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Cândida Ventura, aqui recordada, no dia em que, se fosse viva, faria 100 anos.

 

Cândida VenturaCÂNDIDA Margarida VENTURA, Política, nasceu em Moçambique, a 30-06-1918, e faleceu no Hospital de Portimão, a 16-12-2015. Nasceu em Lourenço Marques (actal Maputo), mas regressou a Portugal pouco tempo depois de ter nascido. Filha de uma Professora Primária e com o pai a trabalhar nas Termas de Monchique, veio estudar para Lisboa com apenas 11 anos, primeiro no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, depois na Faculdade de Letras. Foi nessa altura que, aos 19 anos, aderiu ao PCP, tendo desenvolvido actividade política e associativa na Universidade de Lisboa e, depois, na de Coimbra, onde completou a licenciatura. Foi nesses anos que conheceu Álvaro Cunhal, com quem trabalhou directamente entre 1937 e 1938, nomeadamente no jornal O Diabo, nesse tempo uma publicação ligada à resistência anti-salazarista. Fez parte da Associação Feminina Portuguesa para a Paz e do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.

Foi também nessa época que conviveu com figuras como Vitorino Magalhães Godinho, a primeira pessoa que a introduziu ao marxismo, ou Piteira Santos, com quem de resto se chegaria a casar, numa união que durou menos de um ano.

Pouco tempo depois de terminar a licenciatura, em 1943, mergulhou na clandestinidade como funcionária do partido. Em 1946 tornou-se na primeira mulher a ascender ao Comité Central depois da reorganização do PCP, sendo da sua responsabilidade a publicação clandestina 3 Páginas, destinada às camaradas das casas clandestinas do partido.

Foi nessa condição de dirigente do PCP que, depois de um processo interno em que foi acusada de trabalho fraccionista, obrigada a uma longa autocrítica e despromovida, sendo depois reabilitada, visita pela primeira vez a União Soviética no final da década de 1950. Ao passar primeiro por Praga, encontra-se aí com um líder histórico do PCP, José Gregório, que a apresenta a Arthur London, uma das vítimas das purgas estalinistas de alguns anos antes.

Em 1960, poucos meses depois da fuga de Peniche de Álvaro Cunhal e numa altura em que manifestava reservas às mudanças de linha política que este estava a promover, foi presa em Lisboa por uma brigada da PIDE. Submetida a torturas brutais (como estava grávida, acabou por abortar), teve um comportamento exemplar e acabou por ser condenada a cinco anos de prisão, seria libertada em 1963 por motivos de saúde, saindo então do País e indo viver para a Checoslováquia, onde representava o PCP na redacção da publicação doutrinária do movimento comunista, a “Revista Internacional – Problemas da Paz e do Socialismo”.

Foi assim que conhece os dirigentes que protagonizariam a tentativa de dar um “rosto humano” ao socialismo, iniciando o processo de abertura que ficaria conhecido como “Primavera de Praga”. Torna-se então amiga de Alexander Dubček, o líder dos comunistas checoslovacos que acabaria por ser afastado do poder pelos tanques do Pacto de Varsóvia, que invadiram o país em agosto de 1968, acabando abruptamente com a esperança de reformar o comunismo por dentro. Como mais tarde contaria no livro autobiográfico “O socialismo que eu vivi“, é nessa altura que rompe afetivamente com aquela que fora a causa de toda a sua vida, uma rutura que só formalizaria já em Portugal, em 1976.

Fonte: “Observador.pt”

Fonte: “Jornal Expresso”

“Quem Foi Quem na Toponímia de Ansião?”

 

 

Câmara Municipal de AnsiãoVITORINO HENRIQUES GODINHO, Militar e Politico, nasceu em Ansião, a 19-07-1878, e faleceu em Lisboa, a 05-02-1962. Filho de José Godinho Curcialeiro e de Maria Peregrina Henriques Godinho, e foi pai do Professor e Democrata, Vitorino Magalhães Godinho e do Advogado e Político José Magalhães Godinho. Vitorino Henriques Godinho teve um percurso de vida riquíssimo, foi Militar, Republicano,Professor,Político, Administrador, Deputado e Ministro. Foi uma das figuras notabilíssimas oriundas do Norte do Distrito de Leiria.

Aprendeu as primeiras letras em Ansoão, onde frequentou o Ensino Primário. Depois de fazer os Estudos Liceais, em Coimbra, decidiu seguir a carreira das Armas. Em 18 de Setembro de 1897, com apenas 19 anos, ingressou no Exército, em Cavalaria onde se menteve durante dois anos. Entretanto pediu uma licença para estudos, a qual lhe foi deferida, o que lhe permitiu frequentar durante dois anos a Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra.

Depois de frequentar a Universidade de Coimbra regressou à vida Militar e, já como Tenente, participou nos acontecimentos revolucionários da implantação da Repíblica.

