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Joana Luísa da Gama, a companheira do Poeta Sebastião da Gama, que tudo fez para manter viva a memória do Poeta, se fosse viva, faria hoje 100 anos

JOANA LUÍSA DA GAMA – Joana Luísa Rodrigues da Gama, de seu nome completo. Divulgadora Cultura, natural de Azeitão (Setúbal), nasceu a 28-02-1923, e faleceu a 15-04-2014. Joana Luísa, que viria a ser a amiga, a companheira e a mulher de Sebastião da Gama. Joana Luísa da Gama foi a nossa associada nº 1 desde que a Associação Cultural Sebastião da Gama foi criada em 2006. O seu contributo para a expansão da Associação e sobretudo para a concretização dos seus objectivos foi inesquecível, tendo estado sempre disponível para participar na divulgação da obra do poeta azeitonense e para dar a conhecer a sua obra e a sua mensagem. Connosco colaborou em acções sem conta; connosco visitou escolas, associações, exposições ligadas a Sebastião da Gama.

Se a grandeza e a dimensão da obra do poeta da Arrábida são hoje conhecidas, em parte isso é devido a Joana Luísa da Gama, na sua postura de conservadora do espólio e de incentivadora do estudo da obra do poeta. Não fosse a sua acção e, provavelmente, não saberíamos de Sebastião da Gama aquilo que hoje conhecemos!…

Infelizmente, o seu estado de saúde passou a ser preocupante de há cerca de dois anos a esta parte, na sequência de um avc. Progressivamente, o estado de saúde complicou-se e, na noite de terça-feira, Joana Luísa da Gama partia ao encontro do seu poeta.

Dela nos ficou a força para se prosseguir na divulgação da obra do poeta. Dela nos ficou o entusiasmo perante a beleza da Arrábida e perante a estética dos versos que Sebastião produziu no seu trajecto de vida e da serra. Dela nos ficou o ensinamento de que a poesia é forte relação de compromisso que faz ressaltar a beleza do mundo.

No ano passado, a Associação Cultural Sebastião da Gama promoveu a edição da obra “Estala de saudade o coração”, reunindo as crónicas e as memórias de Joana Luísa sobre Azeitão e sobre Sebastião da Gama, um conjunto memorialístico digno de apreço pelo que revela ao leitor comum.

Fonte: “ACSG – Associação Cultural Sebastião da Gama”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Valença”

PINTO DA MOTA – António de Almeida Pinto da Mota, de seu nome completo. Engenheiro, Militar e Político, natural de Valença, nasceu a 28-09-1865, e faleceu a 23-02-1951. Era filho de António Pinto da Mota e de Maria Joaquina de Almeida.

Alistou-se como voluntário no Batalhão de Caçadores nº 7 em 30-06-1881. Foi Alferes em 10-01-1890, no Regimento de Engenharia, e Capitão em 18-06-1901, tendo-se reformado da vida militar em 12-06-1915.

Concluiu, em 1881, o Curso do Colégio Militar. Era Bacharel pela Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra (1886) e tinha ainda o Curso de Engenharia Militar da Escola do Exército (1889).

Engenheiro de profissão e rico proprietário agrícola, foi Deputado durante a Monarquia, eleito pelo círculo de Viana do Castelo, em 1904, 1906, 1908 e 1910, concorrendo sempre pelo Partido Regenerador, que nas eleições de Agosto de 1910 se coliga, no entanto, com outros partidos conservadores.

Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Valença, em Novembro de 1932, passou a fazer parte, como Vogal, da Comissão Distrital da União Nacional de Viana do Castelo. Em 1935 pertence, também como Vogal, ao Conselho de Estado.

Foi eleito Deputado à Assembleia Nacional na I e na II Legislaturas (1935-1938 e 1938-1942, respectivamente). Era o Deputado mais idoso em ambas as Legislaturas (tinha 69 anos quando integrou pela primeira vez a lista da União Nacional), tendo vindo a ser eleito Vice-Presidente da Assembleia.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Valença (Avenida Pinto da Mota).

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1935-1974, (Volume II de M-Z), Direcção de Manuel Braga da Cruz e António Costa Pinto, Colecção Parlamento, Pág., 190).

