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“Recordamos hoje, Raul Indipwo, no dia em que faria 90 anos de idade”

RAUL INDIPWO – Raul José Aires Corte Peres Cruz, de seu nome completo. Músico e Pintor, nasceu em Angola, a 30-11-1933, e faleceu no Hospital Nossa Senhora do Rosário (Barreiro), a 04-06-2006. Raul Indipwo, nome porque era mais conhecido, integrou, com Milo Macmahon (também já falecido), o Duo Ouro Negro, que surgiu em 1959. Raul e Milo conheciam-se desde a infânia, em Benguela, e quando se reencontraram, já no início da idade adulta, iniciaram um projecto centrado no folclore angolano de várias étnias  e idiomas.

O Duo Ouro Negro, ao longo de três décadss, desenvolveu uma carreira internacional no âmbito da indústria da música (edição discográfica, rádio, televisão, espectáculos), marcada por uma assinalável popularidade.

No seu repertório abordou uma diversidade de linguagens musicais, resultadi do cosmopolitismo dos seus elementos, da sua criatividade musical e da sua integração numa indústria fonográfica em expansão e autorizando a síntese de domínios musicais até então mantidos em separado.

Raul Indipwo e Milo Mac Mahon formaram a sua sensibilidade musical num meio propenso ao contacto com multiplas culturas expressivas, música ligeira, fado, música popular brasileira, ouvidas em fonogramas e, sobrfetudo, nas emissões da Emissora Nacional e da Rádio Clube de Angola.

A carreira do Ouro Negro teve, não só uma expressão nacional, também expressão internacional, actuaram em vários países, como: Suíça, França, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Espanha, etc. Raul Indipwo, além de músico desatcou-se também na pintura, tendo feito várias exposições.

O nome «Ouro Negro» foi cruiado pela Locutora da Rádio Clube de Angola, Maria Lucília Pitagrós Dias, pouco tempo antes do seu primeiro concerto em Luanda, no Cinema Restauração, em 1957.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Cascais (Freguesia de Alcabideche – Avenida Raul Indipwo); Oeiras (Rua Raul Indipwo).

Fonte: “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX” (Direcção de Salwa Castelo-Branco, 2º Volume, C-L, Temas e Debates, Círculo de Leitores, 1ª Edição, Fevereiro de 2010, Pág. 387, 388, 389 e 390)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vila Real de Santo António”

ANTÓNIO VICENTE CAMPINAS. Escritor, Jornalista e Político, nasceu em Vila Nova de Cacela (Vila Real de Santo António), a 28-10-1910, e faleceu em Vila Real de Santo António, a 03-11-1998. Era ainda menino e já escrevia no Pim Pam Pum suplemento infantil do jornal O Século, que lia nos momentos vagos na loja onde era caixeiro, em Vila Real de Santo António, depois de uma breve estada como aprendiz na banca do chamado «sapateiro remendão».

Adolescente, com outros amigos escuteiros como ele, desenvolveu intensa actividade junto de várias actividades, de editoras e de pessoas amigas, para obter livros destinados à biblioteca a instalar na sede do Grupo de Escuteiros de Portugal.

Assim nasceu a 1ª Biblioteca Pública do Concelho de Vila Real de Santo António, com um fundo inicial de mais de um milhar de livros. Neste começo, que o encaminha para a vida adulta, se encontra condensado, o que será muito da existência deste Homem: capacidade de sonhar e tenacidade na luta pela realização dos seus sonhos. De 1937 a 1939, dirigiu o semanário Foz do Guadiana, suspenso pela censura de Salazar. Dirigiu igualmente o quinzenário Jornal de Cinema.

Colaborou nos jornais regionais: Jornal do Algarve, Correio do Sul, Barlavento, O Algarve, A Planíce, Bandarra, Gazeta do Sul e Notícias da Amadora, Diário do Sul, Diário do Alentejo e Jornal do Barreiro. Também colaborou em revistas e jornais de Lisboa, Coimbra e Porto, como O Diabo (década de 30), Sol Nascente, Áquila, Cinéfilo, Pensamento, Vértice, Quatro Ventos, República.

