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“José Pracana, Guitarrista, Fadista, Imitador, mas, acima de tudo, um estudioso do Fado”

jose-pracanaJosé Pracana, deixou-nos ontem, dia 26 de Dezembro de 2016, como acontece com muita frequência, RTP, no Telejornal das 20 horas, passou ao lado do acontecimento, seria por desconhecerem que tinha falecido, ou por falta de tempo?, já a morte de outros artistas estrangeiros foi amplamente noticiada.

Noticiar para quê?, foi apenas um artista português de faleceu.

Aqui ficam alguns dados biográficos de José Pracana:

 

 

JOSÉ PRACANA, Guitarrista, nasceu em Ponta Delgada, a 18-03-1946, e faleceu em Lisboa, a 26-12-2016. José Pracana é um dos conceituados guitarristas portugueses. Grande admirador e estudioso do Fado, das suas origens e de famosos guitarristas (violistas), que são grandes referências e verdadeiros ícones da Guitarra Portuguesa, nomeadamente Armandinho, Jaime Santos, Artur Paredes e muitos outros.

José Pracana iniciou a sua carreira artística depois de fixar residência em Lisboa, em 1964, como “fadista amador”. Sempre fez questão de manter este estatuto. Na televisão actuou já em programas como “Zip-Zip” (1969), “Curto-Circuito” (1970), “Um, Dois, Três” (1985), “Noites de Gala” (1987), “Piano Bar” (1988),”Regresso ao Passado” (1991) e “Parabéns” (1994), entre outros.

Entre 1969 e 1972, José Pracana dirigiu o Arreda, em Cascais, um projecto que abandonou para ingressar na TAP.

Como amante do Fado, José Pracana editou os trabalhos discográficos “Primavera Perdida” e “A Lenda das Rosas”. Como imitador, gravou um trabalho discográfico intitulado “A Ceia dos Intelectuais”.

Contudo, é como Guitarrista que se encontra representado em muitos discos acompanhando fadistas como Orlando Duarte, Alfredo Marceneiro (de quem era amigo pessoal), João Braga, Nuno de Aguiar, João Ferreira-Rosa, etc. Tem uma participação especial no grupo de cantares “Belaurora”, das Capelas, S. Miguel.

Ao longo da sua carreira de Guitarrista actua em vários locais de Portugal (Açores e da Madeira), mas também Angola, Macau, Espanha, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Hungria, Israel, Tailândia, Zaire, África do Sul, Brasil, Venezuela, Argentina, EUA, Canadá, Japão, enfim um digno diplomata da Guitarra Portuguesa.

José Pracana tem vindo a dedicar-se também à investigação, organizando para a editora EMI/Valentim de Carvalho e assessorando em Londres nos famosos estúdios da “Abbey Road” a remasterização digital de exemplares em 78 rpm e 45 rpm para a edição “Biografias do Fado” (1994/97/98) e “Biografia da Guitarra” (2005).

Colaborou igualmente na edição de “Um Século de Fado” (EDICLUBE -1999) e participou no “I Colóquio Internacional do Fado”realizado em Lisboa (2001), além de ter proferido a palestra “O Fado em Lisboa e a Guitarra Portuguesa” na Sociedade de Geografia de Lisboa (2002).

A mais recente participação artística culmina com a sua actuação como guitarrista no “Japão / Expo AICHI 2005” e com a conquista do “Prémio Fado Amador” que lhe foi atribuído pela Fundação Amália Rodrigues.

Fonte: “Museu do Fado”

Lenda das Rosas

José Pracana

  

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Na mesma campa nasceram
Duas roseiras a par
Conforme o vento as movia
Iam-se as rosas beijar

Deu uma rosas vermelhas
Desse vermelho que os sábios
Dizem ser a cor dos lábios
Onde o amor põe centelhas
Da outra, gentis parelhas
De rosas brancas vieram
Só nisso diferentes eram
Nada mais as diferençou
A mesma seiva as criou
Na mesma campa nasceram

Dizem contos magoados
Que aquele triste coval
Fora leito nupcial
De dois jovens namorados
Que no amor contrariados
Ali se foram finar
E continuaram a amar
Lá no além todavia
E por isso ali havia
Duas roseiras a par

A lenda simples, singela
Conta mais que as rosas brancas
Eram as mãos puras, francas
Da desditosa donzela
E ao querer beijar as mãos dela
Como na vida o fazia
A boca dele se abria
Em rosas de rubra cor
E segredavam o amor
Conforme o vento as movia

Quando as crianças passavam
Junto à linda sepultura
Toda a gente afirma e jura
Que as rosas brancas coravam
E as vermelhas se fechavam
Para ninguém lhes tocar
Mas que alta noite, ao luar
Entre um séquito de goivos
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar

“Hoje vamos falar de um Herói Nacional, o Tenente Seixas, homenageado em Espanha e esquecido em Portugal”

O drama de refugiados não é só de agora, ao longo da história, aconteceram, quase sempre pelas mesmas razões, grandes fluxos de refugiados.

O Herói que aqui vamos falar, o Tenente Seixas, salvou centenas de refugiados espanhóis, que fugiam da guerra civil, o Tenente Seixas, desobedecendo às ordens do Estado Novo, ajudou a salvar centenas de vidas e, por isso mesmo, foi castigado.

