“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Penacova”

EVARISTO LOPES GUIMARÃES. Benemérito, natural da Freguesia de Lorvão (Penacova), nasceu em 1857, e faleceu em 1926. Era filho de João Lopes Guimarães, natural de Coimbra e Cobrador do Imposto da Água. Nas suas deslocações àquela terra conheceu Emília, sobrinha do Prior, natural de Lavos e pertencente à família Guimarães Pedrosa. Casaram e fixaram residência em Lorvão e abriram uma loja de comércio. João Lopes colaborava também com as monjas tratando de alguns negócios ligados ao Mosteiro. Morreu em 1902. Fora também vogal da Junta e Vereador.

Foi no seio desta família que nasceu Evaristo. Com cerca de 13 anos emigrou para o Brasil, indo trabalhar, no Estado do Pará, numa firma alemã do ramo da exportação de borracha. Foi nesse florescente campo de actividade económica que Evaristo Lopes Guimarães se afirmou, chegando a ser um dos maiores e mais considerados empreendedores na cultivo e indústria da borracha nos férteis campos de Manaus.

No Brasil fez considerável fortuna. Regressou a Portugal por altura da Implantação da República, fixando residência em Lisboa onde mandou construir um palacete (em Manaus deixará também um palácio que se tornou célebre na medida em que serviu de modelo aos palácios de José Ribeiro da Cunha, no Rio de Janeiro e em Lisboa, hoje classificado como imóvel de interesse público). O palacete de Lisboa, ainda hoje existente, situava-se na zona de Picoas, no centro da capital.

A família do Comendador Evaristo Lopes Guimarães destacou-se na alta sociedade lisboeta. A prestigiada revista ilustrada “O Ocidente” dedicou-lhe algumas páginas, elogiosas e acompanhadas de algumas fotografias.

Em 1907, Oliveira Matos manifestou na Câmara dos Deputados “a vergonha de não haver estrada” para Lorvão, solicitando ao Ministro das Obras Públicas habilitação para gastar um donativo de um “benemérito daquela terra” no valor de 3.000$000 (“três contos de réis”). Esse benemérito era Evaristo Lopes Guimarães. Assim, foi possível, a partir de 1911, ir de carro a Lorvão o que fez aumentar consideravelmente as visitas ao Mosteiro. A título de curiosidade refira-se que que o primeiro automóvel a chegar a Lorvão, via Sernelha, foi o de Evaristo Lopes Guimarães no início daquele ano.

Também S. Pedro de Alva lhe deveu (e a José Maria de Oliveira Matos) a construção do edifício que em 1914 foi oferecido à Câmara Municipal para aí ser instalada a Estação Telégrafo-Postal. A inauguração do espaço teve lugar a 25 de Outubro de 1914. Ainda há não muito tempo existia na parede daquele prédio uma placa com o nome daqueles beneméritos. Cremos que no momento já não se encontra naquele local.

Este lorvanense apoiou também outros melhoramentos (restauro da sala de Sessões da Junta) e legou à Misericórdia de Penacova 5000$00. A família Guimarães (em especial a esposa do Comendador) apoiava também muitas famílias necessitadas, com vestuário e géneros alimentícios.

Oliveira Matos terá chegado a propor o título de Conde para Evaristo Lopes Guimarães, mas este não terá aceitado. No entanto, por alvará régio, foi agraciado com a Comenda de N. Sª. da Conceição de Vila Viçosa.

Evaristo Lopes Guimarães teve 6 filhos.

Evaristo Lopes Guimarães tem o seu nome gravado na placa toponímica da rua principal de Lorvão. Um jazigo estilo Arte Nova (1905), da autoria do escultor João Machado, no cemitério da Conchada, acolheu os seus restos mortais em 1926.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Penacova (Freguesia de Lorvão – Rua Evaristo Lopes Guimarães)

Fonte: “Ilustres (Des)conhecidos”, (de David Gonçalves de Almeida)

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