Foi o impulsionador da transferência do Jornal de Cinema, da Figueira da Foz para Vila Real, que passou a dirigir, conseguindo que a publicação tivesse projecção nacional. Fundou e dirigiu o jornal Foz do Guadiana, nitidamente contra a corrente imposta, pelo que foi compulsivamente encerrado.

Antifascista militante. Coerente no seu estar mo mundo, foi perseguido e encarcerado. Nunca se disse vencido, nem mesmo quando, com crueldade de subtil, transferem a sua Felisbela da Estação dos CTT de Vila Real de Santo António, onde era funcionária, para outra estação em Trás-os-Montes.

O seu nome ficou marcado nos ficheiros da PIDE. Abriu uma livraria em Faro, que a PIDE, destruiu, mas, nunca se dando por vencido, abriu, em Vila Real uma papelaria-livraria, ponto de encontro de democratas e antifascistas.

Em 1960, para fugir às perseguições políticas, vai para França, onde permanece durante 14 anos, tendo fundado, aí, o jornal O Trabalhador, destinado, especialmente, a emigrantes portugueses. Regressado a Portugal, após o 25 de Abril de 1974, fixa residência em Lisboa, onde continua a desenvolver a actividade política e literária. Doente e sem possibilidade física de se locomover e sem poder escrever, regressa a Vila Real de Santo António, cuja Câmara Municipal lhe publica o seu último trabalho e, em vida, dá o seu nome a uma artéria da cidade.

Obras principais: Poesia: Aguarelas, (1937); Açucenas Bravas, (1938); Herança, (1944); A Ilha dos Sonhos Malditos, (1954); Lisboa, Outono, (1959); Proa ao Vento, (1966); Intranquilidade, (1966); Raiz da Serenidade, (1967); Catarina, (1967); Preia-Mar, (1969); Lanço de Alva, (1973); Salut Vietname!, (1973); Fieldade, (1976); Antemanhã de Liberdade, (1977); Vigilância, Camaradas, (1981); Gritos da Fortaleza, (1981); Fronteira Carregada de Futuro, (1984); Ciladas de Amor e Raiva, (1987). Prosa: Fronteiriços, (1952, edição revista em 1986); Travessia, (1953); A Prova Real, (1960); Reencontro, (1971); Homens e Cães, (1979); Três Dias de Inferno, (1980); Putos ao Deus-Dará, (1982); Rio Esperança, (1983); O Dia da Árvore Marcada, (1985); Mais Putos ao Deus-Dará, (1988); Segredo no Meio do Mar, (1989).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Faro (Praceta António Vicente Campinas); Vila Real de Santo António (Rua António Vicente Campinas).

Fonte: “Quem Foi Quem? 200 Algarvios do Século XX”, (de Glória Maria Marreiros, Edições Colibri, 1ª Edição, Dezembro de 2000, Pág. 125, 126 e 127)

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. IV, Publicações Europa América)

“Prémios Nobel da Literatura na Toponímia” (26º – 3ª)

SIGRID UNDSET. Escritora, nasceu em Kalundborg (Dinamarca), a 20-05-1882, e faleceu em Lillehammer (Noruega), a 10-06-1949. Era filha de Ingvald Undset, Charlotte Undset. Nasceu na Noruega, mas mudou-se com a família para Christiania (Oslo), na Noruega, com apenas dois anos de idade.

Influenciada pelo pai, que era arqueólogo, desenvolveu o gosto pela História medieval e pela mitologia, sagas e baladas escandinavas, tendo-se distinguido, como escritora, pelas suas representações da vida medieval escandinava. Começou a trabalhar como secretária com apenas 16 anos e em 1907 publicou a sua primeira obra: Fru Marta Oulie, uma história de infidelidade conjugal. Publicou de seguida uma série de contos, mas foi com a sua segunda novela, Fortellingen om Viga-Ljot og Vigdis, uma saga nórdica lançada em 1909, que conseguiu uma bolsa do Governo, permitindo-lhe continuar a escrever sem ter de recorrer a outro emprego.