Estudou em Lisboa, onde frequentou a Escola do Exército (Cursos de Infantaria e Estado Maior). Seguiu a vida militar (Praça em 1897, Alferes em 1902, Tenente em 1906, Capitão em 1912, Major em 1917, Tenente-Coronel em 1922), até alcançar, em 1931, a graduação de Coronel, passando à reserva em 1938.

No revolucionário ano de 1910, já Tenente, encontrava-se ao serviço da Direcção-Geral do estado-Maior, participou nos bastidores das estratégias militares que, na Capital, sairam vencedoras em 04 e 05 de Outubro, acabando de vez com o regime monárquico português. Pela sua acção em prol da implantação da República, a Ordem do Exército, de 13 de Outubro de 1910, louva-o explicitamente e um jornal da Capital, no dia seguinte, 14 de Outubro de 1910, publica a sua fotografia como um dos heróis do 05 de Outubro. (O Mundo, na sua edição do dia 14 de Outubro de 1910, ao cimo da primeira página, traz a fotografia do Tenente Vitorino Henriques Godinho juntamente com a de mais dois Oficiais (Tenente do Estado-Maior Barbosa de Magalhães e Coronel Luís Guedes) igualmente louvados pela Ordem do Exército acima referida.

Foi professor da Escola do Exército, do Instituto de Altos Estudos Militares e do Instituto dos Pupilos do Exército.

Cumpriu missão militar às manobras suíças em 1912 e, durante a I Grande Guerra, desempenhou as funções de chefe do Serviço de Informações e do Estado Maior da 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português (C.E.P.).

Findo o conflito, foi Adido Militar em França e, seguidamente, Director Geral da Estatística. Integrou a Comissão Internacional de Estudo das Comunicações e Trânsito, e foi Delegado à Comissão Internacional de Navegação Aérea (1922). Membro do Partido Republicano Português, representou Leiria como Deputado entre 1911 e 1926. Participou ainda em várias Comissões Parlamentares.

Ascendeu ao governo em 1924, como Ministro dos Negócios Estrangeiros (de 06 de Julho a 22 de Novembro). No ano seguinte voltou ao executivo, na pasta do Interior, entre 15 de Fevereiro e 01 de Julho de 1925. A sua bibliografia versou sobretudo temas castrenses e filatélicos.

Em 1927 é já Coronel. Mas, entretanto, surge a Ditadura Militar e, logo depois, o estado Novo Salazarista. Então, por razões de ordem política, o Coronel Vitorino Henriques Godinho vai conhecer toda a espécie de entraves que no desempenho de cargos públicos, que na sua carreira militar.

Em 08 de Fevereiro de 1938 é admitido às provas especiais para a admissão ao generalato, que realiza com êxito, entre 06 e 15 de Março, ficando classificado como “muito apto”, mas a promoção a Brigadeiro, nunca se fez, porque o Governo de Salazar, nunca o permitiu.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Ansião (Rua Coronel Vitorino Henriques Godinho).

Fonte: “Parlamentares e Ministros da 1ª República (1910-1926), (Coordenação de A. H. Oliveira Marques, Edições Afrontamento, Coleccção Parlamento, Pág. 232).

Fonte: “O Município de Ansião na Primeira República”, (Manuel Augusto Dias, Edição da Câmara Municipal de Ansião, 1998, Pág. 206, 207 e 208)

Fonte: “Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria”, (Coordenação de Acácio de Sousa, Ana Bela Vinagre e Cristina Nobre; Actualização ao Século XX; Edições Magno, Leiria, 2004, Pág. 530 e 531)

José Manuel Tengarrinha, um vulto da Cultura e um lutador antifascista, deixou-nos ontem (29-06-2018), a melhor forma de honrar a sua memória é continuar a defesa da liberdade e da democracia.

 

José Manuel TengarrinhaJOSÉ MANUEL Marques do Carmo Mendes TENGARRINHA, Professor, Escritor e Político, nasceu em Portimão, a 12-04-1932, e faleceu em Lisboa, a 29-06-2018. Concluiu o ensino liceal em Faro e veio para Lisboa com 17 anos. Licenciou-se em Ciências Históricas e Filosóficas na Universidade de Lisboa, onde depois seria Professor. Doutorou-se com uma tese sobre Movimentos Populares Agrários em Portugal – 1750-1825 (Mem Martins, 1994).

Em meados da década de 50, quando frequentava o Curso de Histórico- Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa fez parte do núcleo redactorial de Lisboa da revista Vértice, com António José Saraiva, Júlio Pomar e Maria Lamas. Iniciou então investigações sistemáticas sobre a história oitocentista portuguesa. Frequentou esse Curso como voluntário, por se encontrar então detido na Colónia Penal de Penamacor, depois de ter sido expulso do Corpo de Oficiais Milicianos sob a acusação de desenvolver actividades contra a segurança do Estado. Em 1958, apesar das condições adversas, criadas também por alguns docentes, concluiu a licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa.

