Recordamos hoje, a Engenheira Geógrafa Ilda Aurora, que foi a primeira Mulher Meteorologista em Portugal, no dia do centenário do seu nascimento.

 

Ilda AuroraILDA AURORA Pinheiro de Moura Machado, Engenheira Geógrafa, nasceu no Porto, a 30-12-1918, e faleceu em Lisboa, a 11-05-2000. Filha de Belmira Cardoso Pinheiro e de António dos Santos Moura, ambos Professores Primários. Depois de cursar a Escola Primária com os pais, frequentou o Liceu Carolina Michaelis, no Porto, que naquela altura apenas admitia meninas. No final do curso liceal recebeu o prémio anualmente atribuído aos melhores alunos. Ao mesmo tempo frequentava o Conservatório de Música que, por sua vez, aceitava meninos e meninas, vindo a completar os cursos de Canto, Piano e Composição com elevadas composições. Ao terminar o liceu, inscreveu-se na Faculdade, na Universidade do Porto, onde fez os primeiros três anos de Matemática. Transferiu-se, depois, para a Universidade de Coimbra, onde concluiu as licenciaturas em Matemática e Engenharia Geográfica. Entretanto, formou-se também em Ciências Pedagógicas.

Aos 22 anos de idade, após a conclusão do Curso de Música, obteve uma bolsa de estudo para prosseguir a carreira musical como cantora em Itália. Todavia, as guerras que alastravam a Europa impediram-na de concretizar esse sonho.

O início da sua vida profissional foi muito dificultado. Viu a admissão ser-lhe recusada em varias instituições, alegando os motivos mais diversos, desde o facto de possuir habilitações a mais, ou simplesmente por não serem admitidas mulheres. Após várias diligências consegiu um lugar para dar aulas de Matemática no Colégio de Nossa Senhora de Lurdes, no Porto.

Tornou-se membro do Sindicato dos Engenheiros Geógrafos e, posteriormente, foi contactada para chefiar uma equipa na Empresa Nacional de Estudos Técnicos, com sede em Lisboa, que se ocupava do levantamento topográfico das vilas e cidades portuguesas. Os quadros dessa empresa eram constituídos só por homens, e incluía aviadores que fotografavam os locais e desenhadores especializados que, com base nos dados recolhidos, faziam a concepção dos mapas. Devido à guerra a empresa fechou e, Ilda Aurora que vivia no Colégio das Doroteias, em Lisboa, passou a viver só de algumas explicações que dava no seu alojamento das Doroteias.

Ilda Aurora deslocou-se à Direcção Geral da Aeronáutica Civil onde lhe foi permitido frequentar um estágio dirigido a Meteorologistas a decorrer na Faculdade de Ciências de Lisboa. Assim iniciou a carreira profissional como Meteorologista, tendo permanecido como primeira e única Meteorologista em Portugal durante 17 anos. Em 1946, ao ser criado o Serviço Metereológico Nacional, foi transferida para a cidade do Porto, com a finalidade de organizar a Estação Metereológica de Pedras Rubras, na qual se manteve até 1951.

De novo em Lisboa, continuou o seu percurso profissional, tendo assumido, a partir de Janeiro de 1983, o cargo de Chefe de Divisão de Meteorologia Marítima no Instituto de Meteorologia e Geofísica. Aposentou-se em 1997, quando contava 70 anos de idade.

Ilda Aurora integrava o Grupo Coral “O Tempo Canta”, do Instituto, para cuja fundação, em Maio de 1986, dera um importante contributo. Ilda Aurora é autora das seguintes obras: Estudo das Probabilidades de Poluição do Estuário do Sado pelos esgotos da Fábrica da Socel (2 volumes, 1961); O Clima em Portugal – Características do Clima da Costa de Portugal de Interesse para a Navegação Marítima (co-autoria), Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, Lisboa, 1988

Fonte: “Dicionário no Feminino, Séculos XIX-XX”, (Direcção de Zília Osório de Castro e João Esteves; Coordenação de António Ferreira de Sousa, Ilda Soares de Abreu e Maria Emília Stone, Editado por Livros Horizonte, Edição de Março de 2005, Pág. 401 e 402)

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