Aquela que é considerada a sua obra-prima, uma trilogia intitulada Kristin Lavransdatter, cuja história se centra na vida de uma mulher católica na Noruega dos séculos XIII e XIV, foi escrita entre 1920 e 1922. Foi galardoada com o Prémio Nobel da Literatura em 1928 (foi o 26º Prémio Nobel da Literatura, e o 3º atribuído a uma mulher).

Com a ocupação da Noruega pelos Nazis em 1940, tornou-se membro da resistência e os seus livros foram proibidos pelas autoridades alemãs.

Exilou-se nos EUA, não deixando, no entanto, de ajudar a resistência até voltar à Noruega após a Segunda Guerra Mundial. Recebeu a Grande Cruz de Sto. Olavo pelos seus feitos.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Dinamarca (Skoled Sigrid Undset); Noruega (Veg Sigrid Undsets).

Fonte: “Infopédia – Dicionários Porto Editora”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vila Real”

LOURENÇO CAMILO COSTA – Lourenço Camilo Ferreira da Costa, de seu nome completo. Professor, nasceu em Vila Real, nasceu em 1939, e faleceu a 04-01-2021. Depois do estudo liceal em Vila Real partiu para a Universidade, onde se licenciou em Biologia. Quis o destino que a sua colocação como Professor fosse o Liceu Nacional de Vila Real, hoje Escola Secundária Camilo Castelo Branco cujo patrono, esse grande escritor, foi uma das personalidades de pesquisa e estudo do Dr. Lourenço Camilo Ferreira da Costa.

Embora já entranhado nos elencos directivos do Sport Clube de Vila Real, assumiu as funções de Presidente da Comissão Directiva, hoje Direcção, na época 1965/1966, acompanhado, entre outros, pelos senhores Valdemar Ferreira Vilela, Joaquim Pereira de Matos, Emílio Vicente Ferreira, António Queirós Madureira, António Ferreira e Alfredo Teixeira. Voltaria ao topo da Direção em 1975 – 1977, com as funções de Vice-presidente.

Na década de 80 foi vice-presidente do Académico Alves Roçadas. Foi sócio fundador do Sport Vila Real e Benfica tendo desempenhado as tarefas de Presidente, Dirigente e treinador, tendo incentivado muitos jovens a praticar o andebol.

Sócio de Mérito da Associação de Andebol de Vila Real recebeu também várias condecorações pelos serviços prestados ao desporto. Pertencia à Comissão de Toponímia da Câmara de Vila Real e em 13 de junho de 1993 recebeu a Medalha de Prata de Mérito Municipal de Vila Real. Participou em algumas edições da Revista Tellus.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Vila Real (Rua Doutor Lourenço Camilo Costa)

Fonte: “A Voz de Trás-os-Montes”

Fonte: “FM – Rádio Universidade”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vila Pouca de Aguiar”

ANTÓNIO GIL. Professor, nasceu em Paredes do Rio, Freguesia de Covelãs (Montalegre), a 23-09-1916, e faleceu em Vila Pouca de Aguiar, a 22-02-1995. Entrou para o Seminário de Vila Real, no ano lectivo de 1931-1932, mas já no terceiro ano. Foi o sacerdote nº 23 a ser ordenado pela Diocese de Vila Real.

Foi colocado em Vila Pouca de Aguiar e aí desenvolveu um importante papel, a vários níveis, nomeadamente no ensino. Abandonou a actividade sacerdotal e constituiu família.

Com o 25 de Abril de 1974 aderiu à política e, graças à popularidade de que gozava, como padre, foi eleito Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, pelo PSD, durante três mandatos.