Trabalhou vários anos como Jornalista, tendo sido Redactor dos jornais República e Diário Ilustrado e membro do Conselho de Redacção da Seara Nova, sendo, em 1961, Professor do Ensino Técnico, durante alguns meses. Viria a ser expulso do Ensino e proibido de exercer a profissão de Jornalista, devido à sua actividade política.

Em 1959, assinou, com outros oposicionistas, um documento, datado de 18 de Março, em que se pedia a Salazar que, por ocasião da sua última lição em Coimbra, «se verifique também o seu afastamento da vida política».

Foi, em 1961, um dos organizadores (responsável pelo Partido Comunista) da lista da oposição por Lisboa às eleições legislativas desse ano. Em Dezembro seguinte, foi preso pela PIDE, torturado e mantido incomunicável no Aljube durante dois meses.

Em 1968, fez parte do grupo restrito que fundou a CDE, de cuja comissão política foi membro. Em 1969, com Augusto da Costa Dias, apresentou no II Congresso Republicano de Aveiro uma tese intitulada «A Situação do Escritor em Portugal».

Depois de alguns meses de clandestinidade, para evitar ser preso pela DGS, foi um dos subscritores, em Maio de 1972, de um manifesto intitulado «A Situação Política Portuguesa e o Fracasso do Reformismo», apreendido pela polícia política e, por isso, novamente detido e interrogado. Em 1973, fez parte da comissão nacional do III Congresso da Oposição Democrática, também realizado em Aveiro.

Candidato às eleições de Outubro desse ano, viria a ser preso, juntamente com outras pessoas, quando procedia à distribuição de manifestos de apresentação dos candidatos oposicionistas, só tendo sido libertado na véspera do começo da campanha eleitoral, pouco antes da meia-noite, pois recusou assinar com a DGS um compromisso em como, durante a campanha, não falaria na guerra colonial.

Foi fundador e Director,  com os Professores Vitorino Nemésio, Joel Serrão e José Augusto França, do Centro de Estudos do Século XIX do Grémio Literário (que funcionou desde 1969 a 1974, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian) e, como tal, tendo sido promotor e participante de cursos, conferências e colóquios, sobre temas da nossa história Oitocentista, com a colaboração de qualificados historiadores e sociólogos nacionais e estrangeiros.

Em 1973 assumiu a direcção, com os Professores Tiago de Oliveira e Joel Serrão, da preparação da enciclopédia Logos. No âmbito das actividades do Centro de Estudos do Século XIX, regeu cursos sobre História Contemporânea de Portugal, no Grémio Literário, desde 1970 a 1973 (frequentados sobretudo por estudantes universitários, que viam neles um complemento da formação de que não dispunham na Universidade).

No ano lectivo de 1972/73, a convite do Vice-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa (Prof. António Maria Godinho), deu lições sobre História económica portuguesa dos séculos XVIII e XIX, no Instituto Superior de Economia, integradas nas cadeiras de Economia IV e V.

Durante os primeiros meses de 1974, teve reuniões com militares, com o objectivo de preparar a movimentação civil que apoiaria um eventual golpe militar. Voltou a ser preso, em Março, e quando eclodiu o movimento do 25 de Abril encontrava-se detido, agora em Caxias, tendo sido libertado no dia 27. Logo em seguida fez parte da Delegação do MDP que se reuniu com o General Spínola para estudar a situação política.

Presidente do Conselho Nacional do MDP-CDE, foi eleito Deputado por Lisboa à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República (I Legislatura).

É autor de numerosos estudos históricos, particularmente sobre liberalismo e imprensa, e políticos e foi galardoado com o Prémio «António Rodrigues Sampaio», da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

Publicou diversos estudos de história contemporânea, designadamente: Obra Política de José Estêvão (Lisboa, 1962), História da Imprensa Periódica Portuguesa (Lisboa, 1965), La Presse Illégale Portugaise pendant la Guerre Civile de 1846-47 (Lisboa, 1966), Combates pela Democracia (Lisboa, 1983), Liberalismo e Proteccionismo. Estudos de História Contemporânea de Portugal (Lisboa, 1983), Da Liberdade Mitificada à Liberdade Subvertida: Uma Exploração no Interior da Repressão à Imprensa Periódica de 1820 a 1828 (Lisboa, 1993), O Diário da Guerra Civil de Sá da Bandeira: O Homem e a Época (Lisboa, 1996), Imprensa e Opinião Pública em Portugal (Coimbra, 2006) e Onde Está o Povo? Política Popular, Contra-Revolução e Reforma em Portugal» (Lisboa, 2008).

Fonte: “Dicionário do 25 de Abril”; (Verde Fauna, Rubra Flor, de John Andrade, Editora Nova Arrancada, Sociedade Editora, S.A.. 1ª Edição, Setembro de 2002, Pág. 401).

