Recordamos hoje Deolinda Quartin, Professora e Educadora, no dia em que passa mais um aniversário sobre o seu nascimento.

 

Deolinda LopesDEOLINDA Lopes Vieira Pinto QUARTIN, Professora e Educadora, nasceu em Beja, a 08-07-1883, e faleceu em Lisboa, a 08-06-1993. Filha de Maria Cláudia Lopes, algarvia, doméstica, e de José Gonçalves Vieira, alentejano, caixeiro-viajante e comerciante de tecidos. Viveu e frequentou a Escola Primária em Beja, vindo a morar para Lisboa, com cerca de 12 anos de idade, onde permanecerá o resto da sua vida.

Fortemente marcada pela vivência republicana é ainda durante a juventude, através das obras de Tolstoi, Kropotklin, Élisée Reclus, Sebastien Faure, Jean Grave e muitos outros, que esta leitora curiosa e insaciável encontra o fundamento para as opiniões políticas e sociais que assumirá ao longo da sua vida, às quais se aliam o convívio pessoal e de trabalho permanentes com figuras intelectuais de grande relevo no campo pedagógico, associativo e cultural, como Adolfo Lima, César Porto e Adelaide Cabete.

A esta formação intelectual fortemente politizada vai corresponder, no plano social, uma intervenção activa, ainda que discreta. Deolinda Lopes Vieira, frequentou o Liceu do Carmo, mas foi como aluna da Escola Normal de Alcântara (Lisboa) que participou na greve académica contra a ditadura de João Franco (1907), revelando-se desde cedo uma entusiasta dos ideais anarquistas e também do Partido Republicano. Mais tarde conheceu Pinto Quartim, intelectual burguês, divulgador do anarquismo e autor de vários livros, e casaram. Desta união nasceu Glicínia Quartin, Actriz e Investigadora.

Deolinda Lopes Vieira, começou a trabalhar como Professora na Escola-Oficina nº 1, cerca de 1910-1911. Por volta de 1912-1913 foi para o Brasil com o marido que fora expulso do País devido à sua actividade política. Regressou a Portugal, em 1915, voltando a trabalhar na Escola-Oficina nº 1, tendo leccionado também em algumas Escolas Móveis Republicanas (extintas em 1930).

Em 1919 tirou uma especialização em Educação Infantil na Escola Normal de Benfica, dirigida por Adolfo Lima. Desde então trabalhou alternadamente na Escola-Oficina e no Ensino Oficial Infantil recém-criado. Com a extinção da Escola-Oficina e do Ensino Infantil (1932), foi transferida para uma Escola do Ensino Primário Oficial, onde se manteve até à sua reforma, cerca de 1939/1940.

Dinamizadora do Ensino da Puericultura na Escola, Deolinda Lopes Vieira evidenciou-se no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas a partir do início da década de 1920, intervindo no âmbito da sua actividade profissional.

Em Abril de 1923, foi autora do manifesto às associadas, apelando à sua intervenção em defesa da mulher grávida e da criança, presidiu à Secção de Educação entre 1922 e 1926, e entre 1927 e 1929, foi eleita Presidente da Secção de Educação Infantil, sendo a responsável pelos seus relatórios.

Deolinda Lopes Vieira fez parte, desde a sua fundação, do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, criado em 1914 por Adelaide Cabete e participou nos Congressos Feministas e de Educação organizados pelo CNMP.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Seixal (Freguesia de Aldeia de Paio Pires (Rua Deolinda Quartin)

Fonte: “Dicionário de Educadores Portugueses”, (Direcção de António Nóvoa, Edições Asa, Outubro de 2003, Pág. 1446, 1447, 1448, 1449 e 1450)

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