Foi professor na Escola Secundária de Vila Pouca de Aguiar. Era irmão de José Gil.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Vila Pouca de Aguiar (Rua Doutor António Gil)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vila Nova de Poiares”

ACIDÁLIA QUARESMA – Acidália Lopes Quaresma, de seu nome completo. Professora, natural de Louredo, Freguesia de Arrifana (Vila Nova de Poiares), nasceu a 14-06-1921, e faleceu a 10-12-2007. Foi Professora Primária durante meio século no concelho que a viu nascer assim como nos concelhos limítrofes e da Beira Serra, entregando-se de “alma e coração” aos seus meninos, transmitindo-lhes não só os rudimentos básicos da formação intelectual, mas também os não menos importantes valores que devem servir de referência a cada ser humano na sua vida de relação com os demais.

Quando se aposentou no limite da reforma aos 70 anos a Professora acarinhada do povo continuou até a sua saúde assim o permitir como Catequista da sua Freguesia, Paróquia da Arrifana, mantendo o contacto com as crianças.

Em 2004 foi lançado um livro de poesias “Mensagens de Fé e Amor” onde se retrata uma vida de coisas simples, de amor e de vida com o pseudónimo, “Maria do Sol-Poente”. Dá também o nome a uma rua na Freguesia de Arrifana, inscrita na toponímia do concelho como “Rua Acidália Quaresma”, em percurso que realizou ano após ano para a sua escola primária e para as salas paroquiais em prol do ensino e educação de crianças e jovens.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Vila Nova de Poiares (Freguesia de Arrifana – Rua Acidália Quaresma)

Fonte: “Direcção Regional de Cultura do Centro”, (As Mulheres na Cultura e na Salvaguarda do Património Imaterial da Região Centro)

Fonte: “Município de Vila Nova de Poiares”, (Edital nº 20/2016; Toponímia da Freguesia de Arrifana)

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vila Nova de Gaia”

OLIVEIRA E SILVA – António Guedes de Oliveira e Silva, de seu nome completo. Motorista e Político, nasceu em Vila Nova de Gaia, a 01-05-1901, e faleceu no Tarrafal (Cabo Verde), a 03-11-1941. Era filho de Adelaide Amália Carolina e de pai incógnito. Motorista (“Chauffer”) e militante comunista, foi preso em 07-11-1937, recolhendo a uma esquadra incomunicável. Transferido para a Cadeia do Aljube em 17-03-1938 e, um mês depois, a 22-04-1938, dá entrada na enfermaria, de onde tem alta no dia 28 de Abril.

Regressa à enfermaria do Aljube em 15-07-1938, sendo-lhe dada alta no dia 19, sendo transferido para o Reduto Norte do Forte de Caxias em 11-08-1938. Em 09-12-1938 é enviado para a 1.ª Esquadra, regeressando a Caxias no dia seguinte. Em 28-02-1939, é de novo transferido para a 1.ª Esquadra, regressando, mais uma vez a Caxias em 05-03-1939 e, no dia 14 desse mesmo mês de Março, vai de novo para a 1.ª Esquadra, sendo condenado em Tribunal Militar Especial, no dia seguinte, na pena de 11 anos de degredo “numa das Colónias, com prisão por 1 ano no lugar de degredo, 20.000$00 de multa e na perda dos direitos políticos por 10 anos”.

Em 1 de Abril de 1939, culminando todo o historial de violências de que fora vítima (basta atentar nas sucessivas transferências de cadeia), foi enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde viria a morrer, devido a uma biliosa, no dia 3 de Novembro de 1941, com a idade de 40 anos.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Vila Nova de Gaia (Rua Oliveira e Silva).

Fonte: “Jornal Avante,  nº 1717, de 26 de Outubro de 2006”

Fonte: “Memorial aos Presos e Perseguidos Políticos”

“Toponímia com Ligações ao Fado”

JOSÉ BLANC DE PORTUGAL – José Bernardino Blanc de Portugal, de seu nome completo. Escritor, natural de Lisboa, nasceu a 08-03-1914, e faleceu a 14-05-2000. Licenciou-se em Ciências Geológicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Cursou História da Música e Língua e Literatura Árabe, frequentando também cadeiras de Psicologia. Meteorologista da Pan American Airwais.

