“PAIS e FILHOS (à moda antiga; isto é: Pais também engloba Mães e Filhos, também engloba Filhas), na Toponímia”.

A Toponímia, como tudo na vida, está sugeita aos ciclos políticos. No tempo da Monarquia, raros eram os nomes de Republicanos que era atribuídos a novas Artérias e, alguns que já estavam, ainda eram alterados.

Veio a República e, desta vez ao contrário, mas os nomes dos Monárquicos, deixaram de ser atribuídos e, muitos deles, foram alterados.

Chegado o Estado Novo, foram sendo mudadas as designações das Artérias com nomes de Republicanos e, daí para a frente, quem não estava com o regime, ficava, mesmo depois de morto, ostracizado.

Com o 25 de Abril de 1974, o processo foi o inverso, a grande maioria da Toponímia relacionada com o Estado Novo, foi subsituída, por nomes de personalidades que estavam “ostracizados”.

Como é evidente esta problemática não era sentida da mesma maneira em todo o País, era-o sim, mais sentida, nas grandes Cidades, com destaque para Lisboa.

Mesmo com todas estas condicionantes na atribuição da Toponímia, ainda se encontram alguns Topónimos em que figuram Pais, Filhos, e outros familiares na Toponímia.

No Município de Odivelas, existem na Toponímia, os nomes de: Adelina Abranches, Alfredo Ruas e Aura Abranches. Isto é: Mãe, filho e filha.

Aqui ficam alguns dados biográficos desta família de Actores.

Adelina AbranchesMargarida ADELINA ABRANCHES, Actriz, nascida no nº 11 da Travessa da Cruz do Desterro,  Freguesia dos Anjos (Lisboa), nasceu a 15-08-1866 e faleceu a 21-11-1945. Estreou-se no Teatro de D. Maria II, em Lisboa, em 1870, na comédia Os Meninos Grandes, fazendo um papel de criança.

Em 1874 entrou na mágica A Cebola Misteriosa, que se representou no antigo Teatro da Rua dos Condes, interpretando a parte de “Mulher dum Pescador” no quadro “A Ilha dos Pigmeus”. Dali voltou para o Teatro de D. Maria II a trabalhar, ao lado de Emília das Neves, no drama “A Mulher que deita cartas”, e, depois, na peça D. Leonor de Bragança, representando com êxito o papel de “D. Teodósio”.

Ainda como criança, pois contava então sete anos de idade, interpretou, ao lado de Joaquim de Almeida, o papel de “Pescador” da comédia A Varina, de Fernando Caldeira. Nesse tempo Adelina Abranches trabalhava alternadamente nos Teatros de D. Maria II e da Rua dos Condes.

Em 1880 teve a sua primeira escitura para o Teatro de Luiz de Camões, em Belém, onde tomou parte no desempenho da mágica Príncipe Argentino, e em 1882, foi escriturada, pelo Empresário e Escritor Salvador Marques, para o Teatro do Rato, onde fez o “Fagulha”, do drama Maria da Fonte e o “Gaivota”, do drama marítimo Mar e Guerra. Adelina Abranches foi uma das maiores figuras da cena, glória do teatro português. Representou em todos os teatros de Lisboa, Porto, Províncias e Ilhas, percorrendo com várias “tournées” a maioria dos Estados do Brasil.

As principais peças que interpretou são as seguintes: Botão de Âncora, Palhaço, D. Leonor de Bragança, Actor, Varina, Mistérios de Lisboa, Missionários, Oração dos Náufragos, Mulher que Deita Cartas, Maria da Fonte, Mar e Guerra, A Pérola, Revista de 1878, Dama das Camélias, Rosa Engeitada, Cruz de Esmola, Ressurreição, Aventuras de Richelieu, Gaiato de Lisboa, Avarento, Os Velhos, A Mãe, Bela Aventura, Vida Alegre, Duas Órfãs, Severa, Amor de Perdição, Afonso de Albuquerque, Marido Ideal, O Avô, Amores do Diabo, Auto da Maria Parda, Maternidade, Uma Anedota, A Bisbilhoteira, Domador de Sogras, Beijos por Lágrimas, Margarida do Monte, Zefa, Promessa, D. Formiga, Diabo Azul, A Garota, Madalena Arrependida, Rosas de Portugal, Cruz de Clarinha, O Fandango, Mártir de Calvário, Fausto e Margarida, Dor que Mata, Miquette o a Mamã, Seja Feita à Sua Vontade, Tia Carolina, José João, A Velha, Um Negócio da China, Ele, Prisão Celular, A Morte, Esta Máscara, A Dama Branca, Nun’Álvares, O Grande Amor, Bodas de Prata, A Alegria de Viver, A Migalha, O Caminho do Sol, O Condenado, As Feras, A Prosa, Missa Nova, As Vindimas, O Lodo, Justiça, Fascinação, D. Sebastião, O Gato Bravo, Fogo Sagrado, Os 3 Anabaptistas, Comédia da Vida, A Menina do Chocolate, As Doidivanas, Auto da Barca do Inferno, Não me Conheces?, O Convertido,  Os 4 Caminhos, Num Rupo, Orestes, A Mulher e os Fantoches, Acabou-se o Amor, etc.

