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“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Torre de Moncorvo”

RAMIRO SALGADO – Ramiro Xavier da Fonte Fernandes Salgado, de seu nome completo. Professor e Pedagogo, nasceu em Açoreira (Torre de Moncorvo), a 20-06-1902, e faleceu em Vila Nova de Gaia, a 06-06-1974. Após a instrução primária na sua terra natal, frequentou o curso liceal nos Colégios de Lamego e Viseu, revelando-se um aluno com exemplar aproveitamento. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas pela Universidade do Porto, em 1928, com a classificação de 15 valores, tendo, de imediato, apresentado a sua candidatura a um lugar de assistente na secção de Química da mesma Faculdade de Ciências, não chegando a ocupar o lugar.

Enquanto estudante universitário, participou em diversas actividades sociais e culturais que complementaram a sua formação académica.

Foi membro dos órgãos sociais da Associação Académica do Porto, fez parte do Orfeão Académico do Porto entre 1922 e 1926 e, foi co-fundador e um dos directores do jornal quinzenário “Universidade” que foi publicado na cidade do Porto a partir de 1924, tendo publicado diversos artigos de carácter literário, científico, social e económico, nomeadamente textos sobre a defesa da exploração do minério de ferro do Complexo Mineiro de Moncorvo.

Trabalhou no Observatório Meteorológico da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Leccionou em diversos estabelecimentos de ensino, nomeadamente: no Instituto Lusitano, Colégio dos Carvalhos, Colégio Académico, em Lisboa, Colégio Campos Monteiro, em Torre de Moncorvo, do qual foi fundador em 1936 e que funcionou até 1971.

Ramiro Salgado, grande pedagogo, soube, como poucos, mobilizar a curiosidade intelectual, despertar o interesse pelo estudo, manter viva a busca incessante da interrogação e da crítica.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Torre de Moncorvo (Rua Doutor Ramiro Salgado)

“Quem Foi Quem na Toponímia do município de Tondela”

FLAUSINO TORRES – Flausino Correia Torres, de seu nome completo. Professor e Historiador, nasceu em Almeida, em 1906, e faleceu em Tondela, em 1974. Nasceu na Fortaleza de Almeida, onde seu pai era oficial do Exército, e faleceu em Tondela, onde casara (1937) e residiu durante longos anos. Licenciou-se em Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra em 1932. Ainda estudante, foi secretário da loja maçónica “A Revolta”. Em Lisboa, onde se fixou a partir de 1938, colaborou com Bento de Jesus Caraça na Universidade Popular e nas edições da Colecção “Cosmos”. Data dessa época a sua ligação ao PCP (Partido Comunista Português) e às actividades do Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Foi elento activo nas campanhas eleitorais, desde a de Norton de Matos (1948-1949) à de Humberto Delgado (1958). Iniciou a carreira docente no ensino privado, em São João do Estoril (1938), aí permanecendo até 1947, ano do seu regresso a Tondela. Aqui, leccionou nos colégios Tomás Ribeiro (masculino) e Santa Maria (feminino), onde alcançou prestígio pelas suas competência e capacidade pedagógica.

Nunca lhe tendo sido permitido o ingresso no ensino oficial, em 1960 foi também expulso do ensino particular. Preso por motivos políticos em 1962, viu-se obrigado ao exílio em 1965, partindo para Argel, onde se ligou à Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN). No ano seguinte já estava na Checoslaváquia, leccionando Cultura Portuguesa na Universidade Carlos, de Praga.

A invasão deste país, por ordem de Moscovo, em 1968, liquidando à nascença um processo interno de democratização, marcou uma viragem no pensamento e percurso político de Flausino Torres.

Fazendo uma análise aos acontecimentos diferente da direcção do PCP, esta condenou-o a um ostracismo político que duraria até à sua morte. Em 1970, já doente, regressou à sua quinta do Fojo, em Tondela, cessando pouco depois toda a sua actividade como estudioso devido a um acidente cardiovascular. Coerente, tolerante e respeitado como cidadão, incansável como investigador e professor, deixou vasta colaboração nas revistas Seara Nova e Vértice e nos jornais República e Independência de Águeda.