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910”, (Vol II, de D-M), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento, (Pág. 1003).

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vale de Cambra”

ANTÓNIO MARTINS FERREIRA. Empresário e Escritor,  nasceu no lugar de Baçar, Freguesia de São Pedro de Castelões (Vale de Cambra), a 13-09-1896, e faleceu a 04-01-1975. Era filho de Manuel Martins, natural de Baçar, e de Carolina Augusta Rosa de Almeida, natural de Rôge.

Viveu a sua infância e juventude em Baçar, sempre dedicado a trabalhar e a orientar as propriedades da família, frequentou o ensino Primário no lugar de Cabril.

Aos 21 anos casou com uma parente distante, Adelaide de Almeida Martins, natural de Lordelo, Vale de Cambra. Tiveram três filhos, dois rapazes e uma rapariga, morrendo esta muito nova, ficando como únicos filhos, Amaro de Almeida Martins Ferreira e Manuel de Almeida Martins Ferreira. Quando casou decidiu acrescentar ao seu nome o apelido Ferreira, pertencente a todos os descendentes da casa de Pedre. Na década de 1920, emigrou para o Brasil como muitos outros em busca de melhores condições de vida. Após curta estada, regressou a Portugal, por motivos de saúde.

O seu estatuto de proprietário rural, conhecedor das dificuldades com que o setor vinícola se deparava no concelho, impulsionou-o a aderir à comissão fundadora da Sociedade Vinícola do Vale do Cambra. Tentou mais tarde a indústria, na área dos laticínios, criando, na sua residência particular, uma pequena empresa de manteiga. No entanto continuou insatisfeito com a sua situação económica, mudou-se para Beja em 1933 onde passou a residir com a família dedicando-se ao comércio de laticínios. Aí permaneceu alguns anos, no entanto quando surgiu uma proposta para trabalhar em Lisboa como representante de uma empresa produtora de cordas, muda-se novamente com a família, agora para a capital. Não conseguindo aí também o sucesso que esperava regressou, passados uns meses, a Vale de Cambra.

No mesmo local onde já tinha instalado a antiga fábrica, volta a criar uma pequena empresa, de chocolate e manteiga, cuja comercialização era também por ele assegurada. Contudo, o seu negócio ressente-se da conjuntura económica e política da década de 1940 e foi obrigado a desistir deste projecto.

Iniciou uma nova etapa na sua vida, trabalhando como escriturário em algumas empresas de Vale de Cambra, a empresa Moreira de Paiva e filhos, Lda. foi a última em que trabalhou até à sua reforma. Durante esses anos, dedicou parte do seu tempo à escrita, uma paixão antiga. Em Beja iniciara-se como correspondente do “Jornal de Cambra”, escrevendo crónicas sob o pseudónimo de Quintiliano Negrão, em homenagem, segundo relatos de familiares, a Marcus Fabius Quintilianus. Desconhece-se a razão pela qual escolheu Negrão como apelido.

Em Vale de Cambra, foi correspondente local do jornal ” O Século” durante vários anos, recebendo em casa este jornal diariamente. O hábito da leitura e escrita nos jornais passou depois para os seus filhos Amaro e Manuel, que dedicaram parte da sua juventude ao teatro, integrados no Clube Recreativo Mocidade de Castelões, e à escrita de contos, crónicas e peças de teatro.

A correlação com a gente e a história da sua terra natal fortaleceu-se quando regressou de vez a Vale de Cambra. O trabalho de campo que efetuou pelo concelho numa recolha e pesquisa etnográfica, permitiu-lhe conhecer o riquíssimo património cultural e imaterial existente. Estes registos foram publicados mais tarde nos seus livros, o primeiro intitulado “Vale de Cambra” e o segundo ” Vale de Cambra e o Santuário de Nª Sra da Saúde”. Para estas publicações contribuíram os apoios comerciais de várias entidades vale-cambrenses.

De referir o carinho, o respeito e admiração que sempre nutriu pelo espaço sagrado que rodeia o local do culto da Nª Sra da Saúde. Este foi sempre para ele um sítio especial, um refúgio de paz e de luz que visitava sempre que a oportunidade surgisse, ora passeando pelas sombras dos carvalhos, ou sentando-se muitas vezes unicamente a apreciar a paisagem e meditando sobre a vida. Comprou mesmo um terreno perto da ermida.