Passou ao Serviço Meteorológico Nacional onde desempenhou cargos directivos na Sede, Açores, Cabo Verde, Angola e Moçambique. Representou o país em reuniões técnicas da Organização Mundial de Aviação Civil e da Organização Meteorológica Mundial em que foi vice-presidente da Associação Regional I (África). Nomeado Adido Cultural junto da Embaixada de Portugal em Brasília, pediu exoneração do cargo para assumir a vice-presidência do Instituto da Cultura Portuguesa.

Publicou: Introdução ao Estudos das Correntes de Jacto, (1955). Crítico literário deu a lume Anticrítico, (1960). Crítico musical durante dezenas de anos, publicou: Quatro Novíssimos da Música Actual, (1962).

Assinalou-se sobretudo como Poeta, foi co-fundador e co-director dos Cadernos de Poesia. Com o volume Parva Naturalia, (1960), obteve o Prémio Fernando Pessoa e com Odes Pedestres, o Prémio da Imprensa.

Outras obras: O Espaço Prometido, (1960), Descompasso, (1986); Enéades, Nove Novenas, (1989); Quaresma Abreviada, (1997); Estrofes, (2000).

José Blanc Portugal é autor da música do poema “Dá-me o Braço, Anda Daí”, com letra de Linhares Barbosa, interpretado por Amália Rodrigues, por Joana Amendoeira, e por Maria Ana Bobone, no CD “Alma Nova”, (em conjunto do os Fadistas Miguel Capucho e Rodrigo da Costa Félix, de1993)

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Charneca de Caparica – Rua Blanc de Portugal); Seixal (Freguesia de Fernão Ferro – Rua José Blanc de Portugal).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 431).

“Pessoas Vinculadas aos CTT”

GONÇALVES LAVRADOR – Fernando Gonçalves dos Santos Ferreira Lavrador, de seu nome completo. Engenheiro e Cinéfilo, natural da Freguesia de Paranhos (Porto), nasceu a 13-03-1928, e faleceu a 20-08-2005. Era filho de Manuel Ferreira Lavrador e de Maria José dos Santos Lavrador. interesse pela cultura e arte, começou bem cedo. Aos cincos anos de idade já assistia a espetáculos de teatro e ópera.

Foi no Liceu Alexandre Herculano que se começou a relacionar com outros estudantes com os quais colaborou na fundação do Clube Português de Cinematografia, mais tarde designado por Cineclube do Porto. Concluído o curso liceal, ingressou, como aluno, na Universidade do Porto (Faculdade de Ciências e Faculdade de Engenharia), onde obteve, em 1953-1954, a Licenciatura em Engenharia.

A sua actividade profissional dividiu-se  por duas áreas distintas: a de ensaísta (sobretudo no campo da Semiótica e da Filmologia) e a de Engenheiro Electrotécnico, de Telecomunicações, Telegráfico e de Telefiabilidade. Depois de um estágio na EFACEC, especializou-se em Telecomunicações e trabalhou em estudos de comutação telefónica automática e de teletráfego no GECA (Grupo De Estudos de Comutação Automática), organismo pertencente à Direcção dos Serviços Técnicos dos CTT.

A partir de 1964, trabalhou no Gabinete de Estudos da Fábrica de Motores Eléctricos Rabor (Ovar) e, posteriormente, foi engenheiro-chefe dos Serviços de Manutenção de Instrumentos e de Equipamentos de Controle Pneumáticos.

No início dos anos 1980, regressou aos CTT, mais tarde Portugal Telecom, ingressando no (CET) Cento de Estudos de Telecomunicações, em Aveiro.

Como ensaísta, deixou colaboração dispersa por vários jornais e revistas, como “Sol”; “Portucale”; “Vértice”; “Via Latina”, entre outras. Foi dirigente e colaborador do Clube de Cinema de Coimbra. Mais tarde colaborou com o Cineclube de Aveiro (numa tentativa de ressurgimento deste Cineclube). Foi ainda um dos fundadores e dirigentes da Cooperativa de Cinema “Grande Plano” de Aveiro, já extinta.

