Germana Tânger, que ousou dizer, pela primeira vez , de cor, os mais de mil versos da Ode Marítima, de Fernando Pessoa, deixou-nos na passada Segunda-Feira. Aqui fica um pouco do muito que fez pela Cultura Portuguesa.

 

Germana TângerMaria GERMANA Dias da Silva TÂNGER Correia, Actriz, Declamadora e Professora, natural de Lisboa, nasceu a 16-01-1920 e faleceu a 22-01-2018. Germana Tânger, Totas, para os amigos. Nasceu em Lisboa, em 1920, onde não fez, como desejava, o Conservatório de Música ou Teatro, mas onde fez estudos liceais no Maria Amália e frequentou a Faculdade de Letras.

No grupo de teatro da Faculdade, ao tempo dirigido pelo Professor Delfim Santos, conheceu Manuel Tânger Correia, seu futuro marido, e seria, também, no Teatro Universitário, já em 1959, viria a ser dirigida por Ribeirinho para a apresentação, no Teatro da Trindade (onde o célebre actor então dirigia a companhia do Teatro Nacional Popular), de uma récita da Ode Marítima, texto que amaria ao longo de toda a vida e viria, por sua vez, a orientar, em 1987, para o inesquecível espectáculo multimédia do seu discípulo dilecto, João Grosso.

Germana Tânger, disse os mais de mil versos de cor, em público, pela primeira vez, no Teatro da Trindade, em Lisboa.

No final da década de 1940, Germana Tânger fixou-se com o marido, em Paris. Firmou a carreira de declamadora no Brasil, quando o marido foi colocado como adido cultural no Rio de Janeiro. Regressou a Portugal na década de 1950, altura em que começou a dar “Arte de Dicção” no Conservatório Nacional de Lisboa.

Iniciou então os programas culturais da RTP e na antiga Emissora Nacional/Radiodifusão Portuguesa (RDP), nomeadamente “Ronda Poética”, assim como os recitais “Pró Arte”, que levaria a todo o território português e a instituições ligadas ao ensino da Língua e da Cultura portuguesas, no estrangeiro, e às comunidades portuguesas.

Germana Tânger, hoje reformada (mas tão activa quanto a saúde lho permite), teve uma vida profissional repartida por várias actividades ligadas às artes e ao espectáculo. Depois de ter seguido, em Paris, onde viveu, cursos ou estágios com reputados mestres, como o professor Binot, ou em instituições de nomeada como a Comédie Française ou o Théâtre Nacional Populaire, de Jean Vilar.

Maria Germana criou programas de poesia, na rádio e na televisão, trabalhou, nos anos 40, como radialista, e porque a família não queria na família uma «menina da rádio», usou o pseudónimo de Clara Monforte, como jornalista (Eva, Diário de Lisboa, Diário Popular) e fez uma impressionante carreira de declamadora, levando textos e autores de língua portuguesa a todos os cantos do País e a muitos países dos cinco continentes. Escreveu e encenou espectáculos de teatro. Em 1967, por exemplo, assinou uma «versão directa» da adaptação livre da Medeia de Eurípedes, texto que levou à cena nas escadas Robillon do Palácio de Queluz, no âmbito do Festival de Sintra desse ano, e, para além de muitos recitais de poesia que dirigiu, escreveu e encenou, também, já em 1993, uma adaptação do romance de Almada Negreiros, Nome de Guerra Judite, espectáculo do grupo Atelier de Teatro, dirigido por João Grosso, que contou com um enorme elenco do qual se destacava o já falecido actor Carlos Daniel.

Germana Tânger foi agraciada com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a Medalha de Mérito da Câmara de Lisboa, a Medalha de Mérito de Sintra e ainda com o Prémio Maria Isabel Barreno – Mulheres Criadoras de Cultura do Governo português, entre outras distinções.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Sintra (Rua Germana Tânger).

Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres”, (de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 1269).

Fonte: “TSF – Rádio Notícias”

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