Obras principais: Civilizações Primitivas, (1943); Religiões Primitivas, 2 volumes (1944); O Mundo Mediterrânico, 2 volumes, (1945); Civilizações Fluviais, (1946); Primeiras Sociedades Primitivas, (1946); Primeiras Sociedades Comerciais, (1946); Civilizações de Nómadas Sedentárias, (1946); As Origens da República, (1965); História Contemporânea do Povo Português, (1968); Notas acerca da Geração de 70, (1967); Portugal, Uma Perspectiva da Sua História, (1972, esta obra teve 4 edições).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Tondela (Praceta e Rua Doutor Flausino Torres).

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. IV, Publicações Europa América)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Tomar”

JOAQUIM RIBEIRO – Joaquim António de Melo e Castro Ribeiro, de seu nome completo. Agricultor e Político, nasceu em Cortiça (Alvaiázere), em 1882, e faleceu em Areias (Ferreira do Zêzere), a 15-11-1953. Casou com Laurinda Andrade Rocha Ribeiro.

Bacharel em Filosofia pela Universidade de Coimbra (1906), dedicou-se à actividade de Agricultor. Militante do Partido Republicano Português, foi eleito Deputado à Assembleia Nacional Constituinte, por Tomar a partir de 1911, vindo, mais tarde, a tomar assento no Senado.

Sobraçou por três vezes a pasta da Agricultura, em períodos descontínuos: de 27 de Janeiro a 08 de Março de 1920, entre 13 de Agosto e 15 de Novembro de 1923, e desde 28 de Fevereiro até 06 de Julho de 1924. Faleceu na sua Quinta do Tojal, em Areias (Ferreira do Zêzere).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Tomar (Rua Doutor Joaquim Ribeiro).

Fonte: “Parlamentares e Ministros da 1ª República, (1910-1926)”; (Coordenação de A. H. Oliveira Marques, Edições Afrontamento, Colecção Parlamento, Pág. 372).

Fonte: “Jornal Cidade de Tomar”, (Edição de 25-05-1990)

“Toponímia com Ligação ao Fado”

MONIZ PEREIRA – Mário Alberto Freire Moniz Pereira, de seu nome completo. Desportista e Professr, natural de Lisboa, nasceu a 11-02-1921, e faleceu a 31-07-2016. Era filho de Carlos Moniz Pereira e de Fernanada Freire. Nascido numa família abastada, cujo pai se dedicava à importação de automóveis, Mário Moniz Pereira já era atleta do Sporting, quando escolheu estudar no INEF – Institut Nacional de Educação Física, onde completou a sua Licenciatura em Educação Física, e nesse estabelecimento de ensino passou a ter funções docentes durante 27 anos.

Licenciado em Educação Física pelo ex-INE, actual Faculdade de Motricidade Humana, onde leccionou durante 27 anos. Foi director do Estádio Nacional, director técnico nacional e seleccionador da Federação Portuguesa de Atletismo, seleccionador Nacional de Voleibol, entre várias outras funções. Durante largos anos treinou vários dos mais destacados atletas do panorama nacional, os casos de Carlos Lopes, Fernando Mamede, Domingos Castro e Paulo Guerra. É um eclético praticante e técnico das modalidades desportivas, com especialíssimo destaque para o atletismo. Como atleta representou os seguintes clubes: INEFE (andebol, basquetebol e futebol), Sporting Clube de Portugal (atletismo, voleibol e ténis de mesa), Hóquei Clube de Sintra (hóquei em patins), Ateneu Comercial de Lisboa (ténis de mesa), Lisboa Ginásio Clube (voleibol) e CDUL (basquetebol e voleibol). Como treinador: Sporting Clube de Portugal (atletismo e voleibol), CDUL (atletismo e voleibol), Académica (atletismo), CDUC (atletismo) Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (atletismo), Lisboa Ginásio Clube (voleibol) e Ginásio Clube Português (voleibol). Como treinador, esteve presente em 12 Jogos Olímpicos, 22 Campeonatos do Mundo de Cross, 18 Taças dos Clubes Campeões Europeus de Cross.