No seu livro sobre o santuário da Senhora da Saúde,  é evidente a sua paixão pelo lugar e a sua preocupação na conservação tanto do espaço físico como do edificado.

Começou a escrever um romance a que deu o título “Escravos do Destino” que não chegou a concluir.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Vale de Cambra (Rua António Martins Ferreira)

Fonte: “Calambria – Câmara Municipal de Vale de Cambra, Publicado por: Manuel de Almeida Martins Ferreira, Maria Manuela R. Martins Ferreira, Maria Clara R. Martins Ferreira, Olga Maria R. Martins Ferreira e Hélder A. R. Martins Ferreira”.

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Vagos”

ALDA SANTOS VÍTOR – Alda Soares de Melo Cardoso dos Santos Vítor, de seu nome completo. Autarca, nasceu em Aveiro, em 1922, e faleceu em Vagos, a 22-08-2018. Descendente de uma família nobre, na casa onde funciona a sede da Junta de Freguesia da Glória, junto ao Quartel dos Bombeiros Velhos. Alda dos Santos Vítor, foi uma das cinco primeiras mulheres eleitas Presidentes de Câmara, em mais de 300 Municípios, nas primeiras eleições autárquicas após o 25 de abril de 1974, disputadas em Dezembro de 1976.

Alda dos Santos Vítor foi eleita aos 55 anos pelo CDS, tendo vencido nas duas eleições seguintes, a última das quais pelo PPM. Era conhecida por muitos pela sua atitude de uma verdadeira política, frontal, proactiva, sem medos e de um elevado sentido de disponibilidade para a causa pública

Em 2012, a ex-Presidente da Câmara Municipal de Vagos, Alda dos Santos Vítor, viu o seu trabalho reconhecido na Gala Vaga D’Ouro, iniciativa da rádio Vagos FM e do jornal O Ponto, onde lhe foi atribuído o Prémio Carreira. Já este ano, nas celebrações do 25 de Abril, a Câmara Municipal de Vagos homenageou várias mulheres que desempenharam funções no poder local, no pós 25 de Abril, entre elas Alda dos Santos Vítor, que não esteve presente na cerimónia por motivos de saúde.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Vagos (Freguesia de Soza – Rua Dona Alda Santos Vítor)

Fonte: “Câmara Municipal de Vagos”

“Pessoas Vinculadas aos CTT”

VENTURA MOUTINHO – Ventura da Costa Moutinho, de seu nome completo. Funcionário dos CTT e Artista Plástico, nasceu em Murça, a 24-04-1903, e faleceu em Lisboa, a 10-02-1967. Terminado o Curso na Escola dos CTT, ingressou, em 1924, nos Serviços, sendo nos últimos anos no desempenho de Exactor da Estação Central de Encomendas Postais de Lisboa, aposentando-se, como 1.° oficial, em 1957.

Logo nos bancos escolares, no então liceu de Vila Real, mais se acentuou a sua atracção para o mundo das Artes Plásticas, tendo para tal frequentado aulas de Pintura e de Desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo sido aluno dos Mestres Frederico Aires e Mário Augusto, e depois, em Paris com o Mestre Louis Eugéne Dumont (sempre que a profissão o deixava livre).

Para lá da paisagem, do mar e do pitoresco urbano, que com muita perícia e sensibilidade o tocavam, igualmente não descurava o retrato, nem tão pouco as naturezas mortas, quer no nosso País, quer no estrangeiro, principalmente, nas suas fortuitas estadas em França, Suíça e Espanha. Sua preferência o estilo “figurativo”, que numa referência feita na “Revista Correios e Telecomunicações”, n.° 2, 1967, pelo também nosso colega Eduardo da Cunha Serrão, preferia o género figurativo e, como os impressionistas, traduzia as formas, volumes e o espaço onde as coisas se situam em vários planos, pelas vibrações luminosas e multicolores emitidas, concepção de realidade óptica esta, em que se assentava o primeiro abalo sério que sofreu o academismo que já não continha os seus métodos condições de evolução; e a tal ponto era fascinante a forma impressionistas, que ainda hoje prende pintores e público. Citaremos, entre outras, as telas “A Serra de Sintra”, “Ao Longe”, “Galamares”, “Linha da Beira Alta”, “Penhascos Transmontanos”, etc. e os retratos do marechal Carmona (figurando no Palácio do Governador de Bissau), do pianista João Maria de Abreu e Mota, entre muitos outros. Está representado em diversas colecções particulares e oficiais, no país e estrangeiro: (Brasil, Estados Unidos, França, Bélgica, etc.), Museu Nacional de Arte Contemporânea de Lisboa, nos municipais de Sintra, Figueira da Foz, Lagos, Ovar, Vouzela, Palácio Ducal de Vila Viçosa, Junta Provincial de Beja, etc..