Fonte: “Candidatos da Oposição à Assembleia~Nacional do Estado Novo (1945-1973). Um Dicionário”, (de Mário Matos e Lemos, Luís Reis Torgal, Coordenador, Colecção Parlamento, Edição da Assembleia da República, 1ª Edição, Lisboa, Outubro de 2009, Pág. 284 e 285).

Fonte: “Antifascistas da Resistência”, (por Helena Pato)

“Quem Foi Quem na Toponímia de Angra do Heroísmo?”

 

Câmara Municipal de Angra do HeroísmoJOSÉ AGOSTINHO, Militar e Meteorologista, natural de Angra do Heroísmo, nasceu a 01-03-1888 e faleceu a 17-08-1978. Fez os estudos gerais em Angra do Heroísmo e Lisboa.

Alistou-se como voluntário no Grupo de Artilharia de Guarnição. Foi incorporado em 08-06-1904 e serviu até 31-08-1911, sendo promovido a Alferes. Após ter concluído o Curso de Artilharia, foi promovido, sucessivemente, a Tenente, em 1913; e a Capitão para o Estado-Maior da sua Arma, em 1916.

Mobilizado para França, fez parte do C.E.P. (Corpo Expedicionário Português), para onde embarcou em 21-02-1917, comandando a Bateria nº 1 de Artilharia de Montanha. Foi desmobilizado em 1919, atingiu o postos de Major, em 1920, e de Tenente-Coronel, em 1931.

Entretanto, concluiu o Curso de Engenharia Civil, em 1924. Ainda antes de partir para França esteve colocado no Faial onde, pela sua cultura, despertou o interesse de Afonso Chaves, passando a ser seu colaborador.

Quando regressou da guerra, foi convidado por aquele Director do Serviço Metereológico dos Açores para um lugar no Observatório em S. Miguel, iniciando assim o seu trabalho na Metereologia e Geofísica, tendo, em 1926, com a morte de Afonso Chaves, sido nomeado Director do Serviço Metereológico dos Açores.

Em 1956, com a nova orgânica, passou a desempenhar as funções de Chefe de Divisão Regional dos Açores do Serviço Metereológico Nacional, cargo que ocupou até atingir o limite de idade, em 1958.

Para além de se ter dedicado ao estudo sobre o clima e de ter contribuído com estudos climatológicos (pioneiros em Portugal), também colaborou na fundação da Sociedade de Estudo Afonso de Chaves, em 1922. Desta sociedade nasceu a revista Açoreana em 1934 essencialmente vocacionada para estudos científicos. José Agostinho ficou conhecido do grande público terceirense pelas palestras que proferiu aos microfones do Rádio Clube de Angra, desde finais dos anos cinquenta até finais da década de sessenta.

Foi durante a maior parte da sua vida uma das grandes referências culturais nos Açores e o mais conhecido açoriano no mundo da ciência internacional.

Foi condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, com Palma; Cruz de Guerra de 1ª Classe; Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada; Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis; Oficial da Ordem de Cristo; Oficial da Ordem do Império Britânico. O Município Angrense concedeu-lhe a Medalha de Ouro com Colar.

O Observatório Metereológico Nacional, em Angra do Heroísmo, tem o seu nome.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Angra do Heroísmo (Avenida Tenente-Coronel José Agostinho).

Fonte: “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 01, Pág. 573)

Recordamos hoje, Pedro Augusto Franco, Farmacêutico, que ficou famoso pelos seu remédios “Vinho Nutritivo de Carne”, “Xarope Peitoral James” e “Farinha Peitoral Ferruginosa”.

PENTAX ImagePEDRO AUGUSTO FRANCO, 1º CONDE DO RESTELO, Farmacêutico e Político, natural de Lisboa, nasceu a 29-06-1823 e faleceu a 28-04-1902. Filho de Cândida Rosa de Abreu e de Inácio José Franco. Estudou na Casa Pia de Lisboa, matriculou-se na Escola Politécnica aos 16 anos e aí concluiu o curso de Farmácia, tendo sido discípulo de Antero da Costa e de Mariano de Carvalho.

Pedro Augusto Franco era Farmacêutico de 1.ª Classe, proprietário da Farmácia Franco na então Rua Direita de Belém. Ficou particularmente famoso pelo seu “Vinho Nutritivo de Carne”, que fabricava com privilégio exclusivo (decreto de 29/08/1883) e autorizado para venda pela Junta Consultiva de Saúde Pública (portaria de 13/10/1883), embora também fossem conhecidos o seu “Xarope Peitoral James” contra a tosse e, a “Farinha Peitoral Ferruginosa” contra a debilidade.

A sua fábrica estava instalada na Estrada do Dafundo e já seria Farmacêutico Industrial antes de 1861, uma vez que já nesse ano foi premiado com Medalha de Prata na Exposição da Associação Industrial Portuense.