O Professor Moniz Pereira foi distinguido com o Emblema de Ouro,  galardão máximo atribuído a título individual pela Associação Europeia de Atletismno. É autor de vários fados, interpretados por alguns dos maiores fadistas.

Mário Noniz Pereira tinha um apurado sentido musical, tendo aprendido a tocar de ouvido. Aos 5 anos de idade surpreendeu a família, ao pegar num violino a tocar quase sem erros. Ao longo da vida, usou o piano herdado da família para compor.

Frequentador do meio fadista alfacinha, desde a Toca ao Faia, ambos no Bairro Alto, num dia da década de 50 do Século XX, estava no Restaurante A Viela e, após ouvir um fado de que gostou muito, levantou-se da mesa e repetiu-o nas teclas do piano ao canto da sala, de que resultou o desafio feito por muitos presentes de compor e escrever fado.

Alguns dos fados de Moniz Pereira, como Fado Varina, Rosa da Madragoa, Rosa da Noite, Não Me Conformo ou Leio Em Teus Olhos, foram 9nterpretados por nomes conhecidos do panorama nacional como Ada de Castro, Amália Rodrigues, Camané, Carlos do Carmo, Carlos Ramos, Celeste Rodrigues, Deolinda Rodrigues, Fernando Tordo, Joana Amendoeira, João Braga, Lucília do Carmo, Maria Armanda, Maria da Fé, Paulo de Carvalho, Pedro Moutinho, Rodrigo ou Tony de Matos.

Em 2002 foi mesmo editada uma compilação intitulada “Moniz Pereira: 40 Anos de Música”, onde assinou a música de todos os 22 temas, incluindo letras de outros autores, como Ary dos Santos, Emílio Vasco, Fernando Tordo, João Dias, Júlio de Sousa, Rosa Lobato Faria ou Vasco de Lima Couto.

“Valeu a Pena”, o fado, cuja letra e música, criou em 1964 foi, talvez, o seu tema mais popular, com inúmeros fadistas a interpretá-lo, muito embora a versão mais conhecida e carismática seja a interpretação de Maria da Fé.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Lisboa (Freguesia do Lumiar – Rua Professor Moniz Pereira)

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 415).

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa – Toponímia de Lisboa”

“Pessoas Vinculadas aos CTT”

LUÍS EUGÉNIO FERREIRA. Escritor, Funcionário dos CTT, e Professor, nasceu em Lisboa, a 11-09-1926, e faleceu em Santarém, a 20-05-2015. Passou a infância em Leiria, tendo regressado a Lisboa em 1939. Chegou a Santarém nos anos cinquenta e aqui constituiu família. Naturalizou-se escalabitano pela ordem dos afectos. Admitido nos CTT, em 1946, como Dactilógrafo, aposentou-se como Aspirante Administrativo.

Frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa e o Instituto de Ciências Sociais. Foi Bolseiro do Governo Francês, frequentando um Estágio Pedagógico na Universidade de Paris, em 1957, tendo sido ao mesmo tempo correspondente da Vértice, revista de que foi activo colaborador.

Iniciou a sua actividade jornalística no Século Ilustrado, em 1946, e colaborou no Jornal Magazine e na revista brasileira Sul (Florianópolis), de que foi correspondente.

Em 1951, a convite de Mário de Castro, integrou o corpo de Professores do Ateneu Comercial de Santarém, até à inauguração da Escola Comercial e Industrial de Santarém, a cujo corpo docente pertenceu. Foi também Professor no Colégio de Santa Margarida, e assumiu o cargo de Professor Agregado da Alliance Française, tendo conseguido uma bolsa do Governo Francês para um estágio de pedagogia em Paris, sob direcção da Sorbonne. Trouxe a Santarém os primeiros prémios do Conservatório de Paris, realizando as sessões no Teatro Rosa Damasceno.

Foi também colaborador do Cineclube de Santarém, onde comentou vários filmes, e depois do 25 de Abril de 1974 foi Director do FAOJ. Mas antes já o MFA – Movimento das Forças Armadas, o empossara na Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Santarém, onde teve desempenho cultural de relevo na organização dos velhos documentos históricos, até então empilhados no sótão, e nas diligências para a recuperação do Palácio Braamcamp Freire, onde chovia sobre os quadros de Josefa de Óbidos.

