Maria Isabel Aboim Inglês, faleceu, faz hoje 53 anos.

 

“Para memória presente e futura”

 

Para os que sabem o que foi o fascismo, mas já esqueceram, para os que não sabem, porque não querem saber e para os que não sabem, porque não o viveram.

Maria Isabel Aboim Inglês, é o retrato de uma lutadora contra o fascismo, como Maria Isabel existem muitas outras, que falarei em tempo oportuno.

 

Belém 0002MARIA ISABEL Hahenman Saavedra de ABOIM INGLÊS, Professora e Política, nasceu na Rua Nova do Loureiro, em Lisboa, a 07-01-1902, e faleceu na mesma cidade de Lisboa, a 07-03-1963. Era filha de João Saavedra e de Elisa Augusta Hahenman Saavedra. Com um pai de convicções profundamente republicanas e uma mãe de raízes fortemente católicas, Maria Isabel teme a liberdade de escolher a sua convicção religiosa e o seu caminho político.

Aos 14 anos de idade, abandona o catolicismo eprocura nos familares e amigos paternos bases cívicas e políticas.

Mãe de cinco filhos, peranta a doença terminal do marido, decide tirar um Curso na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa aos 36 anos de idade, de forma a garantir o sustento familiar.

Concluido o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas em 1938, funda em sua casa o Colégio Fernão de Magalhães, particular, tendo inicialmente apenas os seus cinco filhos e mais duas crianças como alunos.

Será na década de 1940 que a sua actividade política e cívica conhece um grande impulso.

Em 1941, após defender brilhantemente a sua tese de Licenciatura, é convidada pelo Professor Vieira de Almeida para o cargo de Assistente nas cadeiras de Filosofia Antiga e Psicologia.

É demitida em 1945 por razões políticas, quando se inicia uma sérir de perseguições tendo como alvo o seu Colégio e a sua vida familiar.

Em 1946, é presa pela primeira vez pela PIDE, devido à sua ligação com o MUD e sob a acusação de ser «um elemento comunista».

A partir deste momento, Maria Isabel dedica-se ao combate à ditadura e à defesa do papel das mulheres na vida política.

No MUD foi membro da Comissão Central, da Comissão das Mulheres e da Comissão de Solidariedade. Em 1948, o Governo proíbe o MUD, e Isabel Maria foi presa pela segunda vez, juntamente com outros membros da Comissão Central do MUD, sob a acusação de actividade e propaganda subsersivas. Nesse mesmo ano, a direcção da Faculdade de Letras impede-a a concorrer a um cargo de Assistente, com base num relatório fortemente negativo da polícia política.

Pouco depois, no seguimente da campanha de Norton de Matos, o Ministro da Educação Nacional encerra o Colégio Fernão de Magalhães e anula os Diplomas de Isabel Maria Aboim Inglês, impedindo-a assim de poder ensinar.

Abre então um Ateliê de costura, dá explicações e faz traduções para sustento da família.

Além do seu forte envolvimento na Comissão Central da candidatura de Norton de Matos, destaca-se o seu papel na Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminimo; na candidatura de Ruy Luís Gomes; na Comissão Centralda candidatura de Arlindo Vicente e na candidatura de Humberto Delgado.

Em 1952, é novamente presa, com toda a Comissão Central do Mivimento Nacional Democrático (MNI). No ano seguinte, é convidada a leccionar Filosofia numa Universidade brasileira, mas o regime nega-lhe a emissão do passaporte.

Em 1958, é novamente presa por desrespeito ao Tribunal Plenário, o tribunal político especial do regime. É impedida pelo Governo de se apresentar como candidata da Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional em 1961. Continuava politicamente activa quando, em 1963, morreu de embolia cerebral.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Sobreda); Lisboa (Freguesia de Santa Maria de Belém, Edital de 24-03-1975); Moita (Freguesia de Alhos Vedros).

Fonte: “ A Perseguição aos Professores”, (de Fernando Rosas e Cristina Sizifredo, Editado por Tinta da China, Edição de Setembro de 2013, Pág. 85, 86 e 87)

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