Prosperou nos negócios, foi um grande proprietário na capital, viajou pela Europa, recebeu carta de Conselho e foi agraciado com o título de 1º Conde do Restelo. Chegou a Presidente da Junta de Crédito Público, pertenceu à Associação Comercial de Lisboa, foi um dos fundadores dos Albergues Nocturnos e presidiu ao Conselho fiscal da Caixa Geral de Depósitos e à Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Possuidores de Títulos de Dívida Pública.

Entrou na política com a Regeneração, dando mostras de um carácter irrequieto com permanente desejo de acção, que levou Saldanha a chamar-lhe “o meu rapaz endiabrado”. Desde 1861 exerceu funções de Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Belém, em 1887 integrou a Comissão Executiva da Câmara Municipal de Lisboa, onde também foi Vereador (1888-1890; 1892-1893; e 1897-1898) e Presidente (1894-1896 e 1899-1901).

Pertenceu ao Partido Histórico e ao Partido Progressista, mas na sua condição de poderoso influente eleitoral em Lisboa permitiu-lhe ter liberdade de acção nos momentos de maior dissolução partidária. Pedro Franco pertenceu às duas casa do Parlamento. Entrou na Câmara dos Deputados atrvés das eleições de 1868, pelo círculo uninominal de Belém. Ascendeu ao pariato por eleição em 1886 e 1887, em representação do círculo eleitoral de Lisboa, e tornou-se Par do Reino vitalício por Carta Régia de 26-12-1895.

Na Câmara dos Pares teve intervenção diversificada, pronunciando-se sobre matérias ligadas aos títulos de dívida pública (23-02-1892, 26-03-1898 e 25-05-1901), à actualização do Tribunal de Contas (05-03-1898), ao gasómetro junto da Torre de Belém (20-04-1898 e 26-05-1899), ao projecto de novo Código Administrativo (28-05-1898); a Reforma Administrativa (09-05-1899); à Lei do Selo (26-07-1899), ao Ensino Farmacêutico (19-07-1899), etc.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Lisboa (Freguesia da Ajuda, Edital de 18-12-1989, era a antiga Rua 6 do Bairro do Caramão).

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910”, (Vol II, de D-M), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento, Pág. 211, 212 e 213”

Fonte: “Dicionário de Autores Casapianos”, (de António Bernardo e José dos Santos Pinto, Biblioteca-Museu Luz Soriano, Ateneu Casapiano, Lisboa, Edição de 1982, Pág. 105)

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa – Toponímia de Lisboa”

“Quem Foi Quem na Toponímia de Anadia?”

 

Câmara Municipal de AnadiaManuel Alves, Poeta Popular, mais conhecido por “Poeta Cavador”, natural de Vale de Boi, Freguesia da Moita (Anadia), nasceu a 15-10-1843 e faleceu a 24-08-1901. Cavador e Ferreiro, a poesia popular e sábia teve nele um pioneiro, tendo havido quem lhe chama-se o “Aleixo de Oitocentos”. Revelou-o ao grande público Tomás da Fonseca ao publicar, em 1990, os seus “Versos Dum Cavador”. Esteve algum tempo no Brasil, como emigrante.

O volume Criptinas, publicado em 1955, no Rio de Janeiro é uma recolha das suas poesias obscenas.

A limpidez dos seus versos está pejada de humor e ironia. A sua poética ingénua e simples contém uma visão profunda das coisas da vida e dos homens.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Charneca de Caparica); Anadia (Alameda, Largo e Rua Poeta Cavador).

Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 38)

Aqui deixo alguns (poucos) versos deste grande Poeta Popular

 

Ao pobre falta-lhe o pão

Com que se alimentar,

E há-de por força pagar

A sua contribuição!

Para pior condição

Vem o senhor da fazenda

Pedir-lhe do amanho a renda,

O suor dum ano inteiro!…

O pobre não tem dinheiro,

Tem que expor tudo à venda

Recordamos hoje, o “Homem da Cultura”, Brito Aranha, foi Tipógrafo, Jornalista, Escritor e Associativista, no dia em que passa mais um aniversário sobre o seu nascimento

 

Areeiro 0085Pedro Venceslau da Silva BRITO ARANHA, Jornalista e Escritor,  natural de Lisboa, nasceu a 28-06-1833 e faleceu a 08-09-1914. Brito Aranha, foi Tipógrafo, Jornalista, Bibliógrafo e persistente Investigador da Cultura Portuguesa cujo nome ficou ligado ao “Dicionário Bibliográfico Português” de quem ele foi o continuador com 4 volumes, após a morte de Inocêncio Francisco da Silva.

Começou a trabalhar como Tipógrafo, entrando em 1853 para o quadro da Imprensa Nacional. Entregou-se ao jornalismo desde os 19 anos até à morte. Foi Director do “Archivo Pitoresco”. Na sua vasta obra reflecte-se bem a influência do liberalismo e do socialismo então imperantes. Contribuiu para a fundação de agremiações de cultura e de assistência. Alcançou notável êxito a sua peça “Ás Armas! Pela França”, representada em 1870.