Em 1985 passou profissionalmente a Técnico Especialista de Formação dos CTT, tendo sido colocado no Centro de Formação de Coimbra, onde sentiu saudades da sua “civis mater” até à sua aposentação.

Continua a escrever no Jornal O Ribatejo, onde já publicou mais de uma centena de crónicas. Mas a actividade literária estende-se também pelos livros que publicou. “Sombra do Mundo”, editado em 1952 é o seu primeiro livro, romance de feição neorrealista. Seguiu-se depois a publicação de “História da Literatura Americana”, “Walt Whitman”, “As Greves de 1917”, e outras edições. Em 2006, escreve “Um certo Olhar pela Filatelia”, onde reflete trinta anos de  filatélica. Escreveu ainda “Memórias da Cidade”, que fixa um pouco a história e personagens de Santarém, o “Ensaio Antropológico sobre Amiais de Baixo”, e, mais recentemente, “Plano B do 25 de Abril”, uma ficção sobre a ocupação militar da cidade. Espirito vivo, detentor de uma escrita rica onde a ironia desponta com naturalidade, foi ainda colaborador em diversas publicações.

Obras principais: Sombras do Mundo, (Contos, 1953); Histórias da Literatura Americana, (1960); Walt Whitman: Vida e Pensamento, (1970); Santarém nas Guerras Liberais: 1820-1835, (1970); Amiais de Baixo: Definição de uma Área Antropológica Cultural, (1975); Os Telégrafos Postais em Hora de Luta, (1975); USA: Que Direitos Humanos?, (1979)Tratados e Convénios Postais Assinados por Portugal, (1992).

Fonte: “Jornal O Ribatejo”

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Volume V, Organizado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Publicações Europa-América, Coordenação de Ilídio Rocha, Edição de Julho de 2000, Pág. 475)

Fonte: “Catálogo Do Que Escreveram Funcionários dos Correios, Telégrafos e Telefones” (Notas Bio-Bibliográficas Coligidas por Godofredo Ferreira; Chefe de Repartição da Administração-Geral dos C.T.T.; Edição dos Serviços Culturais dos C.T.T, Editado em 1955, Pág. 62)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Tavira”

MARIA DE LOURDES BRAGA SÁ TEIXEIRA. Aviadora, natural de Lisboa, nasceu a 19-10-1907, e faleceu a 19-07-1984. Aviadora portuguesa. Foi a primeira Aviadora que prestou provas na Escola da Aviação na Granja do Marquês, em Sintra, em 1929. Tinha extraordinárias qualidades. Mais tarde, abandonou a aviação.

Maria de Lourdes frequenta o curso de aviação ao abrigo do Decreto-Lei nº 81.414, art. 2º, nº 4, de setembro de 1925, ingressando como aluna civil na Escola Militar de Aviação. O seu instrutor de voo era o então Capitão Craveiro Lopes. O interesse e a determinação de Maria de Lourdes, fez com que o seu instrutor se dedicasse à sua causa com todo o seu empenho e saber.

Após um período de formação, prestou as provas finais aos comandos de um avião biplano Caudron G.3(5), na presença do seu pai, do piloto civil Carlos Bleck, então delegado do Aero-Club de Portugal (fundado em Dezembro de 1909, dois anos antes o nascimento de Maria de Lourdes Sá Teixeira), do Governador Civil de Lisboa e de vários oficiais de aeronáutica militar

Desde cedo cresceu em si a ambição de voar. Teve de vencer primeiro a resistência no seio da própria família e posteriormente as da sociedade da época. Após muita luta e persistência conseguiu finalmente ser admitida como aluna civil na Escola de Aviação Militar em 1925. Em 1928, com 21 anos de idade torna-se na primeira mulher aviadora portuguesa. Maria de Lourdes faleceu em 1984 com a certeza de ter realizado o seu sonho e tendo dado um passo significativo para a promoção da igualdade entre homens e mulheres.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Lisboa (Freguesia dos Olivais – Jardim Maria de Lurdes Sá Teixeira); Tavira (Rua Maria de Lourdes Braga Sá Teixeira).

Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres”, (de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 1277)

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa”

“Margarida Tengarrinha, uma resistente antifascista, deixou-nos ontem”

MARGARIDA TENGARRINHA – Maria Margarida Carmo Tengarrinha Campos Costa, de seu nome completo. Escritora, Pintora e Política, natural de Portimão, nasceu a 07-05-1928, e faleceu a 26-10-2023. O seu pai era um homem que, além de gerente da delegação do Banco de Portugal em Portimão e membro proeminente da burguesia da cidade, foi também Fotógrafo e Pintor de talento.

Faz até 3º ano de Liceu na sua terra natal, transitando depois para o Liceu Pedro Nunes, em Lisboa. A 08 de Maio de 1945 integra a manifestação comemorativa do fim da II Guerra Mundial.

Iniciou a luta política em 1949/1950, integrada no MUD Juvenil, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, tendo sido membro da Comissão de Escola, de que José Dias Coelho era responsável e em 1951/1952 passa a fazer parte da Direcção Universitária do MUD Juvenil. Simultaneamente, participa na luta pela Paz e contra a reunião ministerial da NATO em Lisboa.

Nos fins de Maio desse mesmo ano, juntamente com Dias Coelho, é expulsa da Escola de Belas-Artes de Lisboa e proibida de frequentar qualquer outra Faculdade do País, pelo seu papel na luta pela Paz. Em Junho, são ambos expulsos da Escola Preparatória de Paula Vicente, na qual leccionavam.

Companheira de José Dias Coelho desde 1952, da sua relação nasceram duas filhas, uma das quais em plena clandestinidade. No decorrer do ano de 1952, Margarida Tengarrinha adere ao PCP. Na condição de militante comunista, integra uma Comissão Unitária de apoio aos presos políticos e fez parte da Comissão Democrática de Mulheres que preparou a ida de uma delegação portuguesa chefiada por Maria Lamas ao Congresso Mundial de Mulheres, realizado em Copenhaga em 1953, onde será lida uma comunicação de sua autoria com o título A Mulher, a Criança e o Fascismo.

Entre 1952 e 1955 trabalha como Redactora e Desenhadora na Revista Modas e Bordados, onde entrou pela mão de Maria Lamas. Em 1954 Margarida Tengarrinha e José Dias Coelho vivem já numa semi-clandestinidade, passando definitivamente à clandestinidade em 1955, onde ambos assumem a tarefa de montar uma Oficina de Falsificação de documentos. Margarida assume ainda a responsabilidade de editar A Voz das Camaradas, boletim interno dirigido às funcionárias das casas clandestinas e a revista Portugal-URSS. Foi redactora do jornal Avante! entre 1956 e 1961, onde escreveu vários artigos dedicados à repressão e à vida prisional.

Em 1958, é atribuído ao casal a responsabilidade de fotografar a documentação do arquivo histórico do PCP. Entre 1960-61, Margarida Tengarrinha e Dias Coelho escrevem em parceria o livro Crónicas da Resistência em Portugal, que seria publicado no Brasil. Em Portugal, a primeira edição foi publicada já depois do 25 de Abril, sob o título A Resistência em Portugal.

Depois do assassinato do seu companheiro José Dias Coelho, ocorrido em Lisboa em 19 de Dezembro de 1961, vai para Moscovo onde trabalha directamente com Álvaro Cunhal, seguindo depois para Bucareste, onde trabalha como redactora da Rádio Portugal Livre entre 1964 e 1967. Foi delegada ao VI Congresso do PCP realizado em Kiev em 1965 e membro da sua comissão de redacção.

Em 1968, regressa a Portugal e, uma vez mais na clandestinidade, assume novamente a função de redactora do Avante! entre 1968 e 1971 e, em 1969, a direcção do Sector dos Economistas de Lisboa. Em 1970, torna-se companheira de Carlos Costa, que à época era responsável pela Organização Regional do Norte. Como Margarida era menos conhecida, fica responsável pela Tipografia do Norte que imprimia todos os documentos saídos dessa Organização, o jornal O Têxtil, assumindo ainda a tarefa de redigir o jornal A Terra.