Em 1996, Fernando Lavrador foi agraciado pela Câmara Municipal do Porto, no âmbito das Comemorações dos 100 Anos do Cinema Português, com a Medalha de Ouro de Mérito Cultural daquela autarquia, pela “obra ímpar que realizou no campo do estudo da semiótica do cinema”.

Em 2010, o “AVANCA’10 – Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia” homenageou Fernando Lavrador, tendo o Cineclube de Avanca criado o “Prémio Eng.º Fernando Gonçalves Lavrador”, que distinguiu a melhor comunicação apresentada na conferência daquele evento.

Igualmente, Fernando Lavrador foi alvo, em fevereiro de 2006, de uma homenagem conjunta promovida pela ADERAV (Associação de Defesa e Estudo do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro), Teatro Aveirense, Cineclubes de Aveiro, do Porto e de Avanca, que contou com o apoio empenhado da PT Inovação, da Portucel, do Instituto de Telecomunicações e da Delegação de Aveiro da Ordem dos Engenheiros.

Fonte: “Cineclube de Avanca”

Fonte: “Aveirenses Notáveis”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vila Nova de Foz Côa”

MOUZINHO DA SILVEIRA – José Xavier Mouzinho da Silveira, de seu nome completo. Magistrado e Político, nasceu em Castelo de Vide, a 12-07-1780, e faleceu em Lisboa, a 04-04-1849. Mouzinho da Silveira, o Jurisconsulto que fundou o Supremo Tribunal de Justiça. Descendendo de antigas famílias da nobreza e fidalguia da Vila e da região, embora por linhas secundárias, era filho de Francisco Xavier de Gomide, Médico do Hospital Militar da praça localizada na Vila, falecido em 1799, e de Domingas da Conceição Mouzinho da Silveira, e o primogénito dos seis filhos conhecidos, nestes se incluindo as irmãs solteiras e o irmão Padre com quem passou parte dos últimos anos da sua vida.

Depois de estudar as primeiras letras na sua «pátria», foi em 1796 para Coimbra, onde obteve em 1801 o grau de Bacharel em Leis e no ano seguinte a Formatura.

Regressou depois a Castelo de Vide para aí exercer pela primeira vez funções de Advogado, tratando de vários assuntos respeitantes ao património familiar, nestes se incluindo o despejo de um lavrador da herdade da Silveira (Crato).

Requereu em 1802 e obteve anos mais tarde a habilitação na leitura de Bacharéis do Desembargo do Paço.

Em 1804 veio para Lisboa onde, sob o patrocínio do seu conterrâneo Desembargador Sameiro, se dedicou à Advocacia nos Tribunais da Corte. Aqui frequentou os círculos de discussão, aprofundou as leituras e obras proibidas e, mais tarde, foi iniciado na Maçonaria, demonstrando de início inequívoca simpatia pela ocupação francesa verificada em Outubro de 1807.

Depois de uma nomeação sem efeito, foi por fim provido em Janeiro de 1809 no ofício de Juiz de Fora da Vila de Marvão, na qual possuía bens e veio a adquirir outros, e onde participou na organização da defesa contra os franceses.

Em 1813 foi nomeado Juiz de Fora em setúbal, funções que acumulou deste 1814 com as de Juiz do Tombo dos Bens da Casa Real. Foi ainda Auditor dos Conselhos de Guerra em Setúbal e Alcácer do Sal, como antes já fora em Elvas.

Nomeado Provedor de Portalegre em 1817, Mouzinho da Silveira tinha antes casado com Teresa Guilhermina, filha de um simples dono de escaler, de quem lhe nasceu um único filho.

Na sequência do pronunciamento de Agosto de 1820 e do início da primeira experiência liberal, Mouzinho da Silveira foi nomeado Administrador-Geral das Alfândegas em Abril de 1821, tendo participado em diversas iniciativas constitucionais e nas actividades da Sociedade Patriótica Lisbonense.

