“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Ourém”

AUGUSTO CASTILHO – Augusto Vidal de Castilho Barreto e Noronha, de seu nome completo. Militar e Político, natural de Lisboa, nasceu a 10-10-1841, e faleceu a 30-02-1912. Era filho do 1º Visconde de Castilho, António Feliciano de Castilho, ilustre Poeta, Escritor e Pedagogo. e de sua mulher, D. Ana Carlota Xavier Vidal.  Era neto, pelo lado paterno, de José Feliciano de Castilho, Médico da Real Câmara e Lente da Universidade de Cpimbra, e sobrinho de Alexandre Magno de Castilho, Bacharel em Matemática e Filosofia e Oficial da Armada, e do Deputado José Feliciano de Castilho Barreto de Noronha. Teve como padrinho de baptismo Alexandre Herculano.

Frequentou a Escola Politécnica, onde cursou as cadeiras exigidas para o Curso de Marinha. Alistou-se como Aspirante em 22 de Setembro de 1859 e matriculou-se na Escola Naval.

Ainda antes de concluir os estudos, esteve embarcado em diversos navios de guerra enviados a Angola, em 1860, para levarem tropas com destino ao Ambriz. Nesta viagem conheceu o infante D. Luís, que comandou a corveta Bartolomeu Dias, onde Augusto de Castilho prestou serviço.

Foi promovido a Guarda-Marinha, em 02-05-1862; graduado em 2º Tenente, em 24-10-1862; 2º Tenente efectivo, em 20-04-1864; 1º Tenente supranumerário, em 31-08-1874; 1º Tenente do quadro, em 05-01-1875; Capitão-Tenente, em 04-09-1875; Capitão-de-Fragata, em 25-07-1889; Caitão-de-Mar-e-Guerra, em 14-07-1895; Contra-Almirante, em 30-12-1905; e Vice-Almirante, em 06-08-1908.

Em Maio de 1861, partiu com destino à Estação Naval da Índia, onde recebeu a promoção a Guarda-Marinha.

Enquanto esteve na Índia, fez parte, como adido, da Missão portuguesa incumbida da demarcação dos limites do Padroado Português do Oriente.

Em 1862 foi graduado  em 2º Tenente, passando a efectivo em 1864, ano em que regressou a Portugal.

Realizou depois várias viagens, nomeadamente ao Brasil e a Moçambique, e fez o levantamento do plano hidrográfico de alguns pontos da costa oriental africana.

Por Decreto de 27 de Agosto de 1874 foi nomeado Governador do Distrito de Inhambane. Em Maio do ano seguinte, era transferido para o cargo de Governador do Distrito de Lourenço Marques, sendo então promovido a 1º Tenente, e, meses depois, a Capitão-Tenente.

Terá sido entre 1874 e 1875 que foi iniciado na Maçonaria, pois pertenceu à Loja União e Fidelidade de Moçambique, onde atongiu o grau 20.

Em Novembro de 1879, Augusto de Castilho pediu a exoneração e regressou a Portugal, recebendo do Ministro da Marinha a Comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Voltou ainda a Moçambique, onde foi louvado pelos serviços que prestou à barca Tejo encalhada próximo de Lourenço Marques e recebeu a Comenda da Ordem Militar de São Bento de Avis.

No início dos anos de 1880, aceitou a incumbência de ir organizar as agências portuguesas em Moçambique da companhia inglesa Castel Mail, encarregada de transportar carga e passageiros para aquele território, a pedido do Presidente do Conselho de Administração, Sir Donald Curie.

Em 1884 comandou a canhoneira Rio Lima, com destino a Moçambique, passando por portos do Brasil. No Rio de Janeiro, recebeu a notícia de ter sido agraciado com a Carta de Conselho e nomeado Governador-Geral de Moçambique. Governou a colónia da costa oriental de África de 1885 a 1889.

Sob o seu governo, foi inaugurado o caminho-de-ferro de Lourenço Marques ao Incomati, Em 1886 foi Zamzibar tentar negociar com o sultão os limites territoriais do sultanato, negociações que se malograram, do que resultou a ocupação pelas forças portuguesas da parte sul da baía do Tungue. No ano de 1888 dirigiu também operações militares na Zambézia.

Regressou a Portugal no ano seguinte, sendo em 1890 nomeado pelo Governo para ir a Bruxelas representar Portugal no Congresso Antiesclavagista.

Em 1892, no comando da corveta Mindelo, desempenhou funções de Chefe da Divisão Naval de Angola, com instruções especiais para manter a integridade do Forte de S. João Baptista de Ajudá, num momento em que a França se achava em luta com o Daomé. Em meados do ano seguinte, quando se preparava para regressar a Portugal, recebeu ordem para se dirigir ao Rio de Janeiro a fim de zelar pelos interesses portugueses no conflito suscitado pela revolta da esquadra brasileira contra o Vice-Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto.