Aqui fica um pouco da sua história.

antonio-augusto-seixasAntónio Augusto Seixas de Araújo, mais conhecido por TENENTE SEIXAS, nasceu em Montalegre, em 1891, e faleceu em Sines, em 1958. Cedo adere às ideias republicanas. Organiza a defesa e combate a incursão monárquica de Paiva Couceiro, às ordens do seu amigo general Ribeiro de Carvalho. É ferido no combate de S. Neutel, em Chaves. Tomou parte no círculo político de Nicolau Mesquita, chefe democrata de Trás-os-Montes.

Um democrata português que salvou centenas de vidas de refugiados espanhóis. O Tenente Seixas, comandante da Guarda fiscal na fronteira, em 1936, evitou o massacre de grupos de refugiados espanhóis e organizou, manteve e ocultou um campo de refugiados com centenas de pessoas num lugar do concelho de Barrancos, evitando também que vários elementos constantes de “listas negras”, políticos e intelectuais republicanos espanhóis, fossem encaminhados para Badajoz, onde seriam fuzilados.

tenente-seixasFez carreira na Guarda Fiscal, em vários locais do País, do Minho ao Alentejo. Era perito em contencioso aduaneiro. Foi louvado diversas vezes: pela energia, zelo e dedicação na repressão do contrabando, acção material nos postos, impecáveis, com o mínimo de dispêndio para o Estado, e pela actuação moral que desenvolveu junto dos seus subordinados. Em 1935, torna-se Cavaleiro da Ordem de Avis.

Nos anos conturbados de 1936 a 1939 da história de Espanha, quando o regime eleito democraticamente é derrubado por militares golpistas, com apoio dos partidos de direita, durante uma sangrenta guerra civil, e à medida que as tropas espanholas revoltosas da chamada Coluna da Morte de Yagüe progrediam de sul para norte ao longo da fronteira portuguesa, as populações das localidades ocupadas procuravam refúgio em Portugal, pondo-se a salvo de sevícias e execuções.

Perseguições de toda a ordem desenrolavam-se na zona fronteiriça. Muitos eram mortos antes de passar a fronteira, outros eram detidos pelas autoridades portugueses e deportados para os seus adversários, devido à colaboração do governo de Salazar com os insurrectos fascistas.

Neste contexto, a acção do Tenente Seixas foi ter evitado, em 1936, o massacre de grupos de refugiados espanhóis pelas mãos dos seus perseguidores, ou destes em conluio com alguns militares portugueses, e de ter organizado, mantido e ocultado um campo de refugiados com centenas de pessoas no lugar da Choça do Sardinheiro, concelho de Barrancos, evitando também que vários elementos constantes de “listas negras”, políticos e intelectuais republicanos espanhóis, fossem encaminhados para Badajoz, onde seriam fuzilados.

O Tenente Seixas da Guarda Fiscal era Comandante daquela região de fronteira e as suas decisões de tolerância e humanidade para com os refugiados desagradavam aos comandos militares destacados para a zona e à polícia política PVDE/PIDE.

Em Sines além de desempenhar a sua actividade profissional, foi nomeado Vice-Presidente da Câmara Municipal de Sines em 1941, tendo tomado posse no Governo Civil de Setúbal no dia 29 de Maio de 1941.

Em 31 de Maio o Presidente da Câmara informou o Governador Civil que delegara no Vice-Presidente as competências de autoridade policial do Concelho.

Era também o Tenente Seixas o responsável pela Mocidade Portuguesa em Sines, que se sedeava no Castelo. Nessa qualidade, procurou recolher fundos para o fardamento das crianças cujos pais não dispusessem de meios para fazê-lo. Num ofício à Câmara Municipal em 1941, pedia apoio para a aquisição de dez fardas para dez meninos, que seriam escolhidos entre os mais pequeninos e os mais pobres. Foi também dinamizador da Legião Portuguesa em Sines e Santiago do Cacém, fotografando as suas actividades. Em 1938 recebeu um louvor por se ter prestado a dar instrução à Legião Portuguesa.

Mas a situação de um campo de refugiados clandestino só viria a ser descoberta, por discrepância em números, quando das operações de transferência para Tarragona de cerca de 1500 refugiados embarcados no navio Nyassa. Então, o Tenente Seixas, foi preso e castigado. Mais tarde, tornou-se industrial em Sines.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Barrancos.

Fonte: “Biografia publicada por M João Dias Pimenta”, no Grupo Fascismo Nunca Mais”

Fonte: “Câmara Municipal de Barrancos”

“Pessoas vinculadas aos CTT”

Os CTT, com este ou com outros nomes que foram tendo ao longo dos anos, tiveram, para o seu prestígio e engrandecimento, a contribuição de muitas pessoas. São essas pessoas que, dentro da medida do possível, pretendo dar a conhecer.

 

CTTANTÓNIO DE ABRANCHES Coelho e Moura, 15º Assistente do Correio-Mor do Reino, em Viseu, exerceu o cargo de 1834 a 1836. Nasceu na Freguesia de Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), a 11-04-1809, e faleceu em Lisboa, em 1893. Era filho de João Pais de Abranches e de D. Antónia Maria Delfina de Coelho e Moura. Casou em Lisboa e teve uma filha, que por sua vez casou na mesma Cidade com Augusto Luís Talone, da família dos Viscondes de Ribamar, sem geração.

Era aluno do 1º ano da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra, quando se deu o movimento revolucionário de 1828, destinado a destronar D. Miguel, e logo se alistou no Batalhão Académico.