Por diversas vezes expôs (colectiva e individualmente), por todo o País e no estrangeiro. Obteve diversas distinções (medalhas da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, Junta da Província da Beira Alta, Câmara Municipal de Sintra, Casa do Ribatejo, Salão do Estoril, o 1.° prémio e Hors Concours, do Centro Cultural dos CTT, 1950 e 1951, com as telas “Nazaré” e “Galeana”, esta última adquirida pelos CTT belga, quando em Bruxelas se efectivou o 13.° Congresso da União Postal Universal, onde foram expostos trabalhos de Artistas Postais (10 a 15.6.1952). A sua última presença efectuou a (1966) numa colectiva do Grupo de Artistas Portugueses, no S.N.I., Lisboa, e que mereceu esta crítica: “continua a pintar com grande qualidade fundos de toques preciosos, formas de cores densíssimas, uma sombria ao mesmo tempo lucilante visão das coisas”.

Por diversas vezes fez parte dos corpos directivos da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, Grupo de Artistas Portugueses e Círculo Cultural e Artístico Mário Augusto.

Fonte: “Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses, Coordenado por Barroso da Fonte, Volume I”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Trofa”

AUGUSTA REIS – Maria Augusta de Oliveira Reis, de seu nome completo. Etnógrafa e Folclorista, nasceu na Freguesia de São Martinho do Bougado (Trofa), na altura pertencente ao Concelho de Santo Tirso, a 05-03-1921, e faleceu no Hospital de Trofa, a 24-02-2016. Era filha de Manuel Dias da Costa Reis e de Maria da Costa Reis. Maria Augusta Reis, considerada a mãe do Folclore Trofense e uma das embaixadoras da cultura Etnográfica e Folclórica do Concelho.

Maria Augusta de Oliveira Reis, mais conhecida por Augusta “Chata”, faleceu esta quarta-feira, 24 de Fevereiro, vítima de doença prolongada, a poucos dias de completar 95 anos de idade.

A ela, o Concelho deve a criação de dois Ranchos Folclóricos e o acervo com valor cultural inestimável, composto por trajes, instrumentos, ferramentas, livros e fotografias e que doou ao Município com o sonho de ver nascer um Museu Etnográfico.

Depois de aprender as primeiras letras com o Mestre Portela, na Lagoa, Santiago de Bougado, Maria Augusta Reis frequentou a Escola Primária que existiu junto à Capela de Nossa Senhora das Dores e depois a Escola do Parque Dr. Lima Carneiro. Após concluir a Terceira Classe, e face aos parcos recursos financeiros da família, teve de abandonar os estudos e iniciou uma vida de trabalho, na jorna nas casas de lavoura e ajudando a mãe na venda de lenha e carqueja para alimentar os fornos caseiros. Com apenas 13 anos entrou na fábrica de tecelagem de António Ferreira Lima e até à sua aposentação, em 1973, passou pela indústria do conhecido Mário “Moleiro” e na fábrica de Abílio Lima.

Mas foi na recolha das tradições e na preservação dos usos e costumes do passado que Maria Augusta Reis construiu um legado que ficará, para sempre, marcado na história do Concelho. Fazia rondas às casas de lavoura e, com auxílio de um gravador, recolhia cantigas, quadras populares e rezas. Este interesse levou à fundação do Rancho Folclórico da Trofa, que fez a estreia na Feira Anual da Trofa, a 1959.

