“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Santa Cruz da Graciosa”

 

câmara municipal de santa cruz da graciosaMANUEL GREGÓRIO JÚNIOR, Médico, natural da localidade de Fenais, Freguesia de São Mateus (Santa Cruz da Graciosa, Ilha da Graciosa – Açores), nasceu a 12-04-1902 e faleceu a 15-07-1986. Estudou nos Liceus de Ponta Delgada e da Horta, tendo prosseguido os estudos em Coimbra onde fez o Curso de Medicina, contudo é em Lisboa, em 1929, que acaba a Licenciatura.

Foi um dos últimos Médicos açorianos à moda antiga e o seu nome ficou ligado à Ilha da Graciosa, sua terra natal.

Médico e Cirurgião, Licenciado em Lisboa em 1929, fez o exame de Medicina Sanitária em 1931, ficando aprovado com treze valores, como o atesta um documento datado e assinado pelo Instituto de Higiene Dr. Ricardo Jorge.

Convidado a exercer o cargo de Assistente na Faculdade de Medicina de Lisboa, declinou o convite, impelido pela vontade de regressar e dar o seu contributo na terra que o viu nascer.

Em Coimbra integra o Orfeão, tendo sido Chefe de Naipe dos Barítonos e com 27 anos vai como Médico de bordo, em viagens para a Guiné como ajuda para custear os estudos. É colocado em Cuba (Alentejo), onde permanece durante um ano.

De regresso à Ilha, em 1931, foi designado interinamente para o lugar de Facultativo. Só em Dezembro de 1933 foi nomeado oficialmente Médico Municipal e Delegado de Saúde. Em 1951 candidatou-se a Inspector de Saúde.

Ele representou «a reminiscência dos velhos Médicos de província, aureolados de romantismo a servirem de inspiração a Júlio Dinis, chamados ao domicílio mal despontasse um pico de febre», realçava a revista Ilha Terceira, num artigo publicado em Agosto de 1986, pouco tempo depois da sua morte.

Limitando-se ao vencimento que auferia pelo desempenho nos cargos públicos, nunca cobrou pelas consultas, sendo adorado pelo povo, que nele reconhecia competência, nunca errava no diagnóstico, e um espírito de desapego pelo fausto, próprio de um filantropo.

Provas desta estima, segundo refere o periódico da Ilha, Diário Insular, são a recepção que lhe foi feita quando regressou de Ponta Delgada, onde permaneceu algum tempo para receber tratamento, e por altura do seu septuagésimo aniversário, em que completou cerca de quarenta anos de actividade clínica.

A essa contribuição na terra, além de Médico, alargou-se a outros domínios. Homem de espírito lúcido e aberto, com uma acesa curiosidade sobre a dimensão humana, nas suas virtudes e defeitos, foi um entusiasta da arte de representar, tendo sido um dinamizador do Teatro na Ilha. Promoveu a criação de grupos cénicos nas Sociedades Recreativas, para as quais deu também o seu contributo como gestor. As peças de teatro, a par do incentivo cultural, eram a principal fonte de receita para o desenvolvimento das Associações da terra.

Em 1972, quando fez setenta anos, reformou-se dos seus cargos públicos, continuando a ser o Médico, conselheiro e amigo até ao fim da vida.

Agraciado com o grau da Ordem de Benemerência, foi homenageado em1978 com um busto, sendo o único Médico a ter essa honra na Ilha da Graciosa.

Da autoria de Raul Eiró e Manuel Machado Ávila (este último seu cunhado e amigo muito próximo), o monumento foi inaugurado com uma grande festa e colocado em frente ao Hospital, hoje Centro de Saúde. No oedestal estão inscritas as palavras »Ao Benemérito, Médico. Manuel Gregório. Homenagem do povo da Graciosa. 10-04-1978».

O seu nome faz parte da Toponímia de: Santa Cruz da Graciosa (Freguesias de Santa Cruz da Graciosa e de São Mateus – Rua Doutor Manuel Gregório Júnior).

Fonte: “Médicos Nossos Conhecidos, de Ana Barradas e Manuela Soares, Editor: Mendifar, 2001, Pág. 120”

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