Ao requerer o cargo de Administrador do Correio de Viseu, anos depois, ele próprio conta a sua actuação nas lutas liberais:

Diz António de Abranches Coelho, voluntário académico, que tem constantemente exisitdo debaixo de armas como soldado constitucional desde o princípio da luta do absolutismo e usurpação contra a liberdade e legítimo governo do Senhor D. Pedro e da Senhora D. Maria II. Em 1826, foi um dos que se alistou num Batalhão organizado em Coimbra, e fez todo o serviço daquela campanha. Em 1828 fez parte e entrou nas colunas do exército que tentou opor-se aos actos do usurpador, e depois de partilhar todas as fadigas desta época, através de imensas privações, retirou para a Galiza, donde embarcou para a Ilha Terceira em Fevereiro de 1829. Aqui exsitiu sempre em serviço activo assistindo em todos os lances arriscados, e indo à conquista das outras Ilhas, como se vê do atestado junto.

Veio com o exército libertador para Portugal, e, apesar de uma saúde já bem deteriorada, continuou a sustentar as armas com actividade e firmeza durante o penoso assédio do Porto, até que marchou para o Algarve, como consta do mesmo atestado, e entrou nesta Capital suportando todos estes transes arriscados e marchas muito forçadas, com valor e resignação.

O suplicante, Senhor, não pode continuar com os seus estudos, que por seis anos lhe foram interrompidos, já porque a sua saúde lhe não permite, já porque a sua família, que três anos esteve nas cadeias do Porto e Almeida, não pode continuar a socorrê-lo. Em atenção a estes motivos, e aos serviços feitos à Pátria e à Rainha, pede a Vossa Majestade Imperial a Administração do Correio de Viseu.

Deferida a pretensão, por Portaria de 16 de Julho de 1834, é encartado no lugar com a obrigação de pagar uma pensão anual de 800.000 réis à Sub-Inspecção Geral dos Correios e Postas do Reino. Para fiel do seguro escolheu seu irmão Silvério Abranches.

Um ano após a nomeação, considerou exíguos os proventos que auferia, em virtude da elevada pensão que pagava à Sub-Inspecção, especialmente em confronto com a exigida ao seu antecessor que era apenas de 480.000 réis anuais. Recusada a redução que pedia, desinteressou-se do lugar, de que acabou por pedir a exoneração, que veio a ser-lhe concedida em Outubro de 1836.

A agitação, diremos mesmo a anarquia que reinava em todo o País, como consequência das lutas civis, cujos efeitos se prolongariam ainda por quase duas dezenas de anos, não tornava estável qualquer lugar público, e António Abranches du novo rumo à vida.

Ainda no seu tempo começou a dar-se uma série de assaltos e roubos aos condutores de malas do correio, que punham em constante risco a vida destes modestos empregados e os haveres cujo transporte lhes era confiado.

Assim, por exemplo, a 29 de Maio de 1836, pelas 6 da manhã, três homens armados atacaram no lugar de Barbeita, julgado de Viseu, o condutor que trazia a mala de encomendas de Almeida, Pinhel e Trancoso, e das cartas de Moncorvo, e ambas foram arrombadas, despejadas e roubadas.

Bem andou, pois, António Abranches procurando em Lisboa, no cargo de Notário, mais tranquila e rendosa profissão.

Bibliografia: “Assistentes do Correio-Mor do Reino em Viseu”, (por Godofredo Ferreira, Edição dos CTT, Lisboa 1960)

“Pessoas vinculadas aos CTT”

Os CTT, com este ou com outros nomes que foram tendo ao longo dos anos, tiveram, para o seu prestígio e engrandecimento, a contribuição de muitas pessoas. São essas pessoas que, dentro da medida do possível, pretendo dar a conhecer.

 

CTTLUÍS BORGES de Castro Tavares Azevedo e Melo, 14º Assistente do Correio-Mor do
Reino, em Viseu, exerceu o cargo entre 1833 e 1834,
nasceu a 22-05-1785 e faleceu em 1834. Era filho do Dr. Miguel Borges de Castro Tavares Azevedo, Juiz Dezembargador no Porto, Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, Administrador dos vínculos de Anceriz e de Oliveira do Conde, e de D. Maria Manuela Amália Borges de Castro Lobo da Torre. Foi pai do 1º Visconde de Oliveira do Conde, Miguel Borges de Castro Tavares de Azevedo.

Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbr, cuja formatura concluiu em 1807, desempenhou os cargos de Juiz de Fora, de 1809 a 1811 e Provedor da Comarca de Viseu em 1826, e era pessoa devotada ao governo do Rei D. Miguel I.

Tendo casado em Viseu, no Oratório da casa da noiva, na Rua da Regueira, a 13 de Fevereiro de 1820, com sua prima D. Maria Carlota Eduarda do Vale Lobo da Torre, que, como atrás vimos, recebera do Príncipe Regente D. João a mercê do Ofício de Correio Assistente para quem com ela casasse, ficava ipso facto no direito de entrar no desempenho do emprego referido.

A verdade, porém, é que, por motivos que desconhecemos, o tio de sua mulher, António Serrão Dinis, continuou a exercer o cargo, embora interinamente, até à morte, ocorrida em 30 de Dezembro de 1832.

Foi só depois disso que ele pediu e obteve da Câmara a nomeação de Assistente do Correio, a título de interino, em 05 de Janeiro de 1833, lugar em que foi confirmado por Alvará de 04 de Março seguinte.