Divergências com elementos do grupo fê-la abandonar o projecto, mas não o folclore. Dois anos mais tarde, incentivada por várias senhoras da terra, incluindo a mãe, criou o Rancho das Lavradeiras da Trofa, que também fez a primeira grande actuação na Feira Grande, em 1962, mas que só passou a existir legalmente a partir de 1982. Para erguer este projecto, Maria Augusta empenhou-se na captação de jovens, na angariação de fundos e recolha de indumentária e até pôs mãos à obra na confecção de trajes que reproduziam modelos antigos.

Sócia n.º 1 deste Rancho, foi Presidente da Direcção em 1982 e foi Directora Artística até 27 de Março de 1983. Nesta relação umbilical à cultura, Maria Augusta Reis integrou ainda a Federação Portuguesa de Folclore. Uma das muitas histórias que viveu passou-se em Agosto de 1960 quando participou no Festival de Traje no Palácio de Cristal, no Porto, com um casal de lavradeiras ricas, que mereceu 1.º Prémio, e com um traje do séc. XVII que ganhou o 2.º Prémio.

Do ponto de vista associativo e cívico, Maria Augusta Reis participou em vários eventos com vista a angariação de fundos, um deles a favor do Clube Desportivo Trofense.

Em 2012 recebeu a Medalha de Mérito Cultural – Grau Ouro por parte da Câmara Municipal da Trofa, mas já antes tinha recebido outra pela autarquia de Santo Tirso, quando as Freguesias da Trofa integravam o Concelho Tirsense.

Os últimos anos de vida foram passados no Lar da Santa Casa da Misericórdia da Trofa, em S. Martinho de Bougado. Transportada para o Hospital local, onde faleceu.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Trofa (Rua Augusta Reis)

Fonte: “O Notícias de Trofa”

Fonte: “Câmara Municipal de Trofa”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Trancoso”

FERNANDO ISAAC CARDOSO. Médico, nasceu em Trancoso, em 1604, e faleceu em Verona (Itália), em 1683. Nascido no seio de uma família de cristãos-novos, mas que professavam o judaísmo ocultamente. No ano de 1610, foi com a família viver para uma pequena localidade espanhola entre Valladolid e Palência, Medina de Rioseco. Em Salamanca, iniciou os estudos, aos 20 anos já ensinava Filosofia na Universidade de Valladolid, onde viria a doutorar-se em Medicina e Filosofia no ano de 1625.

Em 1630 foi para Madrid, onde ganhou fama nos círculos literários e sociais, tornando-se Médico da Corte de Filipe IIsaac Cardoso, conhecido como Fernando (nome cristão), durante o tempo que viveu em Madrid, publicou as seguintes obras: -Discurso sobre el Monte Vesúvio, 1632-Panegyrico de las excelências del color verde, 1635-Oración fúnebre en la muerte de Lope de Veja, 1635-Utilidades del agua y de la nieve, 1637-Syncopati de febre, 1639-Si el Parto de trece y quatorce meses es natural, 1640.

Vivia como cripto-judeu, mas esta vida dupla tornou-se insuportável. Alguns autores referem que foi preso pela inquisição e que só aqui tomou o nome de Fernando. Em 1648, junto com o seu irmão Miguel Abraham refugiaram-se em Veneza onde se juntaram à comunidade sefardita.

No ano de 1652 mudou-se para Verona, onde viveu por uns 30 anos, num gueto judaico como Médico da comunidade (e escritor – Philosophia Libera in septem liberos distributa, 1673; Las excelencias y las calunias de los Hebreos, 1678) até à sua morte em Outubro de 1683.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Trancoso (Rua Fernando Isaac Cardoso)

Fonte: “Câmara Municipal de Trancoso”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Torres Vedras”

JOSÉ MARIA ANTUNES JÚNIOR. Médico e Desportista, nasceu em Ceira (Coimbra), em 1913, e faleceu em Lisboa, em 1994. Licenciou-se em Medicina na Universidade de Coimbra em 1940. Médico Pneumologista, foi Chefe de Clínica da Estância Sanatorial do Caramulo e, posteriormente, Director do Sanatório do Barro, em Torres Vedras desde 1958 até à sua reforma. Como homenagem pelos serviços relevantes aí prestados, o Sanatório passou a designar-se Hospital José Maria Antunes. Foi ainda fundador e Director do Centro de Medicina Desportiva de Torres Vedras.

