Mendonça iniciou a sua carreira política ao ser nomeado, em 09-03-1948, Procurador à Câmara Corporativa na 3ª Sessão Legislativa da IV Legislatura (1947-1948), depois de ter assumido a presidência da Comissão Administrativa do Grémio dos Armazenistas Exportadores de Azeite (24-09-1947), substituindo o Procurador António de Carvalho Guerra. Perdeu o mandato na 4ª Sessão Legislativa (1948-1949), ao ser substituído na presidência da Comissão do referido Grémio por Fernando Regalo Correia, e naturalmente na Câmara Corporativa.

Na VI Legislatura (1953-1957), Camilo de Mendonça foi eleito Deputado à Assembleia Nacional pelo círculo nº 4 de Bragança e nomeado Vogal das Comissões de Economia e do Ultramar. Na 4ª Sessão Legislativa (1956-1957) foi votado para 1º Secretário do Hemiciclo. Durante este mandato, o Deputado participou nas discussões na generalidade das propostas de lei de autorização das receitas e despesas para 1954 e para 1955. Foi reeleito Deputado para a VIII Legislatura (1961-1965) e designado Presidente da Comissão de Economia. Voltou a ser eleito para a Assembleia Nacional na X Legislatura (1969-1973), uma vez mais pelo círculo nº 4 de Bragança, e para a Comissão de Economia.

Na XI Legislatura (1973-1974), Camilo de Mendonça passou a ter assento na Câmara Corporativa, na qualidade de Procurador na 1ª Subsecção (Política e Administração Geral) da XII Secção (Interesses de Ordem Administrativa), na mesma ocasião foi também eleito 2º Vice-Presidente da Mesa da Câmara Corporativa.

Foi o principal responsável pela criação do Complexo Agro-Industrial do Cachão e foi o primeiro Presidente da RTP, entre 1955 e 1960.

Depois do 25 de Abril de 1974 viveu no Brasil, donde regressou pouco antes de morrer.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Alfândega da Fé (Avenida e Travessa Engenheiro Camilo de Mendonça), Bragança (Rua Engenheiro Camilo de Mendonça), Carrazeda de Ansiães (Avenida Engenheiro Camilo de Mendonça), Macedo de Cavaleiros (Avenida e Rua Engenheiro Camilo de Mendonça); Mirandela (Avenida Engenheiro Camilo de Mendonça).

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1935-1974, (Volume II de M-Z), Direcção de Manuel Braga da Cruz e António Costa Pinto, Colecção Parlamento, Pág. 125, 126 e 127).