Nessa altura informava o Corregedor de Viseu, que o Dr. Luís Borges era pessoa de sólido juízo e capacidade, possuidor e administrador de uma casa avultada, de decidida oposição a ideias inovadoras e revolucionárias e muito afecto às instituições da monarquia portuguesa e ao giverno do Senhor D. Miguel.

Para justificar a sua dedicação à causa absolutista, diziam mais tarde os seus inimigos políticos que ele mandara alistar seu filho Camilo, como Capitão, nos Voluntários de Mangualde, onde foi ferido por duas vezes, e onde acabou por morrer, em virtude de o pai o mandar regressar à sua Companhia com as feridas mal cicatrizadas.

É claro que com este curriculum vitae, logo que a causa de D. Pedro IV triunfou em todo o País, teve de abandonar o Correio e pôr-se a salvo, a 03 de Maio de 1834. A mercê de sucessão de cargos públicos de pais para filhos ou genros tornara-se anacrónica, e ele dificilmente poderia agarrar-se a esta tábua de salvação.

Não obstante, passada a época de susto, ainda por mais de uma vez aparece a candidatar-se para o lugar, e numa delas alega que nunca serviu a causa do usurpador e que até mantivera ao seu serviço como Fiel do Correio um indivíduo de sentimentos tão liberais que por tal motivo foi preso e condenado!. Refere-se ao Genézio de Araújo, a que já aludimos num dos capítulos anteriores, e que foi, afinal, um dos que mais encarniçadamente se empenhou em contestar-lhe o direito do lugar, não só pondo-lhe a descoberto o passado miguelista, mas alegando, o que não era verdade, que ele, Genézio, fora Administrador do Correio durante dezanove anos e lhe haviam tirado o lugar por motivo da sua dedicação à causa da Senhora D. Maria II! Patranha de fácil contestação, porque toda a gente em Viseu sabia que ele não passara nunca de empregado subalterno do Correio. Este mesmo Genézio era em 1847 Alferes da Companhia de Empregados Públicos de Viseu, criada para fazer respeitar a autoridade legítima, e faleceu em 1874, sendo Escrivão de Direito. Nem ele nem o seu antagonista lograram a satisfação das suas pretensões.

Bibliografia: “Assistentes do Correio-Mor do Reino em Viseu”, (por Godofredo Ferreira, Edição dos CTT, Lisboa 1960)

“Aristides Martins, se fosse vivo, faria hoje 100 anos”

 

aristides-martinsARISTIDES MARTINS, Ciclista, natural de Lisboa, nasceu a 21-12-1926 e faleceu a 03-01-2015. Ciclista, cedo começa a praticar Ciclismo, sua modalidade de eleição, apesar de ter praticado outros desportos, ingressando no Sporting em 1937 e logo nesse ano vence os 50 Km, os 100 Km Clássicos e os 50 Km Contra-Relógio, sagrando-se assim Campeão Distrital na categoria de Amadores. Em 1938, representando a CUF, vence novamente os 50 Km Clássicos e fica em segundo lugar no Circuito de Preparação para Amadores, que viria a aliás a vencer no ano seguinte de 1939, pelo mesmo clube.

Em 1940, classifica-se em 9º lugar na Volta a Portugal, a correr pelo Campo de Ourique. Em 1941, a correr ainda pelo CACO, termina na 6º posição na Volta a Portugal, bem como fazendo 5º lugar em 1946, já representando novamente o Sporting Clube de Portugal, ano em que vence igualmente o Circuito da Malveira, entre outras vitórias várias, num total de 36.

Após concluir a sua carreira como Ciclista, dedica-se à modalidade, possuindo uma loja comercial de bicicletas muito conhecida no Campo Grande e impulsionando o ciclo-turismo e o ciclismo nas camadas jovens, bem como sendo ainda Treinador do SCP e posteriormente seleccionador nacional.

Escreveu e publicou o livro “Manual do Ciclista”, editado em 1962.

Fonte: “UVP-FPC, Cem Anos de Ciclismo”, da Federação Portuguesa de Ciclismo”

“Pessoas vinculadas aos CTT”

CTTOs CTT, com este ou com outros nomes que foram tendo ao longo dos anos, tiveram, para o seu prestígio e engrandecimento, a contribuição de muitas pessoas. São essas pessoas que, dentro da medida do possível, pretendo dar a conhecer.

 

 

ANTÓNIO SERRÃO DINIS, 13º Correio-Mor do Reino, em Viseu, exerceu o cargo de 1807 a 1832. Nasceu em Belém (Lisboa), em 1765, e faleceu em Viseu, a 30-12-1832. Era filho de Luís Serrão Dinis e Faria, e de D. Maria Joaquina de Oliveira, e cunhado do Correio-Assistente João Estanislau do Vale Lobo da Torre.

Em 1788 servira como Ajudante de seu pai no Ofício de Escrivão dos Órfãos do Concelho de Ferreira de Aves; e em 1816, 1824 e 1826, como Escrivão da Cãmara de Viseu.

Encontrando-se bastante doente o Padre Júlio do Vale Lobo, foi Serrão Dinis nomeado, por Alvará de 23 de Fevereiro de 1807, para o substituir nos impedimentos e falta. O Padre veio a falecer dias depois, e ele prestou fiança em 02 de Abril seguinte e continuou a gerir o Correio, interinamente, até falecer, ou seja por um largo período de vinte e cinco anos, em que lhe não faltaram preocupações e arrelias, como adiante veremos, especialmente depois de 1820, em que se iniciou o período das nossas lutas civis.