Para além de Médico, distinguiu-se também no Desporto. Assim, foi jogador de Futebol na Associação Académica de Coimbra e seu Capitão aquando da vitória da Taça de Portugal em 1938-1939.

Foi Seleccionador Nacional da Equipa Nacional de Futebol em 1957, 1964 e 1967. Na área do Desporto foi ainda membro do Comité Olímpico Português e Presidente da Federação Portuguesa de Natação.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Torres Vedras (Rua Doutor José Maria Antunes Júnior).

Fonte: “Personalidades e Grandes Vultos da Medicina Portuguesa através dos Séculos”, (Manuel Freitas e Costa, Lidel, 2010, Pág. 18)

Fonte: “Médicos Nossos Conhecidos, de Ana Barradas e Manuela Soares, Editor: Mendifar, 2001, Pág. 152”

“O Centenário do Doutor Albino Aroso”

ALBINO ARORO – Albino Aroso Ramos, de seu nome completo. Médico, Político e Professor, nasceu na Freguesia do Canidelo (Vila do Conde), a 22-02-1923, e faleceu no Porto, a 26-12-2013. Foi o terceiro filho de uma família de seis irmãos que, pelo facto de terem perdido o pai muito cedo, ficaram para sempre associados ao nome da mãe.

Em 1947, concluiu a Licenciatura em Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com a classificação de 16 valores.

Durante o serviço militar frequentou o Curso de Oficiais Milicianos, tendo iniciado a actividade clínica na segunda fase do curso, com a categoria de Oficial Médico. Nessa época, interessou-se pelos problemas cirúrgicos e frequentou o Serviço de Cirurgia do Hospital Militar Principal.

Em Agosto de 1948 ingressou no Hospital de Santo António, no Porto. Passados quatro meses, foi nomeado Médico extraordinário do Serviço 5 e integrou uma das equipas do Serviço de Urgência desse Hospital.

Em 1953, Albino Aroso concorreu ao lugar de Assistente do Hospital de Santo António, do qual tomou posse em 1974. Por essa altura, beneficiou de uma bolsa da Organização Mundial de Saúde que lhe permitiu estagiar em vários países europeus (Inglaterra, Holanda, Alemanha e Suécia). De novo bolseiro, em 1956, mas desta vez da Santa Casa da Misericórdia do Porto (Hospital de Santo António), estagiou em Viena e em Genebra.

Entre 1959 e 1965 desempenhou o cargo de Subdirector Clínico do Hospital de Santo António. Entretanto, associou-se à Comissão Inter-Hospitalar do Porto, então criada, e participou na Comissão do Porto para o estudo das carreiras médicas, vindo posteriormente a ser eleito para a comissão nacional congénere.

Durante os anos sessenta, contribuiu para a instituição da Associação para o Planeamento da Família (1967), participou, como delegado da Ordem dos Médicos na integração dos Médicos dos Hospitais centrais nas carreiras correspondentes (1968). No ano seguinte, passou a ocupar o cargo de Director do Serviço de Ginecologia do Hospital de Santo António, no qual se manteve até ao fim da sua carreira. Foi neste Hospital que criou a primeira consulta pública e gratuita de planeamento familiar (1969).

Em 1974, Albino Aroso foi eleito para o Comité Executivo da Região Europeia da Federação Internacional do Planeamento da Família. No mesmo ano aplicou no país os primeiros dispositivos intra-uterinos, distribuídos gratuitamente. No seguinte, foi eleito para a Direcção Médica do Hospital de Santo António.

Albino Aroso também interveio na vida política nacional e desenvolveu uma carreira de docente no Ensino Superior Público. Assumiu o cargo de Secretário de Estado da Saúde no VI Governo Provisório (1976) e o de Secretário de Estado Adjunto da Saúde no XI Governo Constitucional (1987-1991).

Leccionou no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, instituição da qual é hoje Professor Associado Jubilado de Ginecologia/Obstetrícia.