Depois do 25 de Abril de 1974, teve várias tarefas na Direcção da Organização Regional do Norte, na Direcção Regional de Lisboa e na Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP. Foi membro do Comité Central do PCP de Maio de 1974 a 1988.

Deputada pelo Algarve à Assembleia da República, cumpriu três mandatos. Voltou a dedicar-se à Pintura e em 2004 foi publicado pela Editorial «Avante!», o livro de sua autoria, Quadros da Memória. Membro do Conselho Português para a Paz e Cooperação, Margarida Tengarrinha é, ainda hoje, militante do PCP.

Em Outubro de 2014, foi-lhe atribuído o primeiro Prémio Regional Maria Veleda, tendo em conta que «a sua actividade cívica no desenvolvimento social do Algarve, o seu percurso cultural ligado às artes visuais, à investigação e à história da região, assim como toda a sua participação na formação democrática de Portugal ao longo de toda a sua vida, a tornam protagonista de uma intervenção particularmente relevante na cultura do Algarve».

Fonte: “Faculdade de Ciências Sociais e Humanas”, (Vozes Femininas da Clandestinidade Comunista 1940-1974, por Vanessa Andreia dos Santos de Almeida Setembro, 2015 Trabalho de projecto Mestrado em Antropologia Área de Especialização em Direitos Humanos e Movimentos Sociais)

Fonte: “Jornal Sul Informação”

(Publicar a 27 de Outubro de 2023)  (foto Div)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Tarouca”

CONDE DE BARCELOS – João Afonso Telo de Meneses, 6º Conde de Barcelos. Militar, nasceu cerca de 1330, e faleceu em Aljubarrota (Batalha), a 14-08-1385. Era irmão de D. Leonor Teles. Colaborador de Dom Fernando I, foi Alcaide-Mor de Lisboa, tendo ficado aprisionado em 1383. Sendo Almirante-Mor do Reino, à sua notória incompetência se deve a derrota naval de Saltes (1381) durante a 3ª guerra com Castela (1381-1383).

Aventureiro político, após a morte do Andeiro pôs-se primeiro do lado de sua irmã, depois abraçou o partido do Mestre de Avis e por fim bandeou-se com o rei de Castela, que o fez Conde de Mayorga (1384) e a cujo serviço morreu lutando contra a Pátria em Aljubarrota.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Tarouca (Rua Conde de Barcelos).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 510).

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Tabuaço”

ABEL BOTELHO – Abel Acácio de Almeida Botelho, de seu nome completo. Militar, Diplomata e Escritor, nasceu em Tabuaço, a 23-09-1855, e faleceu em Buenos Aires (Argentina), a 24-04-1917. Era filho de Luís Carlos de Almeida Botelho e de Maria Preciosa de Almeida Botelho. Oficial do Exército, Deputado Republicano e Diplomata.

Seguiu a carreira militar, frequentando o Colégio Militar entre 1867 e 1872, após a morte de seu pai. Entre 1872 e 1876 frequentou a Escola Politécnica e entre 1876 e 1878 fez o Curso do Estado-Maior da Escola do Exército.

Foi sucessivamente promovido a Alferes, em 1879; a Tenente, em 1881; a Capitão, em 1881; a Major, em 1893; a Tenente-Coronel, em 1898; a Coronel, em 1906; e a General, em 1916.

Ocupou diversos cargos na sua carreira militar, como Chefe da Repartição de Justiça no Quartel-General, Chefe do Estado-Maior da 1ª Divisão Militar e Chefe da 1ª Repartição da Secretaria do Ministério da Guerra.

Implantada a República, foi eleito Deputado, por Chaves, em 1911, e foi, mais tarde, eleito Senador, nomeado Ministro de Portugal na Argentina. O Embaixador Abel Botelho que conseguiu que a Argentina fosse o primeiro país a reconhecer o Regime Republicano Português.