Foi eleito Deputado pela Província do Alentejo. Ainda nesse ano seria eleito para a Comissão Parlamentar de Verificação de Poderes, para a da Fazenda, da Câmara dos Deputados, e para a Mista das Duas Câmaras para a Lei sobre o empréstimo de dois mil contos. Nos dois anos seguintes foi sucessivemente eleito para a Comissão da Fazenda e para a de Verificação de Poderes.

Eleito Deputado substituto pelo Alentejo nas primeiras eleições posteriores ao triunfo fo liberalismo, em 1834, ainda em Dezembro desse ano foi nomeado para a Comissão encarregada de examinar o projecto sobre a nova moeda.

Entretanto, realizaram-se novas eleições a 31 de Julho de 1836, nas quais foi eleito Deputado pelo Alentejo, mas não chegou a tomar posse em resultado da Revolução de Setembro de 1836, que repôs em vigor a Constituição de 1822, a qual se recusou a votar, demitindo-se do cargo de Director das Alfândegas de Lisboa. Novamente eleito pelo Alentejo no quadro das eleições realizadas de acordo com a nova Constituição de 1838, tomou posse a 22 de Fevereiro de 1839. Nesta sua terceira experiência parlamentar, as suas intervenções foram menos numerosas. Falou largamente em defesa do seu Decreto de 13 de Agosto, ou seja, da lei dos forais de 1832, e, pontualmente, sobre outras matérias, como as côngruas dos Párocos e os seus direitos alfandegários.

Em 1842, perdeu a eleição a Deputado pelo Alentejo por apenas dois votos. Retirou-se então quase completamente da vida pública, embora tenha manifestado a sua simpatia pelos “Patuleias” nos confrontos civis de 1846-1847.

Refugiado a maior parte do tempo na sua terra natal e na administração dos seus bens, assumiu em bo amedida a atitude que mais tarde seria retomada pelo seu mais devoto cultor, Alexandre Herculano.

Foi, também, interino da Justiça, onde procedeu a reformas notáveis, como a abolição dos dízimos e dos direitos reais, a separação da função judicial da função administrativa, a criação do Supremo Tribunal de Justiça e a supressão da hereditariedade dos cargos públicos e de muitos outros privilégios. A sua obra, ainda hoje, pode ser considerada a base jurídica do Portugal contemporâneo.

Mouzinho da Silveira está homenageado na Sala dos Passos Perdidos da Assembleia da República numa pintura a óleo de Columbano, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa numa pintura a óleo de José Rodrigues (1866) e também o Museu Grão Vasco possui um retrato de Mouzinho da autoria de Columbano.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Alcobaça (Freguesia de Alfeizerão – Largo Mouzinho da Silveira); Almada (Cidade de Almada – Largo Mouzinho da Silveira; Freguesia de Charneca de Caparica – Rua Mouzinho da Silveira);  Arouca (Rua Mouzinho da Silveira); Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana – Rua Mouzinho da Silveira); Castelo de Vide (Rua Mouzinho da Silveira); Grândola (Rua Mouzinho da Silveira); Guarda (Rua Mouzinho da Silveira); Lisboa (Freguesia de Santo António, ex-Freguesia do Coração de Jesus – Rua Mouzinho da Silveira; por Deliberação Camarária de 06-05-1882); Maia (Avenida Mouzinho da Silveira); Oeiras (Freguesia de Queijas – Rua Mouzinho da Silveira); Ponte de Sôr (Rua Mouzinho da Silveira); Porto (Rua Mouzinho da Silveira); Seixal (Freguesia de Fernão Ferro – Rua Mouzinho da Silveira); Sesimbra (Rua Mouzinho da Silveira); Valongo (Freguesia de Campo – Rua e Travessa Mouzinho da Silveira; Freguesia de Valongo – Rua Mouzinho da Silveira); Vila Nova de Famalicão (Rua Mouzinho da Silveira); Vila Nova de Foz Côa (Rua Mouzinho da Silveira).

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910”, (Vol III, de N-Z), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento” (Pág. 745, 746, 747 e 748).

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa – Toponímia de Lisboa”