Na viragem do século XX para o XXI empenhou-se em causas cívicas, participando activamente no movimento de despenalização e defesa do direito ao aborto.

Foi Presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia. É membro-honorário da Sociedade Portuguesa de Senologia e da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica. É igualmente membro emérito da Academia Portuguesa de Medicina, membro da National Geographic Society e da New York Academy of Sciences.

O respeitado e não poucas vezes homenageado promotor do planeamento familiar em Portugal tem-se afirmado ao longo da vida como um homem interveniente em matéria cívica e como Médico com forte sentido ético e de grande humanidade. Defensor da dignidade e dos direitos da mulher, é um dos principais responsáveis por fazer saltar o país do fundo da tabela dos indicadores de mortalidade infantil para os 5 lugares cimeiros a nível mundial, através, nomeadamente, do trabalho desenvolvido na Comissão de Saúde Materno-Infantil.

Homem de Direita, chegou a concorrer à presidência da Concelhia do PSD-Porto, contra Luís Filipe Menezes, numa tentativa de “mudar coisas que estavam entregues a politiqueiros”.

Condecorado duas vezes, uma por Ramalho Eanes, com a Cruz da Ordem de Benemerência, e outra por Jorge Sampaio, com a medalha de Grã-Cruz da Ordem do Infante, reconhecia que, embora filiado no PSD, foram os governos do PS que melhor o trataram.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Maia (Rua Doutor Albino Aroso); Vila do Conde (Rua Doutor Albino Aroso)

Fonte: “Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto”

Fonte: “Revista Visão”

“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Torres Novas”

ADALBERTO SOUSA DIAS. Médico, nasceu em Pinhel, a 10-08-1897, e faleceu em Torres Novas, a 30-06-1979. Era filho de Adalberto Gastão de Sousa Dias e de Ana Augusta Abrantes. Formou-se em Medicina, em 1920, na Universidade do Porto, onde foi assistente da cadeira de Anatomia daquela Universidade de 1919 a 1920. Em 1921, tirou o Curso de Medicina Tropical, no Instituto de Medicina Tropical de Lisboa e ingressou como Médico de 2ª classe, no quadro de Saúde de Moçambique, onde foi Sub-Delegado de Saúde de Maputo e de Angónia. Médico Militar, atingiu o posto de Major em 28 de Novembro de 1952, depois de ter prestado serviço em várias unidades, entre elas a Escola Prática de Cavalaria de Torres Novas, desde 11 de Setembro de 1927 a 17 de Janeiro de 1942 e de 16 de Setembro de 1944 a 15 de Novembro de 1945.

Em Torres Novas foi Médico da Corporação dos Bombeiros Voluntários Torrejanos desde a sua fundação, e criou, em Setembro de 1935, o Corpo de Cadetes que viria a ser oficialmente aprovado no IV Congresso dos Bombeiros Voluntários Portugueses, em 1938.

De 1945 a 1949 foi Médico de guarnição de Lourenço Marques, Comandante da Unidade de Instrução de Saúde, Director do Centro de Instrução de Saúde e Comandante Militar de Boane. Regressado a Portugal, foi Sub-Director e Director do Hospital Militar Regional nº 1, no Porto, entre 1950 e 1954, Director dos Serviços de Saúde da Guarda Nacional Republicana entre 1954 e 1956, de onde passou à Direcção do Serviço de Saúde Militar.

Deixou publicados: “O Cacodilato e as suas altas doses por via endovenosa”, tese de doutoramento, 1920; “O Corpo de Cadetes dos Bombeiros Voluntários”, Torres Novas; “Boane”, monografia, 1950, relatório sobre a doença do sono em Moçambique. Colaborou em jornais de Torres Novas, no Boletim dos Serviços de Saúde Militar de Saúde.

Era condecorado com a Medalha de Prata de Comportamento Exemplar, Comenda da Ordem de Avis e, Medalha de Mérito Militar da 3ª Classe.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Torres Novas (Rua Adalberto Sousa Dias).

Fonte: “Toponímia da Cidade de Torres Novas, de Joaquim Rodrigues Bicho, Edição da Câmara Municipal de Torres Novas, 2000”

Fonte. “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 29, Pág. 865 e 866)