Jornalista, deu vasta colaboração a jornais como “O Dia”, “Ocidente”, e “Ilustração”. Publicou em 1885 o seu primeiro livro, com o nome “Lira Insubmissa”, e em 1888 o livro de contos “Mulheres da Beira”. Um dos seus melhores romances é “Amanhã”, de 1901, o primeiro na literatura portuguesa em que o proletariado surge como personagem colectiva. Este romance é o terceiro dos cinco que constituem a série “Patologia Social”, de 1898-1910, graças à qual se tornou, em Portugal, o mais característico representante do naturalismo ou realismo exagerado.

O mesmo se verifica na sua obra teatral, por exemplo em “Jucunda”, (comédia em 3 actos, de 1889, representada no Teatro Ginásio, em várias épocas); “Claudina”, em 1890, em que ele se compraz no desenho de certas personagens mórbidas.

Foi membro da Academia de Belas-Artes e seu Inspector depois da implantação do regime republicano e da Comissão de Monumentos Nacionais.

Pertenceu à Maçonaria, tendo sido iniciado por comunicação (1910) e filiado na Loja Irradiação, nº 315, do RF, de Lisboa, com o nome simbólico de Spinosa. Irradiado em 22 de Junho de 1914 por falta de pagamento.

Obras principais: Lira Insubmissa, (versos, 1885); Claudina, (teatro, 1890); A Imaculável, (teatro, 1897); Os Lázaros, (figuras de hoje, romance, 1904); Sem Remédio, (etologia dum fraco, romance, 1900); Amor Crioulo, (vida Argentina, novela, 1919).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Arouca (Rua Abel Botelho); Cascais (Freguesia de Alcabideche – Praceta Abel Botelho); Lisboa (Freguesia de São Domingos de Benfica – Rua Abel Botelho; Edital de 12-03-1932), Seixal (Freguesia de Fernão Ferro – Rua Abel Botelho), Tabuaço (Rua Abel Botelho).

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. II, Publicações Europa América)

Fonte: “Parlamentares e Ministros da 1ª República” (1910-1926); (Coordenação de A. H. Oliveira Marques, Colecção Parlamento; Edições Afrontamento, Pág. 122 e 123)

Fonte: “Os Constituintes de 1911 e a Maçonaria”, (de António Ventura, Editora Temas e Debates e Círculo de Leitores, 2011, Pág. 65 e 66)

Fonte: “Quem É Quem”, (Portugueses Célebres, Círculo de Leitores, Edição de 2008, Pág. 97).

“Prémios Nobel da Literatura na Toponímia” (20º)

JACINTO BENAVENTE – Jacinto Benavente y Martínez, de seu nome completo. Escritor, natural de Madrid (Espanha), nasceu a 12-08-1866, e faleceu a 14-07-1954. Era filho de Mariano Benavente, Venancia Martínez. Dramaturgo espanhol, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1922 (foi o 20º Prémio Nobel da Literatura).

Cultivou todos os géneros teatrais e foi um dos primeiros dramaturgos espanhóis do século XX. Efetuando crítica social, tornou o drama realista. Entre os seus trabalhos mais célebres contam-se: Los malhechores del bien (1905), La noche del sábado (1903) e La malquerida (1913). Esta última peça foi a que obteve maior sucesso em Espanha e nas Américas. Trata-se de uma tragédia rural que aborda o tema do incesto.

Obras principais: “Rosas de Outono”, (1905); Los Interesses Creados”, (1907); “Señora Ama”, (1908); “La Malquerida”, (1913); “La Ciudad Alegre y Confiada”, (1916); “Campo de Armiño”, (1916); “Lecciones de Buen Amor”, (1924); “La Mariposa que Voló sobre el Mars”, (1926); “Pepa Doncel”, (1928); “Vidas Cruzadas!, (1940); “La Honradez de la Cerradura”, (1942); La Infanzona”, (1945); “Titania”, (1946); “La Infanzona”, (1947); “Abdicación” , (1948); “Há Llegado Don Huan”, (1952), e “El Alfiler em la Boca”, (1954).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Espanha (Calle Jacinto Benavente).

Fonte: “Infopédia – Dicionários Porto Editora”