Augusto de Castilho desenvolveu então intensa actividade diplomática, não tendo, porém, obtido resultados. Perante o pedido de asilo de cerca de 70 Oficiais da Marinha brasileira e a demora na resposta ao pedido de ordens feito ao Governo, Augusto de Castilho acedeu em receber os referidos Oficiais e algumas centenas de refugiados a bordo dos navios portugueses. Apesar de, posteriormente, Hintze Ribeiro, então Presidente do Conselho de Ministros, ter dado ordem para ser concedido asilo político, Augusto de Castilho foi exonerado dos cargos que desempenhava e preso à chegada a Lisboa. Julgado em conselho de guerra, em Janeiro de 1895, foi absolvido, tendo-lhe os membos do conselho oferecido as suas próprias espadas, num acto que gerou polémica no seio do Governo e críticas aoMinistro da Marinha, Neves Ferreira.

Logo a seguir à absolvição, foi nomeado Comandante da Escola Naval, recebendo ainda a promoção a Capitão-de-Mar-e-Guerra.

Entre 1896 e 1900 comandou o couraçado Vasco da Gama, no qual fez diversas viagens representando a Marinha portuguesa no estrangeiro. Em 1899 representou Portugal da Conferência de Paz na Haia, como Delegado Técnico Naval.

Promovido a Contra-Almirante em 1903, fiscalizou neste ano a construção da canhoneira Pátria. De 1906 a 1907 desempenhou funções de Intendente do Arsenal da Marinha, sendo nomeado, neste último ano, Director-Geral da Marinha.

Após o regicídio, em 1908, ocupou a pasta da Marinha, no Governo do Almirante Ferreira do Amaral, a instâncias de D. Manuel II.No final desse ano era promovido a Vice-Almirante e, em 1909, , incumbido do cargo de Major-General da Armada, de que pediu a demissão com a implantação da República.

Em 1897 chefiou durante algum tempo o Governo Civil do Porto. Era acionista da Companhia dos Tabacos de Portugal.

Como Deputado, começou por ser eleito, com o patrocínio do Partido Regenerador, para a Legislatura de 1882-1884, pelo círculo de Margão (Índia). Novamente eleito para a Legislatura de 1890, pelo 1º círculo de Moçambique, não chegou a comparecer. Foi reeleito pelo mesmo círculo para a Legislatura de 1890-1892. Renunciou, todavis, ao lugar de Deputado em Janeiro de 1892. Pelo círculo plurinominal de Lisboa Ocidental, foi eleito para a Leguislatura de 1908-1910, sendo então, simultaneamente, Ministro da Marinha. Entre 1892 e 1894 teve participação activa nas Comissões Parlamentares do Ultramar e da Marinha, desempenhando, nesta última, funções de Secretário. Integrou também, em 1882, uma Comissão incumbida de tratar da reforma do Arsenal de Marinha, da qual foi Secretário.

Pertenceu a várias sociedades literárias e científicas e publicou diversos trabalhos sobre colónias. Dirigiu a revista Brasil-Portugal, traduziu para inglês alguns romances do seu padrinho Alexandre Herculano, e colaborou com artigos no Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, no Jornal das Colónias, no Jornal do Comércio, no Diário de Notícias e ainda na revista O Ocidente, entre outros periódicos. Sobre Moçambique publicou vários artigos, sob o título «Palestras Coloniais», da revista O Mundo Económico, em 1903.

Para além das condecorações já referidas, tinha a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis, era Comendador das Ordens de Cristo, da Torre e Espada e da Estrela Negra do Benim, Cavaleiro da Ordem de Sant’Iago e da Legião de Honra, de França, e possuía as Medalhas de Ouro da Expedição a Angola em 1860, de Ouro de Comportamento Exemplar, da Campanha da Zambézia em 1888, de Prata de Bons Serviços, de Valor Militar e Assiduidade ao Serviço, e a Comemorativa do Jubileu da Rainha Vitória..

O seu nome faz parte da Toponímia de: Amadora (Freguesia da Damaia – Praceta Augusto Castilho); Caldas da Rainha (Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo – Rua Augusto Castilho; Deliberação de 09-05-1988); Loures (Freguesia de São João da Talha – Rua Augusto Castilho); Montijo (Freguesia de Sarilhos Grandes); Odivelas (Freguesias de Odivelas e Póvoa de Santo Adrião); Ourém (Rua Augusto Castilho).

Fonte: “Revista da Armada, nº 122, Ano XI, Novembro de 1981”

Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar”, (1834-1910), (Vol III, de N-Z), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento, (Pág. 66, 67, 68 e 69).

Fonte: “A Marinha de Guerra Portuguesa e a Maçonaria”, (de António Ventura, Edições Nova Vega, 1ª Edição 2013, Pág. 80, 81 e 82).

Fonte: “Quem É Quem”, (Portugueses Célebres, Círculo de Leitores, Edição de 2008, Pág. 137).

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