O quadro do Correio de Viseu era constituído em 1808 pelo pessoal seguinte:

Assistente: António Serrão Dinis;

Fiel: Padre António Pacheco Meireles, irmão do Assistente;

Escriturário: Genézio José de Araújo, então moço de 16 anos, natural de Insna, o qual muito daria que falar, alguns anos depois;

Estafeta: José dos Santos, de 50 anos que já servia o Correio desde 1781.

Por essa altura o Correio partia de Lisboa para todas as Províncias do Reino às Segundas, Quartas e Sábados, pelas 6 horas da tarde, em dois grupos distintos; o das malas que se destinavam às Províncias ao Norte do Tejo e o das malas que se destinavam para o Sul do mesmo rio.

O primeiro grupo seguia a linha de Lisboa ao Porto, com diferentes ramais. O que se destinava a Viseu partia de Coimbra, donde um Estafeta transportava as malas com um animal. Fazia três carreiras por semana, pelo preço de 5.600 réis cada carreira de ida e volta, num percurso de 26 léguas, com o que a Sub-Inspecção Geral despendia anualmente a importância de 873.600 réis.

De Viseu para Almeida, passando por Trancoso, havia um outro Estafeta, que conduzia as malas três vezes por semana e recebia por cada viagem de ida e volta, num total de 32 léguas, 7.200 réis, ou seja uma despesa anula de 1.123.200 réis.

As três malas de Lisboa para Viseu tinham o horário seguinte:

Primeira mala: De Lisboa partia na Segunda-Feira, de tarde, e chegava a Viseu na Quinta-Feira, de manhã; de Viseu, partia na Sexta-Feira à tarde e chegava a Lisboa na Segunda-Feira de manhã.

Segunda Mala: De Lisboa partia na Quarta-Feira à tarde e chegava a Viseu no Sábado de manhã; de Viseu partia no Domingo à tarde e chegava a Lisboa na Quarta-Feira de manhã.

Terceira mala: De Lisboa partia no Sábado à tarde e chegava a Viseu na Terça-Feira de manhã; de Viseu partia na Terça-Feira à tarde e chegava a Lisboa na Sexta-Feira de manhã.

Em 1818,o Correio de Viseu tinha delegações nas seguintes localidades: Castendo; Ferreira; Fornos de Algodres; Mangualde, Oliveira do Conde, São Pedro do Sul; Tondela e Vouzela.

Como acima referimos, este Correio Assistente na Capital da Beira Alta não teve vida oficial muito calma. Vamos enumerar tr~es ou quatro casos, entre muitos em que teve de intervir:

Os povos de Santa Comba Dão protestaram, em Setembro de 1822, contra o facto de o Estafeta de Coimbra para Viseu, e vice-versa, não atravessar aquela Vila, e cortar por um caminho que passava por Portela. Queixavam-se de que a amla do correio para a sua terra era deixada numa venda isolada do caminho, no sítio da Culmiosa, sem resguardo algum.

Justificou-se Serrão Dinis com o facto de assim se encurtar caminho e acelerar a marcha do Estafeta. Depois de muitas informações e discussões chegou-se à conclusão de que a demora que resultaria do desvio por Santa Comba Dão não excederia um quarto de hora e deu-se satisfação aos reclamantes, pois, dizia-se no despacho ministerial, assim se acautelavam as correspondências e se poupava aos moradores da Vila o trabalho de se deslocarem a Viseu em caso de transferência de valores, por não confiarem na segurança da mala da sua terra quando abandonada numa taberna.

No dia imediato também o Marechal-de-Campo encarregado do Governo das Armas da Beira Alta quis meter a sua colherada nos Serviços Postais, pretendendo que o correio para Lisboa partisse duads horas mais tarde di que estava estabelecido, para poder responder nos mesmos dias às correspondências recebidas, dizia ele, das 9 às 10. O Sub-Inspector Geral, apoiando-se no parecer do Correio Assistente, não aceitou a exigência, e apenas lhe facultou que lhe pudesse ser entregue a sua correspondência logo que a mala chegasse, pouco depois das 7 da manhã.

Outro quebra cabeças era a aaudácia sempre crescente dos bandoleiros, que punham em constante risco a vida dos Estafetas e a segurança das correspondências e valores que transportavam. Assim. O Estafeta do Correio de Viseu, José Francisco, foi assaltado por uma quadrilha de ladrões nuns pinhais junto à Vila de Tondela, na manhã de 06 de Setembro de 1823. Dias antes o mesmo sucedera a outro Estafeta vindo de Almeida. Em presença destes factos, determinou-se a suspensão do envio de dinheiro e outros valores pelo Correio daquela região.

Esta determinação provocou, porém, uma enérgica reclamação do Brigadeiro Duarte José Fava, alegando que a falta da remessa de fundos para Viseu ocasionava graves transtornos, dificultando a aquisição dos géneros indispensáveis às forças armadas e o pagamento a operários que trabalhavam sob as suas ordens.

O Ministro ordenou o restabelecimento do transporte de fundos e o reforço do policiamento da região infestada pelos salteadores. O resultado do policiamento não parece que fosse eficiente.

Em 09 de Agosto de 1824 o Correio de Viseu para Coimbra foi assaltado por alturas da Fonte do Salgueiro, e roubadas ao Estafeta as bolsas com a quantia de 1.944$330 réis, pela qual desgraçadamente ficam responsáveis os pobres Correios Assistentes (diz o Sub-Inspector) e pede providências.

Doi indivíduos que se tornaram suspeitos em Coimbra por diversas circunstâncias, e um deles chegou a ser apanhado em Lisboa, sendo-lhe encontrada a quantia de 1.200$000 réis, mas dizia o Juízo do Crime do Bairro do Limoeiro, que não havia possibilidade de afirmar que esse dinheiro fora roubado.

A 18 de Setembro de 1829 o Estafeta que conduzia a mala de Lamego para Viseu foi assaltado a uma légua de Castro Daire e atado ao animal que montava. Os salteadores que eram quatro, rasgaram a mala com uma faca e roubaram tudo que continha.

O pior veio porém, com o desenvolvimento das lutas civis, em que ninguém estava isento de ser maltratado por miguelistas ou liberais; e desta feita o mal rondou a porta do Correio.

Genézio José de Araújo,o Amanuense acima referido, envolveu-se na luta contra D. Miguel, e foi sentenciado por uma terrível alçada que funcionou no Porto, e o acusava nos termos seguintes:

«Tomou parte no movimento revolucionário ocorrido em Viseu, contra o governo do Senhor Dom Miguel, em Maio de 1828. Reuniu-se às forças revolucionárias em Coimbra, acompanhou-as ao Porto e seguiu com elas, depois do insucesso, para a Galiza. Depois por Vila de Monforte de Lemos entrou de novo em Portugal, passou a Bragança e foi preso em Torre de D. Chama».

Julgado pela alçada acima referida, em 1830, foi condenado a 6 anos de degredo na Ilha de São Tomé. De passagem para o degredo, entrou na Torre de São Julião da Barra, onde sofreu as inclemências e maus tratos aplicados a todos os presos políticos que ali estiveram, e só foi posto em liberdade com a entrada das tropas liberais, em 24 de Julho de 1833.

É muito provável que a circunstância de consentir um funcionário anti-miguelista de portas a dentro da Repartição, tenha tornado Serrão Dinis suspeito ao Governo de então. E a vitória dos liberais, anos depois, acusá-lo-ia talvez de desafecto ao liberalismo, por não ter acompanhado o seu subordinado; mas a morte livrou-o desse percalço, levando-o deste mundo ainda na vigência do reinado do Senhor D. Miguel.

Bibliografia: “Assistentes do Correio-Mor do Reino em Viseu”, (por Godofredo Ferreira, Edição dos CTT, Lisboa 1960)

“Se Bem me Lembro, Há Mau Tempo no Canal”

No dia em faz 115 anos que nasceu Vitorino Nemésio, aqui fica a recordação das suas obras e, sobretudo, das suas palestras na RTP, com o título genérico de “Se Bem me Lembro”.

 

vitorino-nemesioVITORINO NEMÉSIO Mendes Pinheiro da Silva, Professor e Escritor, nasceu na Praia da Vitória (Ilha Terceira – Açores), a 19-12-1901, e faleceu em Lisboa, a 20-02-1978. Era filho de Vitorino Gomes da Silva e de Maria da Glória Mendes Pinheiro, ambos naturais da Praia da Vitória.  Interrompeu os estudos  liceais, feitos nos Açores, para assentar praça como voluntário. Cabo de infantaria e empregado de escritório, em Lisboa, tornou-se profissional em 1921 como redactor de A Pátria. Revisor da Imprensa da Universidade em Coimbra, em 1922, matriculou-se na Faculdade de Direito e depois na de Letras, acabando por se licenciar no ano de 1931 em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, onde se doutorou em 1934 com o estudo »A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio«, (1934). Ensinou nas Universidades de Mompilher (1935-1937) e Bruxelas (1937-1939), antes de se tornar, em 1941, Professor Catedrático na Faculdade de Letras de Lisboa, da qual veio a ser Director (1957-1959).

Em Coimbra foi militante republicano  académico e com Afonso Duarte lançou a revista Tríptico. Precursor da Presença, colaborou nesta e fundou a Revista de Portugal, aberta a todas as tendências literárias de Portugal e Brasil na década de 30. Adquiriu grande popularidade como memoralista  no programa da RTP »Se Bem Me Lembro« e foi o primeiro Director  (de 11-12-1975 a 25-10-1976) do jornal O Dia. Em 1966 recebeu o Prémio Nacional de Literatura e em 1973 o Prémio Montaigne.

Obras principais: de poesia, »O Bicho Harmonioso«, (1938), »Eu, Comovido a Oeste«, (1940), »Nem Toda a Noite a Vida«, (1953), »O  Verbo e a Morte«, (1959), »Canto de Véspera«, (1966), e »Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas«,  (1976); de ficção: »Paço de Milhafre«, (1924, contos), »Varanda de Pilatos«, (1926), e »Mau Tempo no Canal«, (1944, romance galardoado com o Prémio Ricardo Malheiros); de ensaio e crítica: »Sob os Signos de Agora«, (1932), »A Mocidade de Herculano«, (1934), »Relações Francesas do Romantismo Português«, (1936), »Ondas Médias«, (1945), e »Conhecimento de Poesia«, (1958); de crónica: »O Segredo de Ouro Preto«, (1954), »Corsário das Ilhas«, (1956), e »Jornal do Observador«, (1974). A sua obra literária ressuma um profundo humanismo, em que a erudição, mais subentendida do que alardeada, lhe torna mais vasta e penetrante a sua sentida compreensão dos homens e da vida.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Abrantes; Albufeira; Almada (Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda); Amadora; Aveiro (Freguesia do Eixo); Beja; Benavente (Freguesia de Samora Correia); Braga; Caminha (Freguesia de Vila Praia de Âncora); Campo Maior; Cascais (Freguesias de Alcabideche, Carcavelos, Cascais, Estoril, Parede, e São Domingos de Rana, com duas artérias); Coimbra; Entroncamento; Évora; Fafe (Freguesia de Regadas); Faro; Ferreira do Alentejo;  Figueira da Foz; Gondomar (Freguesias Fânzeres, Rio Tinto e Valbom); Lisboa (Freguesia de Santa Clara (antiga Freguesia da Ameixoeira), Edital de 20-11-1978), de Loures (Freguesias de Loures, São João da Talha e São Julião do Tojal); Lousã;  Maia; Mangualde; Matosinhos (Freguesia da Senhora da Hora); Moita (Freguesias de Alhos Vedros, Baixa da Banheira e Gaio-Rosário); Montijo; Odivelas (Freguesias de Famões (duas artérias), Odivelas, Póvoa de Santo Adrião e Ramara); Oeiras; Ovar (Freguesia de Esmoriz e Ovar); Palmela (Freguesias de Palmela e Pinhal Novo); Ponta Delgada; Portalegre; Porto; Praia da Vitória (Freguesias de Agualva, Fontinhas e Porto Martins); Santa Maria da Feira (Freguesia da Arrifana); São João da Madeira;  Seixal (Freguesias da Amora e Corroios); Sesimbra (Freguesia da Quinta do Conde); Setúbal (Azeitão); Sintra (Freguesias de Algueirão-Mem Martins, Queluz e Rio de Mouro); Trofa (Freguesias de São Mamede do Coronado e Trofa); Valongo (Freguesias de Ermesinde e Sobrado); Vila Franca de Xira (Freguesia de Póvoa de Santa Iria); Vila Nova da Barquinha;  Vila Nova de Gaia (Freguesias de Arcozelo, Vilar do Andorinho e Vilar do Paraíso).

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. IV, Organizado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Coordenação de Ilídio Rocha, ,Publicações Europa América, Março de 1998, Pág. 103, 104, 105, 106 e 107).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 382).

“Pessoas vinculadas aos CTT”

CTTJÚLIO DO VALE LOBO, foi 12º Assistente do Correio-Mor do Reino, em Viseu.

Os CTT, com este ou com outros nomes que foram tendo ao longo dos anos, tiveram, para o seu prestígio e engrandecimento, a contribuição de muitas pessoas. São essas pessoas que, dentro da medida do possível, pretendo dar a conhecer.

 

JÚLIO Manuel DO VALE LOBO da Torre, 12º Assistente do Correio-Mor do Reino, em Viseu, exerceu o cargo de 1789 a 1807. Natural de Viseu, nasceu a 12-11-1748 e faleceu a 02-03-1807. Era filho do Assistente do Correio-Mor do Reino, João Baptista do Vale e de D. Margarida Eusébia Josefa de Almeida Lobo, e irmão dos 10º e 11º Correio-Mor do Reino, em Viseu.

Falecido o seu irmão João Estanislau, em 1789, assumiu a direcção do Correio, a título interino, emquanto sua sobrinha mais velha não atingisse a idade de se casar com indivíduo idóneo para o desempenho do cargo de Assistente do Correio.

Ia, porém, dar-se um facto que poria em perigo a continuidade, na dinastia «Vale Lobo da Torre», da direcção do Correio visiense.

A reivindicação do Estado, da Administração dos Correios Portugueses e consequente supressão do Ofício de Correio-Mor do Reino, em 1799. Daí em diante o Estado entrava na plena posse de um serviço público, que alienara havia quase dois Séculos e se consrervara na posse da família Gomes da Mata, através de sete gerações.

É lógico supor que tal resolução governamental haja perturbado a tranquilidade da família que desfrutava a quase propriedade do Ofício do Correio-Assistente na Capital da Beira Alta, e que procurassem por todas as formas obstar ao despojamento do privilégio gozado, sem contestação, havia mais de um Século.

E conseguiram esconjurar o perigo, graças à benevolência do Príncipe Regente, D. João, que confirmou as promessas do Correio-Mor do Reino nos termos que constam da Portaria a seguir transcrita:

«Sua Alteza Real o Príncipe Regente Nosso Senhor, atendendo ao que lhe apresentou D. Maria Carlota Eduarda do Vale Lobo, filha legítima de João Estanislau do Vale Lobo, que serviu o Ofício do Correio de Viseu, e por justos motivos que se fizeram dignos da Sua Real Consideração: É servido fazer-lhe mercê do dito Ofício,para o que possa servir pessoalmente a pessoa com quem ela houver de casar, sendo capaz e idónea do referido emprego. O que participo a Vossa Mercê para que fazendo registar o presente aviso nos livros dessa Câmara possa constar a todo o tempo esta graça do mesmo Senhor feita á referida Dona Maria Carlota Eduarda do Vale Lobo.

Deus guarde a Vossa Mercê. Palácio de Queluz, aos oito de Julho de mil e oitocentos.

Luís Pinto de Sousa, Senhor Juiz de Fora da Cidade de Viseu; Cumpra-se e registe-se. Viseu 22 de Julho de mil e oitocentos.

Melo – Assessor Fonseca – Fica registado a folhas cento e dezassete do livro actual de Registos ca Câmara. Viseu vonte e três de Julho de mil e oitocentos: António Leitão de Carvalho.

Seis anos mais tarde, a 10 de Julho de 1806, um novo alvará tornava extensiva a D. Luísa Manuel Belém do Vale Lobo, a graça da propriedade do Ofício de Correio Assistente de Viseu, para quem com ela casasse, no caso de sua irmã D. Carlota não vir a gozar da mercê que lhe fora concedida.

O Padre Júlio do Vale Lobo faleceu em Viseu, na Rua da Rigueira, a 02 de Março de 1807 e foi enterrar no Claustro de Santo António, em sepultura da sua família.

Bibliografia: “Assistentes do Correio-Mor do Reino em Viseu”, (por Godofredo Ferreira, Edição dos CTT, Lisboa 1960)

“Pessoas vinculadas aos CTT”

CTTJOÃO LOBO DA TORRE, foi o 11º Assistente do Correio-Mor do Reino, em Viseu, exerceu o cargo desde a morte de seu irmão, cuja data se ignora, até 1789.

Os CTT, com este ou com outros nomes que foram tendo ao longo dos anos, tiveram, para o seu prestígio e engrandecimento, a contribuição de muitas pessoas. São essas pessoas que, dentro da medida do possível, pretendo dar a conhecer.

 

JOÃO Estanislau do Vale LOBO DA TORRE, 11º Assistente do Correio-Mor do Reino, em Viseu, exerceu o cargo desde a morte de seu irmão, cuja data se ignora, até 1789. Natural de Viseu, era filho do Assistente do Correio-Mor do Reino João Baptista do Vale e de D. Margarida Eusébia de Almeida Lobo. Em 28 de Junho de 1780 casou na Capela de Nossa Senhora de Guadalupe, da Quinta da Venda, em Ferreira de Aves, com D. Maria Leonor Corsino de Albergaria Meireles Pimentel e Caminha, filha de Luís Serrão Dinis e Faria; deste casamento houve:

Maria Carlota Eduarda do Vale da Torre, que se baptizou em Viseu, a 07 de Agosto de 1787, e casou na mesma Cidade, em 1820, com seu primo, o Dr. Luís Borges de Castro e Azevedo e Melo, de Oliveira do Conde.

Luísa Manuel Belém do Vale Lobo, nascida já depois do falecimento de seu pai, e baptizada em Viseu, a 23 de Janeiro de 1790.

Filho segundo, como vimos, de uma casa de numerosa família, resolveu seguir a carreira das Armas, como acontecia a muitos rapazes de bom nascimento em idêntica situação.

Com menos de 19 anos de idade assentou praça, como Soldado, no Regimneto de Infantaria do Conde de Lipe, aquartelado em Belém (Lisboa), e dois anos depois, em 1759, era promovido a Alferes, e em 1762, a Tenente. Ao completar doze anos de tropa, em 1769, e estando então equiparado a Capitão, pediu escusa do serviço militar e voltou à sua terra.

Quando assumiu a direcção do Correio da sua terra natal ignoramo-lo, pois, não sabemos quando faleceu o irmão e antecessor. Mas, com certeza, ocupou o cargo poucos anos, visto que o referido irmão ainda era vivo em 1783, e ele morreu em Viseu a 17 de Junho de 1789.

O Correio-Mor do Reino, que ao tempo era José António da Mata de Sousa Coutinho, fiel ao uso consuetudinário, terá permitido que o cargo de seu Delegado em Viseu continuasse na disnastia dos «Vale Lobo da Torre», reservando-o para quem viesse a casar oportunamente com a primogénita de João Estanislau. Entretanto outra pessoa se encarregaria da direcção do Correio, embora a título de interinidade.

Bibliografia: “Assistentes do Correio-Mor do Reino em Viseu”, (por Godofredo Ferreira, Edição dos CTT, Lisboa 1960)

“Pessoas vinculadas aos CTT”

CTTJOAQUIM DO VALE DE SOUSA LOBO DA TORRE, 10º Assistente do Correio-Mor do Reino, de Viseu, exerceu o cargo de 1763 até data que não foi possível apurar. Natural de Viseu, onde nasceu a 20-11-1735. Era filho de João Baptista do Vale, e de D. Margarida Eusébia Josefa de Almeida Lobo. Sucedeu a seu pai no ofício de Assistente do Correio-Mor, do  Reino. Casou na Silvã de Cima, com D. Maria Clara de Azevedo Rebelo Gusmão, e naquela povoação viveu por muito tempo.

Do matrimónio houve um filho; Bento António, baptizado em Viseu, a 04 de Fevereiro de 1768, que deve ter morrido criança; e uma filha, D. Maria Manuela Amália de Azevedo Rebelo Gusmão, que nasceu na Silvã, e casou, em Oliveira do Conde, na Capela de Nossa Senhora da Ma~e dos Homens, a 25 de Julho de 1784, com o Dr. Miguel Borges de Castro Tavares de Azevedo.

Bibliografia: “Assistentes do Correio-Mor do Reino em Viseu”, (por Godofredo Ferreira, Edição dos CTT, Lisboa 1960)