“Quem Foi Quem na Toponímia do Município de Setúbal”
VICENTE JOSÉ DE CARVALHO, Médico Cirurgião, nasceu em Setúbal, a 22-11-1792, e faleceu no Porto, a 04-07-1851. Em Lisboa estudou Latim e Filosofia para seguir a carreira Eclesiástica, mais tarde, Aritmética, Álgebra e Geometria e a Arte de Pilotar, para fazer carreira na via marítima. Depois de um encontro com um amigo, estudante da Escola de Cirurgia do Hospital de S. José, em Lisboa, decidiu matricular-se na escola de Cirurgia de Lisboa, que frequentou entre 1807 e 1811.
Desde cedo revelou grande preferência pelo estudo da Anatomia, disciplina lecionada por Manuel José Teixeira durante a primeira metade do Século XIX e até 1883. Foi educado no modelo do ensino mútuo, instituído em Portugal pelo Professor Manuel Constâncio (1726-1817), e interessou-se também pelos estudos Botânicos.
Esforçado e trabalhador, foi Praticante das Enfermarias, em 1808, ainda Estudante e, depois, Porteiro das Aulas, de 1811 a 1814 e de 1816 a 1817.
Por motivos de saúde (hemoptises e adenites supuradas) teve de regressar a Setúbal, passando a dedicar-se à Medicina, nomeadamente à Clínica, e desempenhando os cargos de Cirurgião do Partido da Câmara e do Hospital da Misericórdia, em 1824, e de Delegado de Cirurgião-Mor do Reino, em 1825.
Com a fundação da Real Escola de Cirurgia no Porto, Vicente José de Carvalho foi nomeado Regente da 1ª Cadeira – Anatomia e Fisiologia, por Diploma de 08 de Outubro de 1825, pois já tinha uma consolidada reputação nesta especialidade. Sentindo dificuldades de adaptação ao clima da Cidade, tentou a sua transferência para a Real Escola de Cirurgia de Lisboa. Contudo, permaneceu no Porto
Em 1834, após a reabertura da Real Escola de Cirurgia, regeu por curto espaço de tempo a cadeira de Anatomia, da qual foi transferido, a seu pedido, para a cadeira de Operações.
Depois da reforma de 1836 foi provido definitivamente nessa cadeira e teve-a a seu cargo quando lecionou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto (assim foi renomeada a Real Escola de Cirurgia) até à data da sua morte, em 1851. Nesta Escola desempenhou também as funções de Director Interino (por Decreto de 14 de Julho de 1846 e Carta de Mercê de 02 de Agosto desse ano).
Enquanto Professor introduziu o sistema de ensino mútuo no Porto. Em 1825 fundou o museu de Anatomia anexo à Real Escola de Cirurgia, com Bernardo Joaquim Pinto (1795-1852), seu sucessor na cadeira de Anatomia, e inaugurou em Portugal as lições de Anatomia Topográfica durante a regência da cadeira Operações (1837-1838).
Inventou novas peças de Obstetrícia, como o esferóide armilar da cabeça do feto, a bacia obstétrica transparente e o colar obstétrico, descritos no Jornal das Ciências Médicas de Lisboa (peças oferecidas, juntamente com 10 quadros de Anatomia Topográfica, à Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa), e de Anatomia, como a Agulha Topográfica de Vicente J. de Carvalho. Determinou a construção de uma máquina para suspensão de cadáveres.
Entre outras obras escreveu: Observações do cadáver de uma mulher; Descrição de um novo instrumento moniliforme, chamado Colar Obstétrico; e Esferóide Armilar da Cabeça do Feto, em 1836. Proferiu, por duas vezes, a Oração Académica da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, nos dias 05 de Outubro de 1843 e de 1849.
Foi nomeado Cirurgião Honorário da Real Câmara em 1829; membro do conselho dos Hospitais Militares Reunidos e da Comissão do Melhoramento das Cadeias em 1832, e da Comissão Sanitária, em 1833. Foi esta Comissão que estudou a epidemia de cólera que grassou durante o Cerco do Porto (1832-1833) e valeu a Vicente José de Carvalho o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada.
Vicente José de Carvalho foi sócio correspondente e sócio honorário da Sociedade das Ciências médicas de Lisboa e membro do Conservatório Real da Arte Dramática e da Sociedade Literária Portuense.
O seu nome faz parte da Toponímia de: Porto (Freguesias de Miragaia e da Vitória – Rua Professor Vicente José de Carvalho); Setúbal (Rua Vicente José de Carvalho).
Fonte: “Quem É Quem”, (Portugueses Célebres, Círculo de Leitores, 2008, Pág. 134).
Fonte: “Universidade do Porto – Docentes e Estudantes da Escola Médico-Cirúrgica do Porto”
Ruas com história
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