No cinema entrou nos filmes: Lisboa, Crónica Anedótica, (de Leitão de Barros, 1930), Maria do Mar, (de Leitão de Barros, 1930) e Rosa do Adro (de Chianca de Garcia, 1938). Foi casada com o Empresário Luiz Ruas e era mãe dos artistas Aura Abranches e Alfredo Ruas. Era condecorada com a Ordem de Sant’Iago da Espada.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Costa de Caparica), Barreiro (Freguesia do Lavradio), Lisboa (Freguesia de Benfica, Edutal de 10-11-1966, ex-Rua D da Quinta do Charquinho), Odivelas (Freguesia da Ramada), Seixal (Freguesia de Fernão Ferro).

Fonte: “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 01, Pág. 100)

Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres, de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 2 e 3”

Fonte: “Quem É Quem – Portugueses Célebres”, (Coordenação de Leonel Oliveira, Círculo de Leitores, Lisboa, 2008, Pág. 008 e 009).

Fonte: “Dicionário do Cinema Português 1895-1961” (de Jorge Leitão Ramos, Editorial Caminho, 1ª Edição, Outubro de 2012, Pág. 17, 18, 19, 20 e 21)

 

 

Alfredo Ruas, Actor e Autor Teatral, natural de Lisboa, nasceu a 20-12-1892 e faleceu em 1966. Era filho da Actriz Adelina Abranches e do Empresário Luís Ruas, e irmão da Actriz Aura Abranches.

Em 1909 estreou-se na peça A Feiticeira, de Victoriem Sardou, no antigo Teatro do Príncipe Real. Dois anos após à sua estreia realizou uma tournée às Ilhas e ao Brasil, com Leopoldo Fróis e Paquito Calvo, interpretando os galãs cómicos das operetas austríacas, nesse tempo de grande atracção pública. Pode-se dizer que actuou em quase todos os teatros portugueses.

De colaboração com Álvaro Leal escreveu a farsa em 3 actos O Cabo verde, e com Feliciano Santos, a farsa em 3 Actos O Campo de Aviação, traduziu do francês as seguintes peças: L’enfant de l’amor, de Henri Bataille; La Gamine, de Pierre Weber e Henri de Gosse; Pour Vivre Heureux, de Ives de Mirande; L’Amor defendu, de Romain Coolus;On Purge Bebé e Maria Colibri, de Georges Feydeau.

Actuou também como Actor de cinema nos filmes Amor de Perdição, no mudo, em 1921 e depois sonorizado em 1943; Documentário de Lisboa, em 1930, de Leitão de Barros; Trevo de 4 Folhas, em 1936; Feitiço do Império, em 1940; Chaimite, em 1952, etc.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Odivelas (Freguesia da Ramada).

Fonte. “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 26, Pág. 330)

 

 

 

Aura AbranchesAURA ABRANCHES Ruas Grijó, Actriz, natural de Lisboa, onde sempre viveu, nasceu a 09-05-1896 e faleceu a 22-03-1962. Era filha da Actriz Adelina Abranches e do empresário teatral Luís Ruas.

Actriz e escritora, estreou-se aos 12 anos, no Teatro Dona Maria II, na comédia “Zefa”. Como escritora dramática publicou algumas peças, de características ingénuas e românticas. Entre elas “Comédia da Vida”, em colaboração com Branca de Gonta Colaço e “Quantas Vezes a Mãe Canta”, com Alice Ogando. Morreu, enquanto trabalhava, no Teatro Dona Maria II.

Outras obras: Aquele Olhar, (1924); Três Cães a Um Osso, (1929); Cinema, (1937); Duas Vezes Somos Crianças, (comédias em 3 actos); Avó e Neta; Surpresa; Santa Teresinha; Uma Visita Inesperada; e Eva e o Fantoche, (em colaboração com Alice Ogando, comédia em 1 acto).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Cascais (Freguesia São Domingos de Rana), Lisboa (Freguesia de Benfica, Edital de 31-01-1978), de Odivelas (Freguesia da Ramada), do Seixal (Freguesia de Fernão Ferro).

Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. III, Publicações Europa América)

Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres, de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 3”

Fonte: “Quem É Quem – Portugueses Célebres”, (Coordenação de Leonel Oliveira, Círculo de Leitores, Lisboa, 2008, Pág. 008).

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