Impôs-se sobretudo com as suas obras de informação bibliográfica (são da sua autoria 12 volumes do Dicionário Bibliográfico de Inocêncio da Silva) e com as suas memórias “Factos e Homens do Meu Tempo” (1907-1908), em três volumes. De lembrar ainda “Processos Célebres do Marquês de Pombal” (1882), “Subsídios Para a História do Jornalismo nas Províncias Ultramarinas” (1885), “A Obra Monumental de Luís de Camões, Estudos Biográficos” (1887-1889), em dois volumes, e “A Imprensa de Portugal nos Séculos XV e XVI” (1898).

Foi um dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa e, ainda contribuiu para a fundação de agremiações de cultura e assistência, como o Albergue dos Inválidos do Trabalho, a Associação Tipográfica Lisbonense e Artes Correlativas, o Grémio Artístico e a Associação dos Escritores e Jornalistas Portugueses.

Do conjunto das suas obras são de realçar “Memórias Histórico-Estatísticas de Algumas Vilas e Povoações de Portugal” (1871);Subsídios para a História do Jornalismo nas Províncias Ultramarinas”  (1885); “A Imprensa de Portugal nos séculos XV e XVI” (1898); “Mouvement de la Presse Périodique en Portugal de 1894 a 1899” (1900).

Foi galardoado com a Medalha de Prata de Serviços humanitários da Câmara Municipal de Lisboa e, a Ordem de Torre e Espada enquanto Vogal da Associação Tipográfica durante a epidemia de febre amarela de 1857.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Lisboa (Freguesia do Areeiro, ex-Freguesia de São João de Deus, ex-Rua nº 1, do Bairro Social do Arco do Cego, Edital de 18 de Julho de 1933); Póvoa de Varzim.

Fonte: “O Grande Livro dos Portugueses”, (Círculo de Leitores, Edição de 1990, Pág. 55 e 56).

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa – Toponímia de Lisboa”

“Quem Foi Quem na Toponímia de Amares?”

 

Câmara Municipal de AmaresANTÓNIO SILVA, mais conhecido por CHEFE SILVA, Cozinheiro, natural da Freguesia de Caldelas (Amares), nasceu a 29-03-1934 e faleceu a 14-10-2015. Estudou no Seminário de Santarém, mas abandonou o Seminário por não ter vocação. Foi ajudante de pedreiro e de ferreiro até que um dia decidiu ir para Lisboa, apenas com a roupa que tinha vestida e uma cesta de laranjas. Rapidamente arranjou trabalho como ajudante de cozinha. “Namoradeiro”, apaixonou-se por Maria da Graça, que viria a ser a sua mulher, apenas por a ouvir ao telefone (na tropa foi telefonista).

Foi trabalhar para Moçambique, onde ficou sete anos, durante os quais nasceram os dois filhos. Quando voltou para Portugal, em 1965, tornou-se segundo cozinheiro no Hotel Avenida Palace.

Aos 18 anos, o Chefe Silva mudou-se para Lisboa, trabalhou no atual Turim Suisso Atlântico Hotel e, depois, no Hotel Império. Com 24 anos, viajou até Lourenço Marques, onde se tornou chefe de cozinha do Hotel Girassol, do Hotel Xai-Xai e do restaurante do aeroporto local.

Um dos mais ilustres profissionais da gastronomia portuguesa. Assim que atingiu a maioridade, mudou-se para Lisboa para começar a trabalhar na área de hotelaria. Ao longo dos anos, desempenhou as funções de chefe de cozinha em locais ilustres como o Hotel Avenida Palace ou o Hotel Altis, e deu também aulas no Instituto Culinária Margarina Vaqueiro.

Mais tarde, inaugurou o restaurante Super Chefe, em Lisboa, e fundou a revista”Teleculinária”. Foi também autor de vários livros, foi Presidente da Associação de Cozinheiros e Pasteleiros de Portugal e ganhou vários prémios de carreira.

É autor de diversos livros, como por exemplo “Petiscos e Patuscadas” (2002), “Sabores Além-Mar” (2002), “Bacalhau à Portuguesa” (2003) ou “Bolos e Doces à Chefe Silva” (2004).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Amares (Freguesia de Caldelas – Rua António Silva).

Fonte: “Jornal de Notícias”

Fonte: “Revista Visão”

Fonte: “Jornal Correio da Manhã”

Recordamos hoje, no dia em que faria 100 anos de vida, Maria da Luz de Deus, neta do Poeta João de Deus e filha do Pedagogo João de Deus Ramos. Também ela se distinguiu como Professora e Pedagoga.

Rio de Mouro 1257MARIA DA LUZ Syder DE DEUS Ramos Ponces de Carvalho, Professora e Pedagoda, nasceu em Lisboa, na Freguesia de São Sebastião da Pedreira, a 27 de Junho de 1918 e faleceu, também, em Lisboa, a 08 de Dezembro de 1999. Neta do poeta João de Deus e filha do pedagogo João de Deus Ramos e principal continuadora da sua obra. Aderiu ao Concelho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde integrou as Secções de Arte e de Literatura (1943-1944), e colaborou nos periódicos de Lisboa “Cadernos de Educação de Infância” (a partir de 1987), “Jornal-Magazine da Mulher/Jornal Magazine” (1950-1956), “Média, Pedagogia Moderna (1972-1973) e “Os Nossos Filhos”. Desde 1943 exerceu, sob a orientação de seu pai, o pedagogo João de Deus Ramos, actividades educativas nos Jardins-Escola João de Deus e a partir de 1953 no Curso de Educadores de Infância pelo Método João de Deus. Foi eleita presidente da Direcção da Associação Jardins-Escola João de Deus em 1955. Actualmente era directora e professora da Escola Superior de Educação João de Deus onde leccionava as disciplinas de Pedagogia e Didáctica Pré-Escolar, Estudo do Método de iniciação à Leitura e Organização do Sistema Educativo e Gestão Escolar. Foi Presidente da Comissão Nacional da Organização Mundial de Educação Pré-Escolar (OMEP), desde 1979. O seu nome fica ligado à obra dos “Jardins-Escola João de Deus”, tanto na acção em prol da educação de infância como na divulgação e actualização do método de ensino proposto no Século XIX por João de Deus, como ainda, numa fase mais recente, na criação de uma escola de formação de educadores e de professores. Maria da Luz de Deus escreveu com assiduidade para jornais e revistas, sendo de destacar um conjunto muito significativo de textos publicados na revista Os Nossos Filhos, sobretudo na década de quarenta. Participou em numerosos Congressos Seminários e Colóquios na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina sobre educação e cultura assim como os organizou em Portugal. Entre eles salienta-se:

1955- Abertura do 1º Jardim-Escola João de Deus, em Tomar.

1957- Congresso Internacional de Psiquiatria com a apresentação de um trabalho           “Educar para não ter que reeducar”.

1958- IV Congresso Internacional de Psiquiatria Infantil, na Faculdade de Medicina de Lisboa, participou com o trabalho intitulado “A Criança e a Escola”.

1959- VII Congresso Internacional de Psiquiatria BICE “L’Enfant et son avenir Profissionel”, apresentação de um trabalho nas sessões das Comissões, realizado em Portugal.

1960- Abertura do Jardim-Escola João de Deus, de Torres Novas.

1962- Abertura do 2º Jardim-Escola de Tomar.

1962- Conferência no Museu João de Deus para comemorar os 80 anos da Associação, legalmente constituída em 18 de Maio de 1882 com o título “Oitenta anos ao serviço das primeiras letras”.

1964- Abertura,  em edifício alugado, do Jardim-Escola João de Deus em Torres Vedras. Em 1995 passou a funcionar em instalações próprias.

1965- Abertura dos Jardins-Escola João de Deus de Alvalade (Lisboa), do Tramagal e de Estarreja.

1965- 1º Congresso Nacional do Ensino Particular – Importância dos Jardins-Escola na Educação na 2ª Infância.

1967- Congresso de Pedagogia de Celestin Freinet em Tours (França).

1969- Abertura do Jardim-Escola João de Deus, em Matosinhos.

1970- 1º Encontro Nacional de Educadores de Infância com as três escolas de formação então existentes em Portugal- João de Deus, Maria Teresa Andrade Santos e Maria Ulrich.

1971- Abertura do Jardim-Escola João de Deus no Entroncamento.

1972- Abertura dos Jardins-Escola João der Deus em São Bartolomeu de Messines e Urgeiriça.

1972- Congresso de Escolas de Escolas Maternais em França, por indicação do Doutor Rui Grácio, muito bem organizado e no qual teve o primeiro contacto com a Organização Mundial de Educação Pré-Escolar (OMEP).

1975- Abertura dos Jardins-Escola João de Deus de Olivais (Lisboa) e Santo Tirso.

1978- Organizou a Comemoração do Centenário do Nascimento de João de Deus Ramos – Museu João de Deus- convidando a apresentar trabalhos várias entidades: Matemáticos modernos: Doutor João Nabais, Educação Pré-Escolar: Herbinière Lebert, Terapêuta da Fala na Educação Pré-Escolar: Doutor António de Oliveira, Apreciação Pedagógica na Capacidade Mental, através do Desenho: Professor Doutor Camilo Cardoso, Marionetismo: Lília da Fonseca, Métodos de Leitura e Processo Jean Qui Rit- Maria da Luz de Deus e conferência pelo Doutor João Santos.

1978- Comemoração do Centenário do nascimento de João de Deus Ramos. Clube de Viseu-Rossio. Usou da palavra o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Doutor Joaquim Ferreira Gomes, sendo moderadora Maria da Luz de Deus.

1980- A convite das Bibliotecas de Toronto, participou, com Matilde Rosa Araújo, no Festival de Literatura Infantil e Colóquio Camoneano para dinamizar o interesse pela leitura e língua portuguesa, aos filhos dos imigrantes portugueses radicados no Canadá.

1984- Seminário sobre a “Família e Educação Sexual” organizado pela Direcção-Geral da Família, que teve lugar no auditório da Biblioteca Nacional.

1994- Teve a iniciativa e organizou o 1º Congresso Juvenil “O Mundo Onde Queremos Viver”, realizado no Anfiteatro da Faculdade de Ciências, da Universidade de Lisboa, para crianças e jovens com o maior alcance pedagógico, tendo sido uma afirmação da capacidade das crianças e representando uma valiosa experiência de inovação pedagógica, por alargar as possibilidades de aprendizagem para além das salas de aula.

1995- Participou no 8º Congresso do Algarve, apresentando um trabalho sobre: “O Turismo na Tradição Cultural – João de Deus e o Algarve”.

1996- Abertura do Jardim-Escola João de Deus de Ponte de Sor.

1998- Participou no 22º Congresso Mundial e 50º Aniversário sobre: “Les Droits de l’Enfant aux Soins, au jeu et È l’Education”, realizado em Copenhaga (Dinamarca), onde foi homenageada, em conjunto com 20 personalidades de várias nacionalidades.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Lisboa (Freguesia de Santa Clara, Edital nº 61/2008, de 03-07-2008, espaço pedonal das Malhas 19 e 20.1  do Plano de Urbanização do Alto do Lumiar); Santarém; Sintra (*Freguesia de Rio de Mouro).

Fonte: “Jardim Escola-João de Deus”

Fonte: “Câmara Municipal de Lisboa – Toponímia de Lisboa”

“Quem Foi Quem na Toponímia de Amarante?”

 

Câmara Municipal de AmaranteANA José GUEDES de Carvalho e Meneses DA COSTA, Enfermeira e Benemérita, nasceu em Luanda (Angola), a 14-12-1860, e faleceu no Porto, a 12-10-1947. Filha de Joaquim Guedes de Carvalho e Menezes e de Maria José Soares Franco Coelho do Amaral. Ana Guedes, aos 3 anos de idade veio para Lisboa, por razões de saúde, tendo sido cuidada pelos tios paternos até entrar para o Colégio do Bom Sucesso, onde foi educada.

Após a aposentação, o pai instalou-se no Porto e foi aí que Ana Guedes viveu toda a sua vida.

Foi a primeira senhora da alta sociedade do Porto que se diplomou oficialmente como Enfermeira. Trabalhou sempre na Cruz Vermelha Portuguesa. Em 1917, criou a Liga das Mulheres Portuguesas para assistência aos soldados feridos na Grande Guerra, e às suas famílias. Foi de sua iniciativa a 1ª Festa da Flor, também em benefício dos Soldados e de suas famílias. Ainda em 1917, colaborou activamente no combate ao tifo exantemático e, em 1918, contra a gripe pneumónica.

Dada a falta de estruturas de apoio, cedeu o solar da família em Vila Meã para aí ser instalado um hospital onde ela própria trabalhou como Enfermeira, tendo mesmo sido contagiada com a gripe.

Como Secretária da Liga das Mulheres Portuguesas, orientou a distribuição de donativos e, no fim da guerra, propôs a aplicação dos soldos e mostrou claramente a importância daquela obra.

Em 1927, após a Revolução de 02 de Fevereiro, colaborou num posto de socorros da Cruz Vermelha Portuguesa e recolheu donativos para auxiliar as viúvas, os órfãos e os deificentes, tendo conseguido mais de 300 contos que geriu e distribuiu rigorosa e cuidadosamente.

Ana Guedes coadjuvou a iniciativa de criação de um Centro Regional no Porto do Instituto Português de Oncologia, para tratamento e prevenção da doença oncológica. Em 1934, o Chefe de Estado condecorou-a pessoalmente com o Grande Oficialato da Ordem de Benemerência. A Cruz Vermelha Portuguesa concedeu-lhe várias condecorações, entre as quais a distinção máxima a Placa de Honra.

Em 1943 foi eleita Vereadora da Câmara Municipal do Porto, tendo-lhe sido atribuído o pelouro da Assistência. O apoio à Criança foi outro dos seus grandes interesses, pelo que nos últimos anos da sua vida dedicou-se à obra de auxílio ao Hospital de Crianças Maria Pia, que se encontrava em decadência e mesmo em risco de fechar por falta de recursos.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Amarante (Freguesia de Mancelos – Rua e Trasvessa Ana Guedes da Costa).

Fonte. “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 